quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Padrinho

Há poucas horas, eu, que não sou fã de surpresas, fui surpreendido pelo uso do termo "Padrinho" pela Madrinha do meu filho, a Mónica, que, registo com felicidade, deu há luz, na passada 6ª Feira. O rebento, filho também do Nuno, claro, chama-se Miguel.
Fui vê-los, na expectativa de encontrá-los bem - esta gravidez, apesar da imensa luz e vontade que a rodeou, preocupava-me de maneira intensa mas sempre positiva, e estavam, estão todos muito bem.
Naqueles rápidos minutos, foi bom recordar aquele "tamanho minúsculo" que provoca receio em tocar, pelo menos a mim, foi bom reviver que passei "por aquilo" há quase um ano, foi especial verificar que há ainda mais Luz naquela família, da qual sempre me senti próximo.
Mas, deixem-me ir directamente para o assunto que aqui me traz - já que parece que, com este acontecimento, deixei de me saber exprimir com todas as letras. Como dizia há uns parágrafos atrás, fiquei extremamente surpreendido por ter sido convidado para Padrinho do Miguel, ao ponto de ter sentido um enorme peso de responsabilidade que, por outro lado, me deixou extremamente orgulhoso, honrado e mais uma série de adjectivos que não estou a encontrar.
Sim, é verdade, aquela Amiga que felizmente mantenho desde o tempo de "teenager", que, conjuntamente com o marido - reparem, aí vem o primeiro termo exacto do texto - "ousou" escolher-me para Padrinho do filho que tanto, tanto desejou(ram). É incrível! Porquê eu? Têm tanta gente à sua volta, tantos familiares...!
Neste momento, mais ciente do que aconteceu há umas horas atrás, embora ainda surpreendido, sinto que talvez compreenda as razões para esta delicada escolha. Provavelmente - e tinha que arranjar uma justificação para entender, foram as mesmas razões que me levaram a, com Carinho, Honra e Amizade - ainda antes do Ângelo nascer, a escolhê-la a Ela para Madrinha do meu filho.
Sim, eu sei que este texto está uma valente "borrada", mas, perdoem, também é assim que me sinto (risos), já que, além do Ângelo, passo a ter o orgulho de zelar por mais um Ser de Luz.
Estou Feliz, pelo Miguel, pelos Pais e pela Raquel, e, perdoem, estou Feliz inclusive por mim. Porque, se bem me conheço, e embora seja um Padrinho desnaturado para a minha sobrinha-afilhada Marta, com este meu recente aprender a ser Pai, farei toda a questão em tentar ser um Bom Padrinho. E, conhecendo-me bem, nunca tento em vão.
Francisco Moreira
terça-feira, 29 de setembro de 2009

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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

(Re)Toques

Nesta árdua "tarefa" de encontrar receitas para a Felicidade, se estivéssemos mais atentos, notaríamos que não faltam (simples) manuais de consulta ao virar de cada minuto da nossa atenção, a atenção para nós próprios, enquanto todo, enquanto cada um.
Temos tantos "condimentos" ao nosso dispor para dissipar aqueles cinzentismos que "fazem parte", temos tantas alternativas àquelas lágrimas que "fazem parte", temos tantas maneiras de remendar uma linha em desalinho... E, mesmo assim, somos uns parvos de uns incríveis "auto-egoístas" que acham que muito do que nos acontece depende de terceiros, ou de pormenores que não somos capazes de alcançar sem que, para isso, haja um esquadro e uma régua fornecidos pela "outra parte", seja ela de que contexto for.
Deixo aqui um pequeno exemplo daquilo que nos pode dar mais felicidade sem que para isso tenhamos que apostar na sorte ou noutro factor estranho.
Accionemos o toque, aquela sensibilidade apurada que está na ponta dos nossos dedos e à qual só damos devida atenção e valor em circunstâncias muito especiais: quando dói ou quando deixa de doer, e neste último caso durante os primeiros 3 segundos.
Acredito que se desviássemos a nossa atenção para a (mais) sensibilidade, seja à custa de um toque ou de uma palavra positiva, não só geraríamos um melhor-estar em nós como, certamente, seríamos mais felizes com a felicidade que, por consequência, daríamos a outros.
Não, não temos que nos andar a tocar e a apalpar uns aos outros, temos é que aprender a dar mais uso àquilo que, gratuitamente, faz parte de nós, enquanto todo, enquanto cada um.

A Paga de Sócrates

Os resultados eleitorais de hoje, caso ainda não se tenham apercebido, são mais importantes e determinantes do que imaginam, e os próximos anos, aparentemente, já estão decididos em termos "governativo-presidenciais". Por isso, e para que possam ficar com uma pequena ideia de qual será o rumo "pós-pré-Sócrates", deixo-vos em síntese as minhas projecções para o percurso que se avizinha, e a mais curto prazo do que possam pensar.
> PSD ganha eleições Autárquicas 2009 (Porto - Rui Rio / Lisboa - António Costa)
> Manuela Ferreira Leite cede o lugar a Pedro Passos Coelho
> PS forma governo sozinho e José Sócrates condiciona a sua governação à falta de apoio de Cavaco Silva e bloqueios da Oposição.
> PS lança Manuel Alegre como candidato da Esquerda à Presidência da República
> José Sócrates prova que é impossível Governar e Cavaco Silva convoca Eleições Legislativas antecipadas
> José Sócrates Ganha com maioria absoluta
> Pedro Passos Coelho é substituido por Rui Rio
> Luis Filipe Meneses avança para Câmara do Porto
> Cavaco Silva ganha Eleições Presidênciais mas tem que ir a segunda volta com Manuel Alegre
> Manuel Alegre, com o apoio de toda a esquerda e em função de um fraquejar, interno e externo, de Cavaco Silva, ganha as Eleições Presidênciais
> Rui Rio ganha as Eleições Legislativas com maioria relativa a António Costa (sucessor de José Sócrates)
> Luís Filipe Meneses ganha a Câmara do Porto com maioria absoluta
> Manuel Alegre vence segundo mandato como Presidente da República
> Rui Rio vence as Eleições Legislativas a José Seguro (sucessor de António Costa)
> José Sócrates candidata-de à Presidência da República e ganha na primeira volta ao candidato do PSD/PP.
Em resumo, José Sócrates veio para ficar... E sabe como. Por isso, não é de estranhar que o Cavaquismo, a partir de hoje, e em função da "interferência silenciosa" de Cavaco Silva, já esteja a ceder o lugar ao Socretismo.
(Tenho muita Sorte ao Amor, mas parece-me que podem apostar nestes palpites)
Francisco Moreira
domingo, 27 de setembro de 2009

Vitória aos Vencedores

Adoro estas noites eleitorais, principalmente as legislativas. Gosto do "circo" em que se movimentam... E, como "fait divers", divirto-me ao ouvir e ver os comentários dos partidos derrotados nas urnas. Não sei como, mas todos se declaram vencedores, mesmo catapultando para si louros que são dos outros, como aconteceu hoje, em que o PS, apesar dos vários "contras", conseguiu vencer folgada e expressivamente.

