sexta-feira, 30 de novembro de 2012

“Primária 1”


Desconheço se algum de vós sentirá o mesmo que eu, de cada vez que passa à porta daquela que foi a primeira escola, a primeira sala de aulas, o primeiro recreio… A minha primeira escola, a escola primária do Maninho, Madalena, Vila Nova de Gaia, hoje, já que tem um exemplar dos “modernos” por trás, transformou-se num infantário, palavra que, na minha altura, eu imaginava identificar espaços para bebés que não tinham pais. 

É, hoje, como sabemos,
 quando se vai para escola, não se vai para a primária, vai-se para a pré-primária, quando o destino não é para a pré-pré-pré-pré-primária, ou algo ainda mais “precoce”. 

Estava eu em pleno 1976, numa manhã fria de Setembro, sem a tal canção do Espadinha, imagino, e, de mão na mão da minha mãe, envergonhado, com pasta às costas (não havia mochilas, presumo), lá fui pé ante pé, sem pressa, pelo contrário. E no epicentro daquela pasta, se bem me lembro, sem nenhuma imagem de desenho animado nela decalcada, mas com cores, lá estava o que lá tinha colocado umas vésperas antes desse dia longo: estojo dos lápis, afia, caneta, régua, cola e marcadores de feltro, um livro da escola (acho que já o levava), uma sebenta, 1 caderno (poderia ser preciso) e dois pães com marmelada, além de um mar de perguntas sem resposta. 

Não conhecia ninguém.

O que poderia ou não poderia fazer? Ou melhor, o que se faz num primeiro dia de aulas? 

O que se faz num espaço que (ainda) não nos diz nada além do receio?

Como ultrapassar aquele tempo gigante que, na voz dos pais, traduzia-se e repetia-se no tal do: “passa rápido.”?

É, lá fui "deixado", como todos, ao portão da escola. (não quis passar por criança - já tinha 6 anos!, e pedi à minha mãe que fosse embora, mas ela, como muitas, não foi, ficou a espreitar, como se eu não a conseguisse ver… tão bem)

“ – Que azar. Não conheço ninguém!”

Onde sentar?

Será que a professora dá reguadas?

E lá chegou a hora, a hora de entrar na sala, um pequeno pavilhão de madeira (quase a estrear). E lá chegou a hora de entrar na primeira sala, sentar-me na primeira secretária (para dois, e ainda com aquelas antiguidades dos buracos para pôr tinteiros – frascos com tinta, entenda-se)…

Como seria a professora? Uma velhota rabugenta, certamente!

Começou logo mal. Calhou-me um professor. É que, daquilo que ouvia dizer nos paralelos da minha rua, os professores eram bem piores do que as professoras.

“ – Que azar. Quero ir embora!”

• Continua… AMANHÃ.

Kiko
terça-feira, 27 de novembro de 2012

“Fisgas”


Sou do tempo das fisgas, daquelas que eram feitas à mão, mesmo que contando com a ajuda (importantíssima) de alguém mais crescido, para poder ser considerada uma verdadeira fisga: uma arma “poderosíssima”, para aqueles tempos pós-caçadinhas. 

Sim, refiro-me às fisgas feitas com ramos de árvore em “V” (ou mais ou menos), das com um elástico (o mais forte possível) e um pedaço de couro (retirado a um qualquer lado), por onde passava o elástico.

E dep
ois de feita a “arma”, os olhos viravam-se instantaneamente para o chão da rua, na procura das pedrinhas que serviriam de “balas”. (as melhores, convenhamos, eram as que se traziam da praia, por serem mais pesadas, mais arredondadas e, principalmente, por conseguirem chegar mais longe)

Claro que se tentava – e muito! - acertar em pássaros, nem que para isso se ficasse “horas” à espera que eles pousassem numa árvore próxima do nosso portentoso “poder de fogo”, ou melhor, o das nossas fisgas. 

- Viste, viste?!

- Vi o quê?!

