sábado, 31 de março de 2012

“Mata-Ratos”


Isto de se querer ser homem demasiado cedo pode fazer mal à saúde. E pior do que isso é perceber-se mais tarde que o “Aladino” pode ser ficção mas os desejos não.

Naquela idade da parvoíce, para aí aos 12 anos, o usar da lâmina na cara e no peito (não usei noutros lados, que me lembre!), engrossar a voz ao falar em público (“publicozinho”) e fumar transformou-se numa meta de vida. 

É, há alturas em que achamos que já somos adultos, estando a décadas de o ser, e que, por isso, há que estabelecer desejos e fazer por conquistá-los o mais rapidamente possível, por mais ridículos e despropositados que o possam ser. 

Esquecendo a parte “pelosa” e “rouca” e concentro-me do “fumar”, há que registar que o hábito de fazê-lo (às escondidas dos adultos mas à vista dos da minha idade) demorou a concretizar-se. Começava-se sempre pelo fumar “à sapo” (sem travar) e só alguns treinos depois é que se "perdia a virgindade" nesse avançar para o futuro.

Foram vários os “treinos” (impulsionados por mim e por outros) que terminaram com tosse e lágrimas, dada a dificuldade (e receio, talvez) em conseguir provar(-me) que já era grande o suficiente para abandonar de vez os cigarros de chocolate “Porto” e passar para o lado dos “fixes”, para o lado dos “adultos”. 

E lá consegui. (Uau!) Lembro-me de que, na altura do primeiro "travanço", fiquei com uma tremenda “moca”, já que o póster da Samantha Fox que tinha colado ao tecto do quarto ganhou vida, movimentando-se em círculos. E a “moca” voltou a repetir-se, tal como os “entalanços” e as lágrimas. 

Já mestre na “cena” de fumar, de cada vez que não havia dinheiro para o “Português Suave” (maço amarelo, novo, na altura), lancei-me nos “Kentucky”, embora nunca os tenha comprado na versão avulso, como tantos o faziam a troco de tostões. Acho que o termo “mata-ratos” me afectava, além de detestar ficar com “palha” na boca”, por não terem filtro.

E lá andava eu e muitos mais (eram poucas as raparigas que fumavam) nos pinhais e nas traseiras dos pavilhões do secundário... Fumar ficava bem. Não fumar ficava mal, principalmente em termos de “maturidade social”. E, além disso, não haviam essas “parvoíces” de mensagens que dizem que o “cigarro mata e afecta a qualidade do esperma” - entre outras coisas, e muito menos a proibição de se fumar onde se quisesse. O que nos proibia de fumar, na realidade, era o receio de se ser apanhado pelos pais e candidatarmo-nos a levar um par de “chapadas” em público, seguido de um “ – Já para casa!”. Isso sim, isso é que nos proibia de fumar mais, com “lata”.

Na falta de “Português Suave” ou “Kentucky”, claro que havia sempre a alternativa “barba de milho” ou "folhas de videira" secas, que se fumava (e sabiam muito mal) envolvidas em papel, de preferência sem ser o higiénico.

Hoje, 30 anos de vício depois, concluo que, naquela altura, treinei excessivamente bem e que, graças a isso, consegui o que desejava “à força toda”: fumar, ter pelos no peito e na cara e, não menos irónico, ter voz grossa. 

“Santa” idade da ignorância! Enfim.

Kiko
quinta-feira, 29 de março de 2012

Slows



Dois passos para a esquerda, dois passos para a direita… Ou qualquer coisa deste género foi o que ouvi, imaginei ou sonhei…

Era sempre assim que me respondiam as raparigas, moças e mulheres (conhecidas, a conhecer ou continuadamente desconhecidas) com quem, por delicadeza (ou interesse), aceitei tentar dançar “slow”, embora, registe-se já, sempre as tenha avisado de que não o conseguiria, já que não sabia ou nunca o tinha feito (mentira repetida até à exaustão). 

E, na verdade, quanto a dançar, acho que o devo ter conseguido uns 20 segundos numas duas ou três vezes… E, já agora, nunca consegui dançar mais do que uma canção (duvido que alguma vez tenha dançado uma completa).

Que chatice!