À hora em que aqui escrevo este comentário, o PSD ainda não "falou", mas parece-me que dirá aquilo que todos os outros têm dito: que ganharam com o facto do PS não ter ganho a maioria absoluta, ou seja, e por outras palavras, querem transmitir a falsidade de que "ganharam" porque o PS só teve mais votos do que eles mas, na verdade - sublinham, isso não vale para nada. Quem os ouvir, sem acesso aos números - e esses é que contam mesmo, quem ganhou foram o PSD, CDS, BE e, ainda mais espantoso - e sempre em vitórias, a CDU.

Será que sou eu que estou errado ao afirmar que quem Ganha é quem tem mais votos?

Bem, concordando em absoluto com a primeira análise o jornalista da SIC, Ricardo Costa, entendo que, generalizando, o PS perdeu a maioria porque alguns milhares de votantes ficaram decepcionados com o seu percurso e acharam que não deveriam votar nele nem noutro qualquer candidato e, por outro lado, os potenciais eleitores do PSD entenderam que Manuela Ferreira Leite não era suficientemente capaz para exercer o lugar a que se candidatou, mesmo tendo o Sócrates como "continuidade". Em resumo, acredito que a grande maioria dos Portugueses, inclusive os que não foram votar, pensaram que mais vale um Sócrates com erros e defeitos do que uma Manuela Ferreira Leite que em termos de alternativa, convenhamos, nunca conseguiu sê-lo, ou melhor, aparentar poder vir a sê-lo.

Não há dúvidas, quem ganhou as eleições foi o PS e Sócrates, e tudo o resto é conversa, sim, "conversa fiada".

Francisco Moreira

TU por TI

Gostarias ou permitirias que outros decidissem o TEU futuro por TI?
Oferecerias a quem não te conhece o poder de decidir o TEU dia-a-dia?
Aceitarias que outros governassem a TUA vida, em tua casa, no teu emprego, nas TUAS raízes?
Então, se não retirares uma pequena parcela deste TEU Domingo para Votar, será a prova de que, afinal, não valorizas assim tanto a TUA opinião, e muito menos a TUA decisão. E, bem ou mal, uma coisa é certa, se não votares, outros vão decidir por TI o que será feito com uma importante parte da TUA vida, digas o que disseres.
Francisco Moreira
sábado, 26 de setembro de 2009

O Futuro... e as suas (In) Conveniências

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Era sempre por volta desta hora, e Ela estava sempre acordada, até ao meu chegar, aquele chegar em paz para o qual Ela rezava todas as noites no "até já" da minha partida, para aquele trabalho extra, à noite, neste bar de onde acabei de chegar...
Era sempre por volta desta hora que Ela adormecia em paz, em paz por eu ter chegado bastantes horas depois, naquele embalar que duraria até à noite seguinte, naquele Seu sono de "até já", entre uma partida e outro regresso... Sempre ali, por mim, e comigo.
Já lá vão uns poucos anos, aqueles em que não Lhe permitia esquecer-se de me desejar "Boa Sorte", com aquele olhar "último" do muro da nossa casa, do nosso tecto...
Era sempre por volta desta hora que Ela se sentia Feliz por tudo ter corrido bem, por eu estar de regresso ao Seu ninho, àquelas poucas assoalhadas onde, aprendendo com Ela, me fiz gente, onde cresci e existi. Sempre conSigo, Mãe.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Voto Sócrates