- Viste?! Acertei-lhe em cheio. Pena é que o raio do pássaro tenha fugido! 

Pois. “Sonhava-se” com esses acertar de “arma em punho” mas, na verdade, não me lembro de alguma vez ter tido acesso a um pássaro-defunto, pelo menos defunto por ter levado uma “fisgadela”, minha ou de um dos “soldados” que me acompanhavam “armados” e a “armarem-se” por esses pinhais de Gais. Mas entretínhamo-nos pensar nos resultados, mesmo que ilusórios. (um dia haveríamos de levar pássaros para o jantar, ou pombas, das selvagens, porque dava prisão, dizia-se) 

Estou para aqui a tentar imaginar um brinquedo dos dias de hoje que se assemelhe à fisga daqueles anos 70, mas, para ser sincero, o único que me ocorre, aparentemente, é um grande disparate – meu, claro!, porque “não tem nada a ver”. Ou seja, não necessita de pedaços de árvore, nem de elástico e muito menos de um retalho de couro.

A que brinquedo me estou a referir em termos de comparação com a fisga?

Para ser sincero, estou a referir-me ao “Facebook”, este brinquedo que, em vez de pássaros, (também) é usado para tentar fisgar “rolas” e “rolos”, independentemente da idade das “crianças” que com ele brincam. (risos)

Kiko
quinta-feira, 22 de novembro de 2012

“O meu Super-Herói”



Na infância, lá entre os 6 e os 8 anos de idade, talvez, todos, julgo eu, tivemos um herói preferido, um daqueles seres que “vestíamos” com a mente, mesmo quando a “farda” nem nos “Bazar Paris” chegavam aos calcanhares da versão original, a dos próprios e “autênticos” super-heróis. E eu não fui excepção. Eu também sonhei e imaginei vir a ser um super-herói daqueles “xpto”. E sonhei muito mais vezes em ser super-herói do que ser bombeiro, p
iloto de Fórmula 1 ou não “fazer nenhum”, lá para a outra altura do ser-se grande. 

Eventualmente, ou melhor, completamente influenciado pelas imagens televisivas do Canal 1, a preto e branco, estou em crer, lá via, semana sim, semana sim, o (meu) herói, sonhando “in loco” e à posteriori, claro, em ter todos aqueles poderes, mais tarde ou mais cedo, por obra e graça de uma espécie de Aladino qualquer. 

- E que poderes eram esses?

Trepar arranha-céus a velocidade de cruzeiro e sem ter que recorrer a escadas. É, numa época em que, julgo, só existiam arranha-céus na televisão, já que, pelo menos pelas minhas “bandas”, os prédios, em média, não passavam dos 6 ou 7 pisos, conseguir saltar de um 7º andar para um Rés-do-Chão, convenhamos, já seria brilhante, principalmente se se caísse em pé e sem partir nenhum osso.

- E quem era esse super-herói?

Não era o Super-Homem. Embora o apreciasse, como todos, naquela altura. Era, como documenta a imagem, está claro, o Homem-Aranha. Aquele homem sobrenatural e natural, ao mesmo tempo, que, destemido e com um fato impecável, resolvia os problemas mais bicudos da sua cidade. O bom dos bons que tratava do pêlo aos maus.

É, no mundo do sonho, e “lá por mim”, mais ano, menos ano, se o Aladino permitisse, também eu acabaria por ter um daqueles fatos especiais e um cuspidor de teias especiais nos pulsos, para, do alto da freguesia da Madalena, conquistar o grande Porto. É, confesso, naquela altura, aos 6 ou 8 anos de idade, já seria um feito de outro mundo, principalmente para um miúdo que, ironicamente, nunca quis ter grande proximidade com as aranhas. (risos)

E vocês, que fato imaginaram envergar? Não me digam que têm vergonha de o assumir, ao fa(c)to?! (risos)

Kiko
quarta-feira, 21 de novembro de 2012

“Bobi”


O meu primeiro cão, o Bobi, era aquele animal que se pode considerar de normal. Isto, claro, naquela altura, década de 70, em que os cães, normalmente, eram todos rafeiros, ou, como costumo dizer - a brincar, não tinham “marca”. 