Sim, que chatice principalmente naqueles anos 80 e 90 em que, nas discotecas da moda (Banda, Rock’s, Danceteria, Stakel, Pink Panther, Pedra do Couto, Stop, Brasília Club, Amnésia, KU e até no Olé, Olé, entre mais algumas), havia quase sempre aquela meia hora de baladas em que se poderia sair da pista (onde já se praticava o “air guitar”) para ir “sacar” a miúda a quem (todos) tínhamos feito “olhinhos” durante umas duas horas.

Claro que havia sempre a hipótese de elas nos darem uma valente nega, rirem-se na nossa cara ou… aceitarem. E, nesta última hipótese, aquela a que raramente tive direito (por desistência precoce, a minha), o mais interessante passava por pôr em prática as seguintes regras:

1)      Apertá-las de maneira a sentir o seu peito junto ao nosso (para poder tirar as “medidas”, imaginar mais tarde e sentirmo-nos uns verdadeiros machos latinos)

2)      Tentar levar as mãos para o mais próximo possível do rabo delas (para poder mostrar aos outros que se estava a “controlar” e que o “piso” era nosso, só nosso)

3)      Beijar-lhes o pescoço a caminho da boca para tentar sacar um “linguado” antes do final da primeira balada (para provar aos outros e a nós que, afinal, éramos exímios, não na dança, mas na conquista)

Claro está que esta é a visão romanceada da “coisa”, porque, na maior parte das vezes, o que se levava de “prémio” era uma desistência em directo (delas), ficando-se sozinho no meio daquela escuridão onde se via muito bem. E o pior era ter que arranjar desculpas esfarrapadas para o gozo que se levava dos amigos que queriam ver se a nossa garganta (de antes) teria resultados práticos.

Por outro lado, na verdade, eu fazia (mais) parte daquele gigante grupo a quem dava uma insuportável sede de cada vez que as luzes baixavam e as baladas entravam, dirigindo-me para o balcão mais próximo onde, numa multidão de “sequiosos”, lá ia dando a entender que naquele dia (como em quase todos) não estava virado para o “roço”.

Registe-se que isto de se ter que ser dançarino de “Still loving you” e “Lover why” tinha muito que “se lhe diga”. E nem os treinos em casa deram grandes resultados, por mais que quisesse aprender a dançar para poder evitar dar tanto uso ao “Latim” como aquele que tive que dar para conseguir mais do que “olhinhos” no “barulho das luzes”.

Kiko
terça-feira, 27 de março de 2012

Breakdance


E não é que, mesmo sem ter jeito nenhum, também andei a treinar diariamente para ser “Breakdancer”!?
Eu e mais uns milhões de jovens, já que, depois de se ver o filme “Breakdance” (1), raros foram os exemplos de jovens que não saíram da sala de cinema com a certeza de que, com um ou outro treino, seriam exemplares de outro mundo naquela nova dança. (As modas têm destas coisas: incendeiam-nos até ao momento em que chega o “balde de água” da razão)

Como treinar? 

Não havia “Internet” nem professores. 

E, mesmo comprando o “LP”, como fiz, as imagens da capa não se mexiam e o folheto que, salvo erro, o acompanhava, com desenhos explicativos de como concretizar alguns passos, na realidade, não dava grande jeito, muito menos quando se tentava ler e dançar em simultâneo.

Havia sempre uma boa alternativa. Ia-se ao centro comercial “Brasília”, na Boavista, onde, domingo, sim, domingo, sim, lá estavam uma série de “bailarinos” (coloridamente vestidos) que, sob o olhar reprovável dos adultos, junto às escadas rolantes principais (enquanto não eram “corridos”) embriagavam-nos o olhar demonstrando como se faziam muitos dos passos que o “Breakdance” nos mostrara no cinema “Passos Manuel”.

Que espectáculo!

E depois, já em casa, de “cabeça”, lá se tentava imitá-los, com uma ou outra luxação e sempre sem grandes evoluções. 

O “Breakdance” foi mesmo uma loucura naquela década de 80. Mas ainda bem que voltei à terra dos “pés chatos”, pois, na verdade, dançar nunca foi uma modalidade em que conseguisse mais do que um “muito mau”.

Ah! Não posso deixar de referir que fui ao cinema ver o “Breakdance (1 e 2) mais do que uma vez, para tentar “aprender mais depressa”.