Sim, ele cometeu vários erros. Sim, o desemprego aumentou. Sim, os impostos aumentaram e diminuíram. Sim, a fiscalização foi feroz. Sim, deu e retirou privilégios. Sim, ele soube inovar. Sim, ousou concretizar. Sim, fez mais e melhor do que os antecessores. Sim, foi diferente. Sim, ele Agiu.
E sem ir às coisas boas que ele fez - embora algumas a necessitarem de ajustes, faço questão de expressar o meu voto convicto em José Sócrates, não só mas também porque noto (nota-se!) que muitos votos serão "desperdiçados" na urna das importantes decisões, votos esses que, na minha perspectiva - enquanto Português que quer um Portugal melhor, poderão trazer amargos-de-boca àquela grande maioria que permitiu ao Sócrates Agir. Sim, uma boa parte dessa maioria do Agir, sem fazer verdadeiras contas à balança, optará pelo "Inagir" por "solidariedade" à maioria relativa, aquilo que já tanto sentimos na pele ao longo dos vários Governos que caíram nos repetitivos e tentadores "votos de confiança" de quem só sabe viver em campanha eleitoral, em eleições de frases feitas, em paragens inquinadas de 6 meses entre cada uma delas, das maiorias relativas.
O homem, o tal do Agir, até pode franzir o olho, mostrar a veia jugular, ter familiares hipoteticamente entalados em inúmeras irregularidades dignas de um noticiário de "6ª" exclusivamente anti-Sócrates "porque sim" (falta saber o porquê!), e "diabo a quatro". Mas, sejamos honestos: haverá presentemente alguém melhor do que Sócrates para ser líder de um Governo que Governe? Haverá alguém melhor do que Sócrates para Agir? Sim, refiro-me ao Agir, aquele verbo pouco político com "A", e não com "B" ou "C" de "conversa fiada". Sim, Agir, mesmo com danos colaterais - afinal, era impossível que assim não fosse. Agir com convicção, realismo, vontade, esperança, sem "tangas", sem utopias, sem défices escondidos na pasta de um ministro que se mandou "calar", sem verdades vazias e, pelos vistos, também sem escutas.
É, o Sócrates é "muito má pessoa", é um "muito mau político" e um "péssimo primeiro-ministro". Sim, é-o para quem se alimenta de cores das bandeiras ou de palavras "bonitas" e não de acções concretas, daquelas que ajudam muitos e afectam alguns. E, já agora, por falar em palavras, assumamos, Sócrates também é o melhor nas palavras, mesmo a desculpar-se das que disse erradamente. Basta vê-lo na Assembleia da República, onde sempre "esmagou" toda a concorrência, inclusive a que "falava à distância", sem sumo, sem ideias, com as "costas queimadas". E por falar em concorrência, aquela que nada fez de melhor, ou a outra que nunca fez nada além de ironizar ou "utopizar", não posso passar à frente sem fazer uma breve comparação de Sócrates a Durão e a Santana, isto para não me alongar muito no espaço temporal que, pelos vistos, gera tantos lapsos de memória, e não é de hoje. Em jeito de "picada", é caso para dizer que entre as "fugas" e as "festas" dos ex-primeiros, não houve tempo para Governar, mas houve sobras para desgovernar, e quem o disse foi o défice, aquele "bicho-papão" que, embora agora controlado, é trocado facilmente por um TGV que já teve outras cores, agora mais descoloridas. Pois, se calhar, e voltando à questão de quem deve ou não deve Governar Portugal, se formos mesmo honestos (inclusive no "cá dentro"), mesmo não gostando disto e daquilo no tal do Agir, temos que aceitar que esse tal Sócrates, afinal, Fez, sim, afinal, Agiu, não fugiu, nem nos deixou no pântano, mesmo gerando tantas ondas, algumas sem saber porque faziam parte dos rebanhos. Mas, afinal, não é para isso que se governa? Não é para Agir?!
Confesso que não pretendia vir para aqui tocar neste assunto, tão importante para os nossos dias, mais ainda porque sei que ele pode gerar naturais "fricções", mas não estaria de bem para comigo - com quem sou, se não dissesse nem escrevesse que, Domingo, o País pode cometer o erro de colocar no poder, e na minha humilde opinião, uma dupla-ex-péssima-ministra que - se ouvi bem, numa entrevista recente à TSF, deu a entender que, se há dois anos soubesse que poderia estar a lutar pela liderança de um governo, não se teria candidatado a líder do partido da oposição. Pois! Caso para acrescentar que; pelo menos o "mau homem" e "péssimo político", ou ainda melhor, o "mentiroso", também conhecido como Sócrates, Age, e Age mesmo.
Tenho ainda que confessar que, apesar de desejar que Sócrates consiga - para mim merecida - maioria absoluta, sou daqueles muitos que acham que o Bloco de Esquerda será o grande "vencedor" destas Legislativas, fundamentais Legislativas, e exclusivamente à custa daqueles votantes que acreditam piamente que ele já ganhou. Sim, falo daqueles que votaram Sócrates e que "jamais" (en Français) querem Ferreira Leite como líder do governo, inclusive os mais "alaranjados", aqueles que não deram a maioria ao "mau", "péssimo" e "mentiroso" mas que, em silêncio, preferem-no à "senhora daqueles cartazes" do antigamente, a mesma que não tirou o curso ao Domingo mas que se farta de dar erros de Português, sim, Português deste Portugal.
O problema - especulo eu, será se Sócrates perder por causa dos (pseudo) votos (in)úteis no Bloco de Esquerda ou no Partido Popular (aquele que esteve no governo anterior e que não fez o que agora diz querer fazer e do qual o líder se demitiu no dia em que Sócrates ganhou). Isto sem esquecer a abstenção, aquela tal "omnipresença" que diz que não vota porque não vale a pena e que se esquece de que, ao não votar, está precisamente a votar e a dar vitórias a quem não deseja, inclusive aqueles que fazem parte do "esses nunca".
E é por isso que, perdoem, assim ao jeito de uma espécie de versão Scolari - de quem temos saudades, embora muitos não o confessem, se Sócrates perder a maioria, como se adivinha, ficaremos silenciosamente chateados e "desgovernados" a ver os outros Países no "campeonato" do Agir enquanto nos entreteremos com debates do "Não" e do "Contra" na assembleia e nos jornais, já que, nesse caso, o voto "never" (English) passará do verbo "empatar". Se assim acontecer - por palpite errado ou voto por entregar, acredito que ficaremos mais 4 anos à espera para que ele, o "mau", o "prepotente", o "mentiroso", sim, o tal do Agir, também conhecido por Sócrates, regresse a pedido da maioria mais do que absoluta.
Infelizmente, tenho dúvidas em relação ao rumo dos resultados que entendo ser o melhor para Portugal, principalmente por não acreditar em "cartões amarelos" birrentos, mas não tenho dúvidas de quem merece o meu Voto, e esse primeiro-ministro, mais simpático ou menos feroz, chama-se José Sócrates. É que, mais do que um engenheiro ou de um poliglota, o nosso País precisa de um primeiro-ministro a sério e que Aja, e nisso ninguém lhe pode "esmiuçar o canudo".
Francisco Moreira

Escadas

A vida é um elevador, e contra isso poucos poderão argumentar. É, é o natural sobe e desce, desce e sobe, sem esquecer as paragens por acidente ou devoção, aquelas que tanto se ficam entre 2 andares como optam por adormecer-nos no rés-do-chão.
A vida é um elevador, muitas vezes panorâmico, outras tantas forrado a cimento armado em jeito de fim do túnel, sem a tal luz ao longe. É, é o natural ora chove, ora faz sol, assim ao sabor de uma espécie de montanha-russa, que teima em nos fazer aceitar as directrizes do percurso, seja ele de vitórias ou derrotas, mesmo quando somos nós quem (acha que) decide, como se fôssemos uma espécie de empate em início de jogo.
Não menos interessante, acreditemos, é o alpinar à sorte, o carregar no 3º na tentativa de calhar no melhor piso, ou o carregar no 8º na tentativa de chegar mais alto, mesmo sem bases para chegar ao céu dos sonhos. Afinal, não custa arriscar!
E é por estas subidas e descidas, ora íngremes, ora rectilíneas, que nos vamos movimentando ao jeito dos tempos, aqueles que não são feitos exclusivamente de brisas nem de tempestades, seja quem for que nos acompanhe neste cubículo que, vezes sem conta, nos vai dizendo para optarmos pelas escadas, degrau a degrau, não vá o elevador avariar.
terça-feira, 22 de setembro de 2009