Mas o Bobi, apesar de pequeno, e algo velho (não me lembro como surgiu na minha vida), era um cão inteligente e com a mania de que tinha estilo, sem o ter, ao ponto de, na minha Rua da Pitada, não muito frequentada por automó
veis, adorar estatelar-se bem no meio da estreita artéria, como "se não houvesse amanhã". Os eventuais e raros veículos, se por acaso quisessem passar, que fizessem manobras, já que raramente o meu cão saía do seu descanso real. 

Mas o Bobi, famoso na pequena rua sem saída, principalmente por aparecer muitas vezes com marcas da guerra – de cada vez que se aventurava para lá da “sua” rua, não era animal de se deixar abater, por mais mordedelas que outros cães, mais fortes – imagino, lhe infligissem. Mais, acho mesmo que todas aquelas batalhas devem ter sido travadas em nome do amor, já que, quando ele aparecia ferido, geralmente, isso era o resultado do seu “desaparecer” por dois ou três dias, eventualmente por gostar de dar as suas “escapadelas em casota alheia", isto apesar de ser “solteiro, já que, lá na rua, pelo menos, não tinha namorada, nem tão pouco candidata a tal posto, já que não existiam cadelas, se bem me lembro. 

Mas o mais curioso, entre outras peripécias de uma relação fiel – claro! – para com o seu círculo social, destaco a mania que ele tinha em ir buscar a um pinhal próximo os sacos do lixo que uma vizinha atirava para lá. Sim, o Bobi deixava-a fazer uns 200 metros com os sacos do lixo e, depois, como “quem não quer a coisa”, sem que ela se apercebesse, ia buscá-los, e colocava-os à sua porta, à dela.

É, o Bibi, apesar de bem rafeiro, era, já naquela altura, dado às questões ambientais. Ao trazer os sacos do lixo de vizinha, eventualmente, estaria a transmitir-nos que, mais década, menos década, apareceriam os “lixões”.

Kiko

• Infelizmente, o Bobi morreu de cancro, mas teve uma vida feliz, uma vida de “Pasha”, como se dizia naquela altura.
sábado, 17 de novembro de 2012

“Zippo”


Não me lembro bem da primeira vez que tive um isqueiro “Zippo”, mas sei que foi “amor à primeira vista”, e um “amor” que ficou até aos dias de hoje. E esta relação teve início a partir da década de 90, nos primeiros anos, se não me falha a memória. 

E há que, desde já, estabelecer que, ainda hoje, com a evolução do piratear, há uma gigante diferença entre os “Zippo” e os isqueiros que tentam retirar algum do seu glamour, ou se se preferir, algum do s
eu imenso lucro, em todo o mundo. Os “Zippo” são os melhores isqueiros de sempre. E os outros, por muito que tentem, não lhe chegam aos calcanhares, nem por sombras, ou melhor, nem por decalque. 

Os “Zippo”, para quem os tem, teve ou venha a ter, estabelece quase que automaticamente uma relação próxima entre as partes. Na verdade, os “Zippo” quase que “enfeitiçam” os seus donos, passando a ter com eles uma proximidade tal, ao ponto de se sentir a sua falta, algo que (ainda bem!) faz com que não os percamos com a normalidade com que, por exemplo, se perde um “Bic”. Quem usa ou usou carteira num dos bolsos traseiros das calças, em termos de comparação, sentia a sua falta - quando faltava, principalmente quando saía de um local qualquer, como que num “checar” automático. Quem dá valor a estes isqueiros, sente algo parecido, relativizando, claro, as devidas importâncias. 