Kiko

“Countdown”


“Countdown”

O que destaco hoje em termos de memória televisiva não é uma série mas poderia muito bem ser considerado como tal, já que “Countdown” era emitido em todas as tardes na extinta “Europa TV” via “RTP2 e tinha uma legião de fãs que não perdiam um único “episódio”.

A “Europa TV” pretendia ser uma rede Europeia de televisão (nunca o conseguiu) mas, se bem me lembro, o que de melhor por lá teve foi mesmo o “Countdown”, o programa apresentado pelo idolatrado loiro Norte-Americano que recebia mais cartas de Portugal do que do resto da Europa, Adam Curry. 

Tratava-se de um “Top” com subidas, descidas e apresentação de telediscos, uns mais famosos do que outros, mas todos vistos com máxima a atenção, por serem emitidos no programa mais “amado” pela juventude daquela década de 80. Também tinha actuações ao vivo precedidas de entrevistas (não traduzidas, se bem me lembro).

“Cowntdown” transformou-se num sucesso Europeu (Portugal era talvez o seu maior fã), ao ponto de conseguir a presença das principais estrelas da altura, como demonstra o vídeo em anexo… O sucesso manteve-se até ao dia em que, infelizmente, Adam Curry anunciou duas coisas: o final do programa (o apresentador foi para a “MTV” em 1987) e uma nova banda, os “Europe”, com uma canção (The final countdown) que tinha tudo a ver com o programa e principalmente com aquele desfecho, com aquele adeus que ficou enraizado na memória de milhões de jovens. 
Quem ficou orgulhoso de ver a Lena D´Água a passar no programa?

Quem ficou estupefacto com o vídeo da Sabrina onde se via um mamilo?

Quantas meninas se apaixonaram pelo apresentador?

Quem assume chorou com o fim do “Countdown”?

Muitos, certamente.

Eu, por exemplo, fiquei tão triste que acabei por ir a correr a uma (já extinta) famosa loja de discos comprar o tal single dos “Europe” (tinha chegado naquele mesmo dia a Portugal). E, das milhares de vezes que o ouvi (e ainda ouço,) recordo sempre um dos programas televisivos que mais me marcou, o eterno “Countdown”.

Ainda hoje há quem chame “The final countdown” a “Countdown”, mas “Countdown” só há um, ou melhor, houve.

Francisco Moreira


sábado, 24 de março de 2012

Capas de Escola

"Capas de Escola" 

 A escola tinha muito mais piada no “Secundário”, naquela altura em que se aprendia imenso… E não me estou a referir às disciplinas mas sim ao “trinca-cevada”, ao “molha-a-sopa”, às faltas em grupo, às idas para o café para ver os jogos do Benfica às quartas-feiras à tarde, às matinés nas discotecas para tentar dançar os “hit´s” que vendiam imenso “lá fora”, aos “troços” bem e mal tirados, às férias grandes que nunca mais acabavam e a tantas outras coisas… Sem esquecer, claro, as capas de escola que nos acompanhavam de 2ª a 6ª feira… 

No fundo, esse objecto que deveria ser a melhor das ferramentas para se tirarem quatros, cincos e evitar as “negas”, mereciam, por parte dos mais criativos, um destaque especial. Ou seja: encaderna-las, às capas. 

A revista “Bravo” foi, sem dúvida, a grande fonte de recolha de imagens a cores que recortávamos, conjugávamos, colávamos e plastificávamos, para poder exibi-las orgulhosamente nos intervalos e nas esperas pelo autocarro. E foram muitos os que adoptaram a mania das capas exclusivas, fosse com assinatura própria ou com assinatura emprestada por outros. 

Não me esqueço da capa que mais gostei de exibir, principalmente por, na minha opinião muito suspeita, ser a mais original da escola Secundária de Valadares (Gaia) e a mais original de todas as tantas que encadernei, inclusive para outros, e foram muitas. 

Mas, afinal, o que tinha essa capa de escola de tão especial para merecer tanto alarido? 

Bem, esta capa foi encadernada com a capa do álbum “Under a blood red sky” dos “U2”, um “EP” ao vivo que vendeu que se fartou depois do “Live Aid” de 1985. 