Inodoro

Muito provavelmente, não haverá melhor definição do que a de uma flor - com imagem incluída e tudo - acerca do percurso da vida de cada um de nós.
E podemos começar pelo regar ou não regar, pelo adubar ou não adubar, pelo "ensolarar" ou não "ensolarar", pelo aparar ou não aparar, ou, em resumo, pelo brotar ou murchar.
Obviamente que, tal como as pessoas, poderemos ser rosas ou espinhos, cravos ou ervas daninhas, tudo depende das sementes, e do que o tal percurso nos faz "investir" num jardim ou num deserto.
E é neste constante plantar e "replantar" que podemos também avaliar o verdadeiro valor das nossas raízes, da forma como a sua presença nos segura - ou não - a esta terra de flores mil, a este despertar com mais ou menos sentido, também em função da beleza, tantas vezes aparente, outras tantas presente.
Com estas palavras, logicamente, somos impelidos a associar-nos imediatamente à flor que mais nos agrada, ou, dependendo do estado de espírito, àquela que melhor nos define neste momento, mas sempre com a certeza de que, tal como a própria flor, também temos os nossos dias, os nossos momentos, os nossos murchares, entre o pólen e o perfume, inclusive o inodoro.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Entretenimento

Muitos, mesmo muitos, são aqueles que concordam com quem afirma que a Vida é um jogo, seja ele de sorte e azar, ou de outra disciplina qualquer. Também concordo, também assino por baixo deste entretenimento constante, lotado de pequenas e grandes jogadas, de resultados incertos, sempre expectantes, nem sempre entusiasmantes.
É, a Vida, afinal, é mesmo um jogo, um tabuleiro nem sempre dourado mas apaixonante que nos reserva mil peripécias banhadas por mel e fel, numa constante deambulação de sentires.
E é assim que andamos, a jogar uns com os outros, nem sempre com inteligência, nem sempre com paciência, nem sempre a brincar. Afinal, a Vida, aparentemente, é um jogo mais sério do que imaginamos. E nós, meros peões, ainda não percebemos que, muito provavelmente, nunca alcançaremos a vitória pela qual lutamos a todo o instante, aquela vitória com assinatura própria, a nossa. Porquê? Simplesmente porque, sejam quais forem as jogadas - com recurso ou não à batota, acabaremos irremediavelmente por resultar no mesmo desfecho: a morte da Vida ou, se calhar, a Vida da morte.

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sábado, 19 de setembro de 2009

Calhamaço

Todos nos lembramos daquele slogan: "Ler mais é Saber mais", e do porquê de ele ter surgido, o porquê de ter sido, até aos dias que correm, tão citado. É que continuamos a ser dos países onde os livros mais ficam nas prateleiras, sejam nas dos hipermercados ou nas lá de casa, a um canto qualquer.
Quantos livros estão por ler em tua casa? De quantos títulos te recordas?
Obviamente que: ler mais é saber mais, quanto mais não seja por se aprender à custa das histórias e pensamentos de outros, nem que seja discordando... Mas, no meu ponto de vista, mais importante ainda é o facto de este "passatempo" nos levar a pensar, a repensar e, porventura sem repararmos, a tomar opções fundamentadas pelo sumo que o "nós" e o "outros" consegue espremer.
Mesmo assim, e depois de toda esta "lenga-lenga", tenho que confessar que continuo a ter preguiça em pegar em livros, melhor, tenho-me visto mais a escrevê-los do que a lê-los, aos dos outros. Bizarro, não?!
No entanto, o que me traz para este texto é a Blogosfera, esta coisa dos Blogues que, escritos ou lidos, são, no meu ponto de vista, o novo grande responsável por dar melhor e mais uso ao tal "Ler mais é Saber mais". Não é que, por estas e outras bandas, nos deparemos com obras literárias de enorme sapiência, nem tão pouco nos poderemos dar ao luxo de dizer que sabemos escrever, ou até ler, mas, convenhamos, graças aos Blogues, estamos a ficar mais cultos, inclusive no reaprender a escrever, mesmo com um erro aqui ou uma frase mal interpretada ali. E é isso que, neste momento, me apetece evidenciar, que graças aos Blogues dou comigo - um frustrado anti-leitura-de-livros, a ler e a escrever mais do que nunca.
Para terem uma ideia, compilei 525 (dos 2600 Post) opiniões (minhas) escritas ao longo de 2 anos e meio neste "Essências", com o objectivo de as reler e poder, por curiosidade, separar o "trigo" do "joio"... E, quando meti a impressão de tanto texto a caminho, fiquei com um calhamaço de páginas à minha frente, daqueles que quase não encontram argolas com tamanho para o armazenar. Pode não ser uma enciclopédia, mas que tem ar de livro com vários volumes, lá isso tem.
Não menos interessante é, ao olhar para trás, reparar que evoluí em termos de escrita, evoluí em termos de leitura, ou seja, aprendi mais, ao ler e ao escrever mais. Por isso, se, tal como eu, fizeres um rápido balanço ao que mudaste em ti em termos de escrita e pensamento, verificarás que, mesmo sem ler um livro, à custa desta geringonça dos Blogues, aprendeste mais, e sem imposição, julgo eu.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Azulejos

Nem todos apreciamos o amarelo, e ainda bem que assim é, é sinal que temos opinião, gosto, paladar, sentir... Mas, se pensarmos um pouco melhor, em termos de objectivos - ultrapassados que estão muitos dos sonhos não realizados, afinal, não somos assim tão diferentes. Com mais ou menos predicados, todos acabamos por desejar caminhos similares, embora com características e ramificações diferentes, porventura com mais ou menos apêndices.
É um pouco como os partidos, todos dizem querer o melhor para nós, independentemente da ideologia que seguem. É um pouco como os ricos e os pobres, todos querem um "pouco" mais, independentemente do que possam ter. E por aí fora...
É um facto que, apesar de passarmos grande parte do tempo a remar contra as marés provocadas pelos outros - acreditamos e dizemos, se calhar, nem reparamos que todos pretendemos chegar à mesma praia, seja ela de rio, de mar ou de "montanha".
Melhor ainda; se somos assim tão parecidos, pelo menos nos sonhos que criamos desde ou enquanto pequenos, por que é que passamos a vida toda a valorizar os pesadelos, aqueles azulejos com que vamos tapando os caminhos que, outrora, eram tão menos interesseiros?
Está visto que somos seres humanos, uma espécie de "troca-tintas" que não param de recorrer ao "olha para o que eu digo e não para o que eu faço".