Dos vários “Zippo” que tive, recordo especialmente um que me foi oferecido por uma responsável de editora discográfica, a “Warner Brothers”, um isqueiro que me acompanhou até não ter reparação possível, ou seja, durou uns bons anos, ao ponto de ter coleccionado inúmeras das minhas histórias. (não há tempo para as contar nesta página – risos)

Depois deste “Zippo”, recebi um “irmão gémeo” dele, oferecido pela mesma pessoa, a qual sabia o carinho que eu nutria por aquele exemplar. Sim, deu-me o dela. Não durou tanto, já que me foi surripiado, numa noite qualquer. Enfim!

Até hoje, voltei a ter mais uma série de “Zippo’s” – tenho dois aqui à minha frente, fora de acção, ironicamente, mas nunca um outro isqueiro atingiu o nível de “proximidade” que aquele (me) conquistou. O que, registo, não invalida que não lhes dê valor, a todos os exemplares desta marca. Dou-o. E dou-o com todas as 7 estrelas.

Há isqueiros que dão lume e isqueiros que, muito além do lume, iluminam. Está aqui a grande diferença.

Kiko

* Se não estou em erro, a imagem que adiciono é a que representa fielmente o primeiro "Zippo" que tive.

“Estalinhos”


Era a caminho da escola secundária que, na altura do Carnaval, lá para os meus 11 anos de idade, 1981, que era hábito parar-se numa mercearia/tasco, perto da GNR de Valadares, para se comprar a maior quantidade possível de “estalinhos”. 

E o que faziam os “estalinhos”?

Faziam o que o nome sugere: estalinhos, ou seja, estalos com menos decibéis do que um estalo. (risos)


Os “estalinhos” tinham o poder de, pelo menos naqueles dias, alterarem o som da nossa rotina escolar, conseguindo, quando bem-sucedidas as estratégias, assustar (ao de leve) uma ou outra menina, principalmente aquelas a quem não tínhamos coragem de dirigir a palavra. É, pode entender-se que esta “arma de arremesso” servia, ironicamente, para se tentar dar nas vistas junto daquelas que não reparavam em nós.

E resultados disso?

Nenhum. Se se exceptuar o olhar de soslaio que, na maior parte das vezes, recebíamos como bónus.

Penso que ainda há “estalinhos”, uma espécie de pólvora envolta num papel fino, às cores, que, a troco de algumas moedas, serviam de entretenimento-mor.

Sei que o Carnaval ainda está longe, mas aqui fica um “estalinho” de recordação. E vale por isso, por ser algo discreto e inofensivo. (sorrisos)

Kiko
terça-feira, 13 de novembro de 2012

“Tijolo”



Hoje, de cada vez que ouço um “tijolo ambulante” – vulgo carro com vidros abertos e com “pum-pum” ou “pim-pim” nas alturas, lá olho, claro, e, mentalmente, reprovo aquele “dar nas vistas”. 

Mas, pensando melhor, uns segundos depois, e colocando a mão na consciência, lá desvalorizo a questão (desde que o som tenha ido) e recordo os tempos, meados da década de 80, em que eu e mais uns amigos fazíamos quase o mesmo, ou pior.

Era nas “férias grandes” q
ue sabia especialmente bem comprar 8 pilhas das grandes, colocá-las no gravador gigante (e pesado) que um de nós tinha e - ala que se faz tarde! – toca a embarcar no autocarro “57” com destino à praia da Madalena. 

O autocarro apinhado, mesmo sem nos apercebermos, imagino, deve ter reclamado e insultado-nos (telepaticamente) durante os cerca de 15 minutos de viagem, já que, entre Iron Maiden e Samantha Fox, convenhamos, não deve ser nada interessante de ouvir uma selecção musical tão, tão aprimorada, principalmente quando nem sempre as cassetes tinham o som mais afinado, por causa dos “corta e cose” a que gravar os "discos pedidos" obrigava, para fugir à voz dos locutores. 

Chegados à praia, ou seja, já de toalha estendida e estrategicamente estacionada o mais perto possível do maior número de “solteiras” à vista, lá chegava a vez de trocar de cassete para se conseguir uma selecção musical mais "romântico-apelativa", ao ponto de (por minha iniciativa) tocar, voltar a tocar, e voltar a tocar mais uma série de vezes, o “Sailing” e “I don’t want to talk about it”, nas versões ao vivo, e excelentes, de Rod Stewart. 