E lá andava eu, no alto dos meus 16 anos, a mostrar a capa a todos e a mais alguns, inclusive àqueles que nem sabiam quem eram os “U2” e muito menos que aquele disco continha o polémico “Sunday, bloody Sunday”, com quem se iriam cruzar ao longo da vida, certamente. 

Como foi possível estragar uma capa de um disco tão “importante” por causa de uma capa de escola? 
Bem, lá vou confessar pela primeira vez. Quando vi o “Live Aid” na “RTP”, sem perder tempo, fui à “Palladium” (Staª Catarina) comprar todos os discos à venda dos “U2”. Consegui levar para casa o “October”, “Unforgattable Fire” e o tal “Under a blood red sky”. Só que, num determinado dia, por acidente, parti o vinil, vendo-me obrigado a comprar outro. 

O que fazer com a capa do disco partido? 

Nem mais! Dar nas vistas usando-o de maneira muito original como capa para a capa da escola. Foi um sucesso tão grande que, desde essa capa, que me lembre, nunca mais encarnei nenhuma (para mim), já que entendi que aquele tinha sido o expoente máximo naquela tarefa de dar imagem e cor à matéria mais cinzenta do meu “Secundário”, a Matemática. 

E, já agora, por falar em dar cor, e em jeito de curiosidade, registem que todas as minhas capas de escola faziam sucesso não só pelo que exibiam no seu exterior mas sim (e também) pelo que “escondiam” no seu interior: recortes de fotografias de lindas mulheres nuas retiradas às revistas “Newlook”. 

 Kiko
quinta-feira, 22 de março de 2012

Fórmula Sameira

Fórmula Sameira 

“E quem vai à frente é Alain Prost nesta última volta do Grande Prémio do Mónaco… Faltam 3 curvas para a bandeirada final… E eis que Nelson Piquet se aproxima, colocando-se do lado direito do piloto Francês… ” 

 Longas e felizes foram as inúmeras tardes de Domingo na praia de Miramar, em Vila Nova de Gaia… De barraca alugada ao mês, a umas dezenas de metros do mar, lá estava eu, sozinho com a minha Mãe, entretendo-me horas a fio naquele areal sem aglomerados de gente, em paz. 

 Um pouco mais a norte dessa barraca de sempre, junto à delimitação para com o campo de golfe, sentia-me dono e senhor de mim, dono e senhor do tempo, dono e senhor do brincar sem brinquedos, porque já não tinha piada fazer "castelos na areia"… E, para me divertir, era necessário espaço e nada de interrupções ou pegadas que estragassem aquela obra de arte: uma pista de “Fórmula 1” feita especialmente para cada tarde (cada dia, cada pista, cada pista, cada prova, cada prova, cada desfecho, ou talvez não). 

 As cadeiras de madeira da barraca da Dª Ilda eram a ferramenta perfeita para, com elas, fazer uma pista com “s’s” e mais “s's”, com rampas e mais rampas, e lisa, bem lisa, claro, porque os carros tinham que aplicar a sua imensa velocidade, tinham que bater recordes e dar nas vistas, mesmo que ninguém os quisesse ver, mesmo que nenhum outro “catraio” com 10 ou 11 anos quisesse competir comigo… Não era problema. Mais “ficava” para mim! 

 Quando entrava em pista, já tinha coleccionado os “bólides” que, até então, estavam estacionados ao "Deus dará" dentro e fora do barracão que funcionava como café, restaurante, loja de praia e casa-de-banho. Os carros, sublinhe-se, não recorriam a extras e eram todos diferentes, sempre em plano de igualdade, já que era importante "que vencesse o melhor", mesmo sendo eu o produtor, realizador, relatador, todos os pilotos e o público, quando me lembrava. 

 Os carros, velozes, sem ferrugem, tinham as marcas do costume: “Sumol”, “Pedras Salgadas”, “Coca-Cola”, “Sagres”, “Laranjina C” e o que mais viesse à “rede”… E, quando chegava a hora, parava tudo naquele silêncio de sempre, porque lá estavam eles, asseados, alinhados, prontos para mais uma série de voltas àquela pista gigante, naquela praia Portuguesa que ainda (só) sonhava em receber os “Fórmula 1” no meu País, lá para o Estoril, quem sabe!... 