Esmiuçar

É frequente parar-se naqueles instantes primordiais, com o objectivo de retomar caminhos, sejam eles mais à direita ou à esquerda.
É necessário optar em paz pelo voto certeiro, e apostar nas melhores potencialidades que o "livro das dúvidas" nos apresenta tantas vezes, embora em discursos nem sempre meticulosamente assimilados.
Nem sempre - e o sempre tem sempre muitos ângulos - é possível estar completamente certo, mas, nesses instantes, há também um retemperar de energias, um reajustar de agulhas, um novo semear, mesmo quando se trata de continuar a obra, a nossa obra, e sempre a pensar na colheita, claro, é para isso que por aqui caminhamos.
Paro com frequência, embora menos do que considero necessário, principalmente por ser um animal de impulsos. Mas acredito que, quando paro para repensar, estou a fazer-me melhor, ao meu hoje e ao meu amanhã. Pelo menos é essa a intenção! É nesses minutos que componho mais letras e melodias para a banda sonora do meu percurso, renovado percurso, e é nesses minutos que me realinho comigo e tento dar uso ao que a aprendizagem me foi dizendo, me foi perguntando.
Se todos parássemos mais instantes, se calhar, perderíamos menos tempo em caminhos alternativos, e, provavelmente, o nosso voto seria muito mais certeiro, independentemente da influência das ideologias dos outros, independentemente dos tropeções em que vamos caindo. Estou em crer que, com essas auto-avaliações e auto-projecções, seríamos (mais) a favor da nossa própria política, aquela que nem sempre é devidamente esmiuçada, sejam quais forem os cenários que nos queiram ou nos queiramos "vender".
quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Prisioneiros

As portas estão cada vez mais fechadas, e com recurso a cadeados sofisticados. Eu sei, são sinais dos tempos, dizem muitos, ou quase todos.
É uma pena que a sociedade opte pela defesa em detrimento do ataque. Refiro-me, logicamente, à defesa em termos de evitar "males-maiores" e, no que diz respeito ao ataque, quero destacá-lo pela positiva, aquele que deveria incentivar-nos a convergir numa atitude mais solidária, mais crente, menos encarcerada.
Sim, eu também sei que os noticiários já não são o que eram, e que as primeiras páginas dos jornais quase nos obrigam a fechar-mo-nos em casa, com gradeamentos e alarmes com tecnologia de ponta. Mas, e o resto, onde fica o resto?! Sim, aquele dar sem interesse, aquele abraçar com vontade, aquele conhecer outras gentes, aquele partilhar o dia-a-dia?! Sim, aquele existir em liberdade, inclusive a liberdade do proclamado e desejado "25 de Abril"!?
Há quem diga que o melhor é prender todos os maus de uma só vez para que os bons possam finalmente sair à rua... Mas, por outro lado, convenhamos que, independentemente do mal, se não nos libertarmos, nem que seja junto dos que nos são queridos ou dos que nos parecem mais "bons", poderemos acabar os nossos dias por não ver a "luz do dia", como se a vida tivesse que ser uma infindável noite, iluminada por uma vela demasiado discreta.
Até dá vontade de gritar: soltem-nos, a nós, tristes prisioneiros do medo.

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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Latão

Nenhuma fachada é eterna. Há sempre aquele instante em que a máscara cede, seja pela tentação de oxigénio puro ou, pura e simplesmente, por desleixo de ocasião. Mas as máscaras continuam, por aqui, por aí e por ali, umas menos impostas do que outras, embora sempre como arma de recurso - seja por protecção, ou como arma de arremesso - com o objectivo de avançar.
As máscaras fazem parte do dia-a-dia de todos nós, inclusive dos que garantem não as usarem, inclusive aqueles que, por ingenuidade, nem se apercebem do quanto a elas recorrem.
Contudo, nestes escritos, a minha atenção pretende desviar-se principalmente para os mascarados em vão, aqueles que se "pintam" com o mais dourado dourado, sem se aperceberem de que a pintura, afinal, tem um ou outro "risco" que permite, a olhos vistos, perceber que ali, "por baixo daquilo tudo", o metal que mais existe traduz-se num singelo e, por vezes, impuro latão.
domingo, 13 de setembro de 2009

Jogo Limpo

É bom, não é?! Claro que é! É como se tivéssemos ganho uma imensa fortuna que - percebemos - é distribuída pelos nossos inúmeros sentidos, daqueles que não dão para trocar por bens materiais, mas que nos preenchem como uma espécie de completamente.
É, e não é um jogo daqueles em que se treina e se consegue vaticinar o resultado final, apesar de também recrutar pontos na sorte, embora sem recurso a artimanhas ou outro tipo de batotice.
É bom, não é?! Pois, é o que (lhe) repito tantas vezes ao dia, assim ao jeito da exaustão, inclusive para não me abstrair dessa taluda, dessa vitória sem taça, mas celebrada espontâneamente com brindes constantes.
É que, sorte como esta só ganha quem vai a jogo pela vitória, e não quem se limita a ver os outros jogar, ou a jogar por jogar.

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sábado, 12 de setembro de 2009

Cruzadas

Há alturas em que, naturalmente e sem saber muito bem porquê, ficamos de braços-cruzados. A Vida tem destas "brancas", destas interrupções sem parar, deste parar sem entender que se pára. Mas, o principal problema é quando se juntam, no mesmo caminho, os braços-cruzados com as pernas-cruzadas. Quando assim acontece, há grandes provabilidades de se perder um pouco de nós, e isso pode ser problemático, determinante, asfixiante. Por isso, cabe ao próprio não se deixar enfeitiçar pelas ausências e fazer tudo para desatar esses nós do "marcar-passo".
sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Ângelo de Almeida Moreira

* Composição gráfica de Paulo Oliveira.