Qual era o objectivo? 

Bem, ainda hoje estou para (me e nos) entender. 

Será que estaríamos à espera que alguma “garina” nos convidasse para dançar slow em pleno areal?

Penso que não. Ou melhor, sei que não.

Será que o que queríamos era que “toda” a praia reparasse em nós?

Tenho quase a certeza que sim. Ou, definitivamente, sim.

Enfim, coisas de putos armados em “estilhosos”, e barulhentos, já agora.

Kiko

• Um dos problemas, além do preço das pilhas (das grandes), que duravam pouco, era ter que carregar com o “tijolo”, principalmente naqueles percursos em que não havia “público” para nos dar "músculo". (risos)
sábado, 10 de novembro de 2012

“Marcadores”



Ainda hoje, mais de três décadas depois, continuo a não poder entrar numa papelaria sem reparar nos conjuntos de marcadores que as prateleiras – sabendo-o e abusando da minha pessoa - exibem. 

Confesso que, de cada vez que recebia ou comprava um daqueles conjuntos de marcadores “Molin” com 12 exemplares, cada um da sua cor, os meus olhos brilhavam. Ficava fascinado ao usar um e outro, seguidos de outro e mais outro, e mais outro, e voltar aos me
smos…

É um facto que, dos 12 marcadores, uns (des)gastavam-se mais depressa do que os seus vizinhos de embalagem, pelo uso, claro. E isso, logicamente, servia sempre de pretexto para tentar conseguir novas remessas… E, já agora, registe-se que, naqueles anos 70 e 80, não existia a tamanha quantidade de papelarias (ou espaços com papelaria) que temos à nossa mercê nos dias que correm, caso contrário, lá se ia o porta-moedas que também servia para os “kalkitos”, “bombocas” e “cromos”… 

Isto dos marcadores, além das cores em si e do cheiro muito particular, geravam um outro vício, o que roer as suas tampas brancas. Nem mais! E roía-as tanto que, como se imagina, acabavam por deixar de poder exercer a sua inestimável função: impedir que a tinta desses tais marcadores se evaporasse mais rapidamente e, por conseguinte, aumentar o período que distanciava a vinda de uma nova colecção de mais 12 daquelas canetas fantásticas, as às cores.

E por falar em muitas cores, mesmo muitas cores, seguiu-se uma outra altura em que, quase que por milagre, surgiram no mercado embalagens com 24 canetas de filtro e, se não estou em erro, também embalagens com 36 unidades. Cores essas que, na verdade, já dificilmente se distinguiam umas das outras, mas alimentavam ainda mais e melhor o tal “vício”, nem que fosse para colorir coisa nenhuma, já que, assumo, eu e os desenhos não tínhamos “belas” relações, por minha causa, claro. 

- Quem é que continua a não resistir aos marcadores, aos da “Molin”?

Eu não, pelo menos mentalmente, já que, na prática, nem os vejo, ou melhor, nem os tenho. (sorrisos)

Kiko

“Ingulês”


Isto de, na maior parte das vezes, não se prestar grande atenção às aulas que tentavam ensinar-nos outros idiomas reflectiu-se em algumas das figurinhas que fizemos na nossa “teenagerísse”, em termos de expressão oral pública, mas “abafada”. (este é um termo importante, já entenderão) 

Eu, como muitos, armado em diferente, embora, eventualmente, influenciado por amigos vindos de “Paris de França” em todos os Agostos, quando me calhou a vez de escol
her que língua pretendia aprender no pós-primária, escolhi o Francês. 

Refiro desde já que, no preparatório e secundário, se não estou em erro, tive uns 5 ou 6 anos de Francês, e, além do significado de pescoço (todos sabem como se diz, certo?!), pouco mais soube dizer em voz alta. (vá, estou a exagerar, sabia mais um pouco.)