 “E faltam 5 voltas… Alain Prost mantém-se na frente… Enquanto Nelson Piquet acaba de mudar os 4 pneus… Quem irá ganhar? Quem levará a taça? E lá vai Piquet... E ultrapassa o piloto Francês… Vai ganhar, vai ganhar… e vai sagrar-se campeão de Fórmula 1 com o seu Brabham,… Ganhou! Nelsssooonnn Piquuueeetttt…“ 

 Foram várias as discussões entre mim e a minha pessoa, por não concordar com o favoritismo que entregava de mão beijada ao piloto que, não sendo Português, era como se fosse, ou era mesmo, porque assim tinha que ser… 

 Horas depois - e ao chamamento da minha mãe, já com a barraca arrumada, lá ia eu, rua acima, a caminho do comboio de sempre, aquele que, às “oito menos um quarto”, haveria de me levar até casa, certo de que, na próxima prova, a pista seria ainda maior, porque, acima de tudo, o meu piloto teria que vencer sem contemplações, sem contestações, viessem de onde viessem… 

 É, a felicidade, naquele tempo, mesmo quando a "solo", também se fazia no “disparar” de uma sameira… 

Kiko 

 • Eram interessantes as discussões, sempre que os carros saiam da pista… E já era difícil aturar-me a mim mesmo.
terça-feira, 20 de março de 2012

O Diário


“O Diário” 

 Na altura em que não se sonhava com o “Facebook” nem com estas “canetas com teclas” - e já que nem todos tinham acesso à tecnologia das máquinas de escrever, existiam uma espécie de cadernos com “aloquete” (alguém quer ir ao acordo ortográfico ver como se escreve?) que faziam sucesso, embora fossem algo “privados” e essencialmente usados por raparigas. Estou a falar dos “Diários”, obviamente. 

 Sim, também tive “Diários”, os quais começaram por ser agendas (adorava estrear agendas, embora ficassem pelo caminho lá para o mês de Fevereiro) e nelas escrever com letra “direitinha” as aventuras e desventuras de um dia-a-dia cheio de “responsabilidades”, ou nem por isso. 

 Exemplos? Cá vão: 
 - Dei um beijo de grau 5 (de 1 a 10) na “Clementina”. Foi assim-assim e não voltou a repetir-se. 
- Comprei 5 “Kalkitos” e fiz uma série de batalhas-navais, perdendo duas e ganhando as outras todas. 
 - Não resisti a gastar 50$00 em “Bombocas”, conseguindo chegar a casa com uma caixa por enxertar. 
 - Fui ao cinema “Batalha” e vi uma morena com um decote que me fez apaixonar por ela, principalmente naquela cena em que se abaixou. 

 E por aí fora… (basta puxarem pela vossa e pela minha imaginação) 

 Uns anos mais à frente, já com “namoradas oficiais”, a moda dos “Diários” voltou a ocupar-me os dias, havendo mesmo troca de correspondência via “Diário”, ou seja; uns dias era escrito no meu quarto, outros dias era escrito no quarto delas, com cada no seu “poiso”, claro! 

Já não tenho esse hábito, embora ainda tenha para ali uns “Diários” desses tempos, mas, de quando em vez, apreciava ler e reler o que se tinha escrito, o que se tinha confessado, o que se tinha sentido (e inventado, para o caso que alguém os vir a ler)… Enfim; o que se andou a fazer naquelas alturas em que o tempo parecia sobrar e dar para tudo e mais alguma coisa… 

 Hoje, por ironia do destino, todos voltamos a escrever em diários, embora com outras “canetas”. Enquanto uns destacam os seus dias no “Facebook”, outros destacam as suas responsabilidades na agenda do telemóvel. E, sem se aperceberem, passaram a ter um “Diário” mais preenchido do que aqueles que se usavam na infância e na juventude (precoce). 