Entretenimento a Sério

Já lá vão uns anos, e eu também vi em directo pela televisão aquele 2º avião... E fiquei ali preso ao televisor, horas a fio, a ver o colapso da segurança do mais seguro País do mundo. Se estava a ser assim com eles, imaginei como seria ainda mais fácil connosco.
Ao Bin Laden - consta-se, ainda não apanharam, tal como àqueles supostos fazedores de guerras à procura de fortunas que, dizem muitos, arranjaram esta maneira de catapultar a economia Norte-Americana à custa de um terrorista que conseguiu transformar-se em herói para uma grande parte do outro lado do mundo.
As guerras continuam, a economia vai sobrevivendo, embora com graves fissuras, e aos culpados ninguém entregou a factura, talvez por ainda nenhum tribunal independente ter conseguido encontrá-los, aos verdadeiros ou aos supostos.
Afinal, quem é que derrubou as torres? Quem gerou a guerra? Quem é que nos mantém reféns do medo?
É que hoje, tal como naquele dia, ao ligar a televisão, podemos assistir em directo ao início de mais guerras essencialmente económicas e com pressupostos terroristas que, se calhar, não passam de manobras de diversão para nos "entreter", independentemente dos "necessários" danos colaterais.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Quotas

Há quem diga que o mundo é pequeno, e é-o muitas, inúmeras vezes.
Recordo-me por exemplo de, há uns valentes anos, o ter dito no aeroporto do Rio de Janeiro, quando me cruzei com um colega e escola. Ele partia e eu chegava.
No entanto, o que mais me faz sentir que este mundo é gigante é, por exemplo, eu não saber 5% dos nomes daqueles que, neste preciso momento, dormem ou fazem outras coisas neste prédio onde habito há já 4 anos.
É incrível como, nos anos que correm, trocamos os nomes das pessoas pelo "- Bom dia!", "- Boa tarde!", "-Boa noite!" ou, e porque não é menos usual, "-Está tudo bem?". Mas, está tudo bem o quê? Eu não sei nada sobre os outros! Eles não sabem nada sobre mim!
Pois, mas é neste tipo de proximidade que vivemos, sem fazer um qualquer esforço para aproximar ou conhecer este nosso mundo, o das portas, janelas, elevadores e corredores.
Por acaso, já repararam que as pessoas identificam-se com as cidades onde vivem, ou melhor - e para que se entenda onde quero chegar, já repararam que as pessoas dizem que são "daqui ou dali" como se estivessem a falar de serem de uma espécie de "Clube Recreativo"? Sim, se se pensar bem, é verdade. Passamos o tempo a dizer de onde somos, quando, na realidade, só o somos, não o vivemos, pelos menos enquanto comunidade, enquanto conjunto, naquele "pedir sal emprestado".
Com tudo isto, sou da opinião de que deveríamos pagar quotas, mesmo não dando uso aos "deveres" de "associados" e ficando pelos "direitos", ou seja, viver no "Clube Recreativo" do qual quase só conhecemos o nome.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Irrelevante

Irrelevante é um daqueles termos que usamos inúmeras vezes, mesmo sem repararmos na quantidade de oportunidades em que lhe atribuímos o papel de muleta enquanto resposta. É como se servisse de ponte para uma qualquer afirmação, uma espécie de ponto final com sabor a reticências, já que, convenhamos, não é um finito finito, pode ter continuações, embora, e aparentemente, mais ou menos irrelevantes do que o objectivo que lhe queiramos atribuir. Mas o que há, afinal, de relevante no irrelevante? Bem, pode dizer-se que há o lado do emissor e o lado do receptor, e que estes lados é que definem se tal é ou não irrelevante, como é óbvio. Mas, se assim é, porque é que continuamos a usar o "irrelevante"? Não deveria ser irrelevante usá-lo? Porque é que não nos limitamos a retirar dos nossos discursos, inclusive dos mais irrelevantes?
Pois, dá que pensar, ou talvez não mereça o recurso à maça cinzenta. E é por isso é que textos como estes continuam a ser irrelevantes, embora teimemos em escrevê-los e publicá-los. Enfim, irrelevante.

...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Pena

É complicado quando se navega a todo o vapor para uma determinada meta e, com mais ou menos repente, se acaba por ter que soltar aquele "fôlego quente" e deixá-lo sair apressadamente por uma "fuga" qualquer, daquelas que jamais se desejou ou imaginou.
As regras do jogo, no perder hoje e ganhar amanhã, a isso obrigam, é a lei natural das coisas. É assim, não há muito a fazer! Quando tem que ser, "tem muita força", aquela que nos espeta um estalo na cara, dos que doem para sempre.
Obviamente que há maneiras diferentes de largar o que se agarrou com "unhas e dentes" e as "cobras e lagartos" que tivemos que ignorar e/ou ultrapassar para "lá chegar", ali ao concretizar do sonho, aquele objectivo que "valia por quase tudo". Mas, no final, na parte da despedida, há sempre uma particularidade que se solidariza com todos os desfechos, seja em que área for. Refiro-me à pena, aquela palavra maldita que, afinal, todos vemos como uma "coitada", uma espécie de acidente de percurso que não merece luta, e que deixamos desfazer-se numa espécie de areia movediça.
É uma pena perder-se aquilo porque tanto se esgrimiu, inclusive ao "pentelho" - como se dizia, e bem, no antigamente. É uma pena ceder o lugar a quem, mesmo desconhecendo, sabemos que jamais conseguirá empenhar-se como nós, construir como nós, ser "aquilo" como nós fomos.
É, é uma pena, mas como em todos os ciclos, quando eles não se interligam, é preciso fechar uma porta para se abrir uma janela, aquela que, por outro lado, nos permitirá receber novo oxigénio, mesmo sem se saber para onde ir ou que "vento" acompanhar. É que há ciclos que se fecham sem que outros se abram, embora haja sempre a esperança, aquela que também pode transformar-se numa pena.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Prato do Dia

Não há nenhum percurso, pelo menos do lado de cá da Vida, que seja imaculadamente "doce" nem insuportavelmente amargo. Cada "prato", bem ou mal servido, é uma espécie de "Prato do Dia" onde, como na tropa, resta-nos "comer e avançar", na expectativa de que o "Cozinheiro" tenha um paladar idêntico ao nosso.