Recordo-me de um professor que, no ciclo, chegou a dizer a um colega de turma duas frases que guardo até aos dias de hoje, 30 anos depois:

- Vous parlez français comme une vache espagnole. (sim, fui ao Google Translater) (foi-lhe dita no 1º período)

- Rapaz, passei na secretaria e fiquei a saber de que, para o ano, também haverá a disciplina de Francês. Ou seja, podes repeti-la. (foi-lhe dita no 2º período)

Vá lá que estas frases marcantes não foram dirigidas à minha pessoa, mas que me serviram tal como a tampa de uma caneta “Bic Fina”, lá isso, serviram. 

Na verdade, o que me traz para este mundo dos idiomas em período escolar, o tal, recordo, do preparatório e do secundário, tem a ver com o “bem” que, por exemplo, nas discotecas, com a música nas alturas, cantávamos o Inglês. 

Éramos dignos de ultrapassar um qualquer instituto de idiomas em quaisquer 30 segundos de refrão, desde que, claro, o som não baixasse radicalmente, ou melhor, que o somo continuasse a “abafar” o nosso “sotaque”. 

Querem perceber com um exemplo prático? 

LETRA ORIGINAL: 
Too shy shy 
Hush hush, eye to eye 

LETRA CANTADA: 
Tu xai
Oxe, oxe, ar e o ai

Ai, estes pontapés na gramática! Vá lá que, no meu caso, em grande parte, eram dados na gramática dos outros, nas dos camones, ramones, ou lá como se chamavam!... (risos)

Kiko
terça-feira, 6 de novembro de 2012

“Dominó”


Lá para meados da década de 80, à falta de melhor entretenimento, dei comigo na sede local de um partido (vá, nada de fazer perguntas! – risos), à semana, noite sim, noite sim, a jogar e a organizar torneios de dominó, ao ponto de ainda ter algumas das medalhas que venci, quer em versão a solo, quer em versão a pares. 

E que pena nunca termos entrado em torneios contra jogadores externos! (sorrisos)

Eu era, destacadamente, o mais novo elemento a ba
ter com as pedras brancas e pretas na mesa, gerando aquele som alto e inconfundível. Eu era, e orgulhava-me disso, o mais novo a deslindar e a aplicar as artimanhas que se aprendiam naquela colecção de horas e mais horas, uns com os outros. 

Aqueles momentos, vistos a esta distância, mais de 25 anos, eram realmente divertidos, principalmente quando, para tornar a "coisa mais séria", se jogava à “geladinha”, a SuperBock (paga por quem perdia) que acompanhava e aquecia aquelas tantas horas numa sala de convívio muito especial, uma sala que, hoje, infelizmente, já está encerrada. (onde estarão aqueles dominós que cresceram comigo?) 

Os dominós, em si, eram dos bons, comprados lá para os lados daquela rua Portuense (esquece-me o nome) onde apareceu a famosa (por causa dos preços baixos e das "novidades" electrónicas) primeira “Rádio Popular”. E, já agora, os jogadores também eram do melhor, com uma média de 50 anos de idade. E eram do melhor, inclusive quando se exaltavam e entravam em discussões sem fim, as tais que, passadas umas horas, diluíam-se no até ao dia seguinte, já que todos faziam falta, não só para os torneios, mas principalmente para o entreter das noites, ali ao pé de casa.

Bons tempos, aqueles, os dos dobles de emoção.

Kiko

* A foto é de ontem, retirada num jantar de amigos, onde, por ironia, ao vê-la, à imagem, recordei esses tempos de dominó, damas e sueca.
sábado, 3 de novembro de 2012

“Nesquik”


Depois de meados da década de 70 fiz um amigo especial, um coelho, que não Passos, - embora este também seja desse “nosso tempo”, que tinha o hobby de chamar por mim amiúdas vezes. Refiro-me ao coelho que dava “cara” ao chocolate em pó “Nesquik”. Nem mais!

