sexta-feira, 7 de setembro de 2012

ASAS


ASAS 

Há sempre uma pitada de sal que tem a mania de destoar no preciso momento em que o champanhe dança entre o cristal dos desejos e a muleta dos sonhos, como se o delírio tivesse poder para ser ponte nas contas do calendário. 
E há quem
 lhe chame coincidência, destino, vontade... ou outro palavrão qualquer.
É, há sempre um carril de dúvida que, mesmo na bigorna dos ponteiros, faz questão de teimar em borratar o saber, seja sob a forma de "estou em crer" ou num "depois vemos", porque assim - julga-se. - é suposto ser, é suposto aprender. 
E há quem se embriague com a cegueira de um hipotético nascer do sol, por mais que ele se negue a repetições, por mais longe que possa estar a "prova dos nove" ou a candeia da razão.
Há sempre um desafino em cada chilrear, por mais asas que tenha o tempo, por mais tardio que chegue o grito do alerta, por mais que nos convençamos de que, mais do que o ontem não se repetir, o amanhã, aconteça o que acontecer, jamais compensará as perdas do hoje.
É, as palavras também se mascaram de areia movediça, e daquela que, dependendo da qualidade do champanhe, pode transformar castelos em pesadelos com hora marcada para despertar, tijolo a tijolo, gota a gota.

Francisco Moreira
segunda-feira, 3 de setembro de 2012

RUÍDO


RUÍDO

O silêncio tem o dom de irritar, principalmente quando se aproveita das não-respostas para sortear bandeiras pelo leito das suposições.
E é sempre do alto daquele seu chicotear invisível em que se arvora de sábio esclarecido e esclarecedor que mais dá nas vistas, quando, na verdade, ao primeiro grito, acobarda-se e deixa o ruído fazer toda a diferença, para melhor... ou nem tanto.
- Quem vier, que apanhe as canas!
O silêncio tem aquele mistério que atrai e trai, dependendo das luas e de quem o ouve e o traduz à luz do vazio com que alguns se arriscam a catalogar reticências.
E tantas, tantas são as vezes em que o silêncio se intromete na sala do hibernar só para brincar aos sinais e fazer dos cobertores eventuais pedaços de um jornal de hoje a caminho do embrulho de amanhã.
Mas o silêncio também é verdade e (com)sequência, aqui e ali, naquelas outras alturas em que prefere vestir-se de fórmula imperfeita para dizer muito sem sublinhar uma única palavra.
- Em que ficamos?
Em silêncio.

Francisco Moreira

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