Cada caminho - inclusive o mais dourado - é um destino, cada pessoa - inclusive a mais afortunada - é uma impressão digital, cada decisão - inclusive a mais imóvel - é uma resolução. E é por isso que, por muito que nos queixemos dos azedumes e nos revoltemos com a bandeira da injustiça, não deixaremos nunca de viver nesta montanha-russa. E, por mais "parceiros" que façam a viagem ao nosso lado ou connosco, não há nem haverá uma única viagem exactamente igual, nem tão pouco um indivíduo que possa afirmar que sentiu, aprendeu, percorreu ou viu o mesmo que nós.

Assim sendo, o que melhor nos resta - apesar de esquecermos facilmente o que a seguir escrevo e que todos acreditamos e dizemos vezes sem conta, é encarar o dia-a-dia como sendo único, o único onde nos é dada a oportunidade de retirar dele o mais e melhor que conseguirmos, independentemente da quantidade de açúcar que nos calhe.

Da mesma forma que não há Vidas completamente "doces", também não há caminhos completamente "amargos". É tudo uma questão de se tentar dosear melhor os "ingredientes" que nos são servidos, mesmo sabendo que teremos que comer a partir de um "Menu" que não foi escolhido por nós, mas sim pelo tal "Cozinheiro" que, tal como cada um, também tem os seus dias.

Francisco Moreira

domingo, 6 de setembro de 2009

- Vamos a isto!

Eis que chegou a altura de regressar...
sábado, 5 de setembro de 2009

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Um mês sem Si?
O que é um mês sem Si?
Ou melhor; o que foi este mês sem Si?
Pouco mais posso dizer de que é bem diferente daquele espaço de tempo entre o Seu "Até já!" e o meu regresso de umas quaisquer férias. Muitas vezes acredito que nos iremos ver amanhã, com "arroz de frango" e tudo...
E por falar em férias - e estas foram tão diferentes, nunca me esqueço daquele Seu "Vai com cuidado!" dito de lágrima no canto do olho, naquele Seu receio que tentei sempre secar com os meus telefonemas diários, inclusive naquelas vezes em que estava do outro lado do mundo.
E mesmo consigo diariamente nos almoços que me sabiam "pela vida", o telefone nunca deixou de ser um dos mais próximos aliados. Lembra-se que era para Si que eu telefonava mal saía da Rádio?! E ai de Si que não atendesse! O meu coração acelerava e não descansava sem ouvir a Sua voz, naqueles "Fui deitar o lixo à rua"...
Um mês sem Si, ainda não sei bem o que é, ainda não quis, talvez, sentir esse peso, essa âncora que, vejo, me prenderá para sempre a este nosso desequilibrado lado, a este continuar mais "descalço".
E é verdade, descobri que a Saudade não evapora com aquela rapidez que tanto se julga, nem há dia em que as Suas fotografias deixem de aparecer em grande plano. Vá lá, ao menos consigo vê-la a sorrir, sempre a sorrir...!
Este é um lado vazio, assim para o "mais pequeno", uma espécie de quadro sem por-do-sol, um vazo sem ninguém para o cuidar, um aperto cá dentro que me faz questionar tantas coisas...
Sim, estou bem! Para aqui, sem Si, mas com muita vontade de continuar, também à custa dos outros, dos meus e daqueles que continuam por cá, por "aqui".
Não sei se sabe Mãe, mas isto perdeu muita da graça, inclusive naquele número do telefone lá de casa. Não sei o que fazer com ele. Apago-o da minha lista? O único que sempre soube de cor, mesmo com aqueles novos números que se foram acrescentando ao longo das décadas, o 1, e depois o 22...
É Mãe, um dos principais problemas deste primeiro mês sem Si tem sido esse, o de não ter um único digito que me permita telefonar-lhe, nem que fosse só para perguntar se está tudo bem, se o Prince comeu, ou para combinarmos a mesma hora de sempre no ir buscá-la ao Continente.
E sabe que mais Mãe, é curioso isto dos telefonemas. É que, mesmo com a Sua linha cortada ao fim de 30 e muitos anos, o meu telefone, esse, continua ligado ininterruptamente, à espera de Si.
Francisco Moreira

...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Saber ou não Saber

As nossas acções, pequenas ou gigantes, deveriam ser precedidas por uma espécie de "Dejá Vue" que nos permitisse corrigir eventuais erros de "casting". E daí, não. Dessa forma, uma grande maioria das acções deixariam de acontecer ou passariam a ser demasiado plásticas, demasiado desvalorizadas, muitas das quais passariam mesmo ao solúvel sem atingir os propósitos. Claro que, com o prévio conhecimento dos resultados, teríamos muito melhores "saldos" e não cairíamos facilmente nos erros indesejados, os chamados "acidentes de percurso", o "falar demais", o "fónix"... Mas, por outro lado, o efeito já não teria o peso do arriscar, nem o sabor seria tão autêntico ou, pior ainda, quem levaria a sério as nossas intenções?
Sim, é difícil decidir se o tal "Dejá Vue" seria ou não uma mais valia interessante, mesmo que determinante, por mais importante que pudesse ser enquanto escudo contra as nossas falhas. Há no entanto que assumir que, muito do prazer da vida, está exactamente no desconhecer, no ver "o que acontece" depois do "isto e aquilo".
Mas, afinal, em que é que ficamos?! Que prato merece mais crédito nesta balança?!
O objectivo não é encontrar resposta; é apenas, e só apenas, fazer-nos pensar melhor antes de agir, algo que, tantas vezes, nos pouparia a dissabores que no "depois" já não conseguimos rectificar. Mas, já agora, e para os crentes como eu, há sempre um pormenor que vai fazendo muita diferença. Dá-se pelo pomposo nome de instinto. Mas, como em tudo o que não é exacto, inclusive o "Deja Vue"pelo qual todos já passamos, o problema persiste e persistirá pela simples razão de não termos sempre as antenas ligadas para a frequência com que o instinto nos alerta. E é precisamente aqui que - sejamos honestos - optaríamos sempre por uma única posição, o "saber" ou "não saber", dependendo da importância que déssemos ao que estava em disputa neste jogo do "não sei se quero saber".
Francisco Moreira