Sendo eu, ainda hoje, “alérgico” ao leite (exceptuando o achocolatado da “Agros”), convenci a minha mãe de que poderia substituir o enjoativo leite por água, para ter o pretexto de ela comprar la
tas do maravilhoso pó castanho (nada de confundir com outras substâncias! – risos) que abrilhantava os meus pequenos-almoços e lanches da altura.

Com o decorrer do tempo, claro que o número de latas de “Nesquik” foi aumentando apressadamente, já que a água, na prática, quase não chegava a relacionar-se com o tal pó, pois, em vez de colocar uma colher de sopa daquela delícia numa caneca, optava continuamente por colocar várias colheres de sopa daquela maravilha directamente na minha boca. Era mais fácil, e o efeito era mais eficaz, pensava.

É. Assumo que tive uma relação demasiado próxima com o pó, mas com este pó, apenas. (risos) 

Contudo, como se imagina, esta relação nem sempre se limitou ao prazer, já que, depois dos excessos, convenhamos, há sempre a “paga”, ou se preferirem, a “ressaca”. E foram mesmo muitas as vezes em que o abuso da substância “Nesquik” acabou literalmente por me levar para a casa de banho, isto sem esquecer as dores de barriga servidas como extra.

- Tens que beber menos “Nesquik”! – dizia a minha mãe.

Pois! Mas na verdade ela estava errada. Eu tinha era que passar a beber o “Nesquik” e deixar de o comer às colheres, ainda por cima umas atrás das outras. 

Kiko

“Cruzinhas”


No meu 8º ano do ensino secundário, em 1983/84, na escola de Valadares, foi com espanto que, depois de umas semanas sem professor (para nosso contentamento), lá recebemos a indicação de que já haveria alguém (para nosso descontentamento) para nos apresentar uma disciplina para a qual só uma pequeníssima percentagem de alunos achava que serviria para alguma coisa: biologia. (a ignorância, enquanto teenagers inconscientes, faz com que tenhamos este 
tipo de “saberes")


Pois bem. Lá fomos todos para a porta da sala que o horário indicava para ver em primeira mão quem e como seria a “ave rara” que nos iria suportar (o termo foi exemplarmente escolhido, dadas as qualidades da turma em questão). E, quando tal, numa espécie de visão do além ou do aquém, para espanto de todos, inclusive dos funcionários da escola, eis que aparece um ser humano magrinho, de óculos redondinhos apoiados no nariz… envergando um fato-macaco.
Sim, o professor de biologia envergava um fato-macaco, e dos azuis, ou seja, dos mais típicos. 

Obviamente que se gerou uma catadupa de opiniões sob a forma de murmúrio, destacando-se a seguinte pergunta-afirmação:

- Quem é este? Passou-se?!

Mas as surpresas não ficaram por aqui. Além de vestir de maneira peculiar, para professor, sublinhe-se, fazia-se conduzir numa motorizada “Famel Zundap” e, para gáudio de todos, na tal aula de apresentação, disse-nos algo do género: 

- Comigo, os testes são de escolha múltipla. (o que, traduzido, significava testes em que as respostas eram dadas através de cruzinhas) 

Uau! Ficamos todos felizes, mesmo felizes, principalmente os que copiavam pior, pois viram a luz da sapiência a 40 centímetros de distância, ou seja, a 40 centímetros do colega do lado. Isto, claro, sem esquecer que os que não copiavam, como era o meu caso, com esta fórmula fantástica, tinham a hipótese de ter hipóteses. Seria uma questão de fezada, sem esquecer que, sendo testes de cruzinhas, seriam feitos em menos de “um fósforo”. 

E a fezada comprovou-se. Não uma, não duas, mas em todos os testes que este professor de biologia nos apresentou. Ou seja, cerca de 80% dos alunos tiraram negativa. O que, convenhamos, demonstrou que o professor é que poderia vestir o tal fato, mas nós é que, em termos de primatologia, estávamos mais próximos do (ser) macaco.

Kiko

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