 E porquê? Porque… Há que não esquecer. Há que relembrar. Há que assinalar. Afinal, a história de cada um escreve-se todos os dias… ao sabor dos acontecimentos, e mesmo quando o que acontece não é digno de merecer mais do que uma ou outra palavra. Bem, por falar em “Diários”, deixem-me ir, porque o telemóvel, com o seu som irritante, já me avisou 4 vezes de que está na hora de ir falar aos “Diários” dos outros… 

 Kiko 

 * Foi difícil, mas contive-me e não explanei alguns dos "segredos" que os diários guardam. (risos)
sábado, 17 de março de 2012

Cair ao Poço


"Cair ao Poço" Sei lá! Tinha para aí uns 10 anos nas vezes em que, em termos de resultados, melhor participei no "Cair ao Poço", o jogo infanto-juvenil que geralmente tinha como palco a privacidade das traseiras de um pavilhão escolar, de um pinhal qualquer para os lados de Vila Nova de Gaia, ou, em férias grandes, as dunas, que ainda não "eram" do Reininho, mas que para lá caminhavam...

 Era inquietante e por vezes assustador entrar naquele jogo de perguntas que necessitavam de respostas e no qual, se não me falha a memória, o resultado poderia ser dar um abraço demorado em versão apressada ao parceiro masculino ou (expoente máximo!) ganhar um beijo com língua (ensaio para o futuro "linguado", uns anos à frente) da pretendida - a "mulher" que sonhávamos ter como namorada para sempre ou, sintetizando, até ao fim da escola preparatória...

 Convém sublinhar que o facto de ela (a tal, a única, a sonhada, a "desejada") estar ali e de aceitar entrar no jogo, já era uma vitória, sendo que, mentalmente, garantia-nos a hipótese de haverem hipóteses... Mesmo quando isso, quase sempre, originava inúmeros desconfortos, principalmente por causa das revelações públicas (que todos já conheciam) a que se estava sujeito... (estes jogos eram "armadilhados", por vezes, com semanas de antecedência, mas sempre dando a ideia de que, por não haver nada para fazer, podia sempre "cair-se ao poço" naquele dia "insignificante")

 E as perguntas doíam, principalmente para quem, como eu, não se dava nada bem com a mentira (moralismos ensinados desde pequenino)...
 - Estás apaixonado pela Maria João?
- Hmmm, bem... hmmm... (apetecia fugir)
 - Gostarias de fazer amor com a Maria João? (sabia lá o que era fazer amor!)
- Hmmm, bem... hmmm... (corava e corava, imagino)

 As respostas (que não se podiam dar, por mais "lata" que se tivesse) acabavam sempre por nos levar para a "queda" no "poço", claro!... E, depois, (se bem me lembro de como se jogava isto) haviam as consequências (com adrenalina), aquelas que, na maior parte do jogo, não eram as mais desejadas (dar um beijo na boca à rapariga menos bem cheirosa da escola) e as do "finalmente" (dar um "linguado" à mulher que, para nós, era a mais linda da escola).

 E era assim que, numa tarde qualquer, se passava do brincar aos "médicos e enfermeiras" para o mais "adulto" brincar às consequências. (expressão que, penso hoje, foi escolhida por, na prática, fazer-nos passar por grandes constrangimentos para se poder alcançar a vitória: beijar a eleita)

 Não sei se ainda se "cai ao poço", porventura na Internet, mas gostava de ver a vossa cara se, em público, vos fizessem as perguntas que se faziam naqueles tempos, sem maldade, com inocência e, mais interessante, com resultados práticos; os bons, claro. Responderiam ou apostariam a vossa sorte nas consequências?
 Kiko
quinta-feira, 15 de março de 2012

Lagoa Azul


"Lagoa Azul"

Foi no pequeno e estranho cinema "Olímpia", colado ao Coliseu do Porto - que já se dedicou a filmes mais "pecaminosos" e ao "bingo" - que me apaixonei perdidamente, completamente, assumidamente e histericamente por uma loira, mesmo sendo adepto da cor de cabelo oposta. (sorrisos)

Tinha 10 anos de idade e fui sozinho ver um filme (Lagoa Azul) que, presumo, era para maiores de 12, ou seria para maiores de 16?! Bem, entrei, e isso é o que conta, foi o que contou sempre naquelas tantas vezes em que, nas filas de entrada para os cinemas, além de "rezar", colava-me aos mais altos e mais velhos, só para poder entrar em películas para "maiores de 18". Enfim, tínhamos que nos "fazer à vida", se queríamos ver um pouco mais de pele do que aquela que a RTP 1 mostrava, ou seja, quase nenhuma. (A mensagem de que um determinado filme mostrava um belo par de seios era, na altura, sinónimo de sala esgotada, fosse qual fosse o argumento. Quem não foi ver filmes Franceses à "Sala Bebé" só por causa das "mamocas"?)