Pontes

Não há nada melhor do que ter pontes, sejam elas mais antigas ou mais recentes, mais a norte ou mais a sul, o importante é ter pontes, daquelas firmes, em ferro maciço ou em pedra que não se desgasta.
Cada vez mais dou importância às pontes, aquelas que se fortificam em cada travessia, seja ela mais dolorosa ou sorridente, mas daquelas pontes que não o deixam de ser, mesmo que o nunca, à custa do também natural afastar das margens, permita que elas continuem ali, onde sempre as encontramos, nos vários fascículos da vida.
Podemos baptizá-las de amigos, parceiros ou de outra forma qualquer, mas, as verdadeiras pontes, acima de tudo, são os alicerces de que cada um de nós necessita para fazer das travessias um percurso melhor, mais acompanhado e equilibrado.
Já vi pontes ruírem por muito pouco, e outras a erguerem-se do quase nada, mas nunca vi ninguém conseguir caminhar sobre a "água" sem uma ponte partilhada.
Francisco Moreira

Pião

Não há véu que esconda as perdas
Nem um tudo que afaste a solidão
Mas há sinais estampados em labaredas
E provam que há mais do que o não

Eu sei que o adeus é muito exigente
Mas o sempre não é um actor eterno
É que no passado há muito presente
Seja qual for a dor ou a cor do inferno

Nem todas as fotografias são perdidas
Mesmo com respostas cronometradas
Acredito que há luz em todas as saídas
E muito mais sonhos do que estaladas

Há quem julgue que o tempo tudo decide
E que a saudade não encontra o fim
Mas há vento que nos cria e agride
Mesmo quando só fala de e para mim

Francisco Moreira
quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Tão Bom!

Sabe tão bem chegar a casa, à nossa casa, aquela que parece pedir para que carreguemos um pouco mais no acelerador de maneira a encurtarmos rapidamente o que nos distancia do seu reencontro.
É tão bom chegar a casa, à nossa casa, e ver que a nossa Luz tem mais dentes a despontar e que, apesar dos seus 10 meses de caminho, fica feliz por nos reconhecer, e tem vontade de nos pedir colo.
Sabe tão bem chegar a casa, à nossa casa, aquela onde tudo está no sítio, no nosso sítio, e com tudo aquilo que jamais esquecemos de cada vez que nos ausentamos, por mais curta que seja a distância.
É tão bom chegar a casa, à nossa casa, aquele quadro que continuamos a construir com afectos e que, em resposta ao nosso reencontro, nos parece querer dizer com um enorme sorriso: só faltavam vocês, a família.

Francisco Moreira

Remar

Cheguei a terra. A ver vamos se reencontro o meu mar, aquele que deixei por aqui e por ali, num puzzle de emoções, ora cinzentas, ora de reinício, mas sempre sentidas, principalmente nos pormenores do instante da observação.
Para já - e dizem que isso é o mais importante, cá estou, e com vontade de cá estar, como sempre.
Já sei que nem tudo nem todos somos ou seremos iguais, mas acredito que a Vida também ensina a remar, e estou certo de que encontrarei os remos que me permitirão velejar com mais convicção do que muitas marés.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Dª Ana

É uma pena quando, ainda de luto, temos que encarar de frente com uma nova e difícil selecção de "imagens", bem diferentes daquelas que, aqui, onde ainda estou, usei como "postais" numa espécie de "re-ancorar" para tentar "mudar de ares", nem que fosse por instantes, assim "ao longe".
É triste mas, daqui a algumas horas, entro num novo "filme", o qual poderá, infelizmente, ser baptizado de "Das férias para o funeral". Irónico, não?! Sim, é verdade, o luto continua e, aparentemente, não me dá tréguas, desta feita numa viagem que me levará de Espanha para os lados de Baião.
E ainda há cerca de 10 dias riamos juntos, ali no meio da família, com as suas histórias, as de uma vida cheia de vida que, neste entretanto, decidiu "derrotar" mais um coração, desta vez o da Dª Ana.
Francisco Moreira
terça-feira, 1 de setembro de 2009

E Tempo?

Nós, surreais-escravos-do-relógio-por-opção, se um dia parássemos para avaliar honestamente a nossa qualidade de vida, ficaríamos frustrados com a espantosa e inqualificável falta de tempo que nos sobraria. Confuso? Talvez não.
Reparem, passamos o tempo a dizer, a sentir e a achar que não temos tempo, chegando mesmo a acrescentar-lhe o termo "nenhum". E mesmo sabendo que, se quisermos, podemos ter mais tempo ou aproveitar muito melhor o tempo que dizemos ocupado, não conseguimos sair deste relógio viciado em contra-relógio que numa determinada "hora" nos auto-oferecemos para nos sentirmos gente, e para o quase "resto da vida". Mais, optamos convincentemente por relógios que, basta querermos, conseguem trabalhar sempre, seja à custa da luz solar ou da luz lunar, o que importa é ver os ponteiros a andar, e de preferência no sentido correcto, aquele que nos faça sentir mais "úteis".
Aceito que, em determinadas alturas, até nos chamamos à barra da razão, que até fazemos um esforço por interpretar o tempo com mais "condimentos" e com menos pressas, mas isso é sempre "sol de pouca dura", basta aparecer um ou outro "incentivo" ou pretexto para que passemos, num ápice, ao " - Tenho que fazer!" ou ao " - Vou ali e venho já!", isto para não recorrer ao tradicional " - Estou sem tempo!". Na verdade, até parece que desejamos que algo aconteça - e depressa, por menos importante que possa ser, para que não nos sintamos perdidos, sem nada para fazer ou "tal e coisa". É que, para quem se anda sempre a queixar da falta de tempo, não há nada pior do que ter tempo... livre.
Mas o pior - e deveríamos chicotear-nos para sentir na pele - é mesmo o nosso comportamento naquelas conversas entre "vários", onde somos dos primeiros a afirmar que, no futuro próximo, teremos que encarar os dias com mais cores e com atitudes menos "minutadas". Pois, é verdade. Só é pena sermos quase sempre "só conversa", aquela que vai de férias ao tal primeiro "incentivo".
Ah, quanto ao "quase", aquele do "quase sempre", ele só resiste neste texto para fazer referência aquela cada vez mais gritante percentagem de "nós" que se vê obrigado a "parar" porque a saúde já não lhe permite "andar", coisa que, automaticamente, nos levará a pensar na pena que teremos em não ter tempo para desfrutar do tempo, naquela outra altura em que o relógio avariar de vez.
Francisco Moreira
(reparem bem nos pormenores da imagem, clicando em cima dela para a ampliarem)

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