Na altura, 1980, não sabia como se chamava a tal loira com quem, registem, casaria naquela mesma hora... E para sempre, se os meus pais me emancipassem e não me internassem no "Magalhães Lemos". Que linda, sim, que linda. E esqueçam lá a parte do "boua", porque, quando se "ama", como a "amei", ali e nas outras duas vezes em que (acho) fui rever o filme, por mais "sonhos molhados" que possamos ter ou "erupções" instantâneas, trata-se, ou melhor, tratou-se exclusivamente de "amor", do puro, sem maldade, sem, sem, sem... sem essas coisas todas que, hoje, se pudesse (não podendo!), gostaria de ter "interpretado" como personagem principal. Ai, meu Deus! (e que me perdoem o relembrar destes pecados mentais)

A moça, usando pouca roupa, náufraga, com o nome de Emmeline (Brooke Shields), tirou-me completamente do sério. Quase me convenci de que, se ela me visse pela frente em Sta. Catarina, não hesitaria em trocar o tal de Richard (encaracolado) por mim, uns anos mais novo do que ela, é verdade, mas já com a minha famosa "pala" e outros atributos, dos quais não me lembro, mas certamente que os tinha, ou pediria emprestados... Vá, não custa sonhar!

O que faria com ela na minha frente? Seria simples. Levá-la-ia de autocarro até à praia da Madalena, inventaria um poema só para ela, daríamos uns beijos com língua (mas cheios de "amor"), acariciar-lhe-ia a pele (com "amor") e depois, e depois... E, depois, via-se!

Mas que seria para sempre, lá isso seria! É que não me lembro de outro "amor" assim, se, claro (!), fizer questão de esquecer a Linda Evangelista, a Kim Wilde, a Maya, a Cindy Crawford, a Demi Moore e quase todas aquelas "modelos" que apareciam em mais do que uma página na "Newlook", a revista que, mesmo em Francês de França, eu "lia" religiosamente, por "amor", sempre por "amor", mesmo que influenciado pela falta de roupa que cada uma envergava, e de poses sempre inocentes... como eu.

Kiko

terça-feira, 13 de março de 2012

Engate


"Engate"

Nós, enquanto jovens masculinos conscientes de que sabíamos tudo sem saber quase nada, passamos uma grande parte dos nosso tempo do preparatório e do secundários (Qual liceu, qual quê?!) a achar que éramos uns autênticos "sex-symbol", mesmo sem saber traduzir a expressão, não passávamos de putos armados em gente grande.
Todos engataríamos aquela e aqueloutra, por mais "bouas" que fossem, bastando querer, já que, além do "Impulse", não nos faltava charme (outra expressão que não sabíamos traduzir) nem experiência para aquela tarefa de "sacar uma garina" (expressão que se traduzia por "rapariga a quem tirar uns beijos").
Se bem me lembro, e principalmente nos intervalos "grandes" e nas paragens do autocarro, naquelas conversas de (h)omem, não faltava a troca de cromos, ao género de: "Eu pus-lhe a mão por (de)baixo da camisola e..." ou "Eu iz, e depois aconteci, e ainda fiz, e depois ainda voltei a fazer... "
Ok, já se percebeu que, com tanta gaguez, na verdade, éramos mais garganta do que "mãozinhas" e "linguazinhas". Pois. Mas, convenhamos, não poderíamos (nunca) dar a ideia de que não entendíamos da "poda", mesmo que só "podássemos" em sonhos, nos tais "treinos de linguado" com a almofada, ou no exagero entre o (a)palpar a anca e dizer que se (a)palpou os seios (mamas sempre foi uma expressão que nunca agradou aos homens, principalmente em termos orais e muito menos escritos, embora, em termos fantasiosos ou práticos, a conversa fosse outra).
É, entre aqueles 10 e 14 anos de idade, muito se inventava, muito se esperneava, mesmo que à custa da "Gina", "Playboy", "Newlook" ou (relembrem lá!) dos calendários com "gajas nuas" ou "gajas com os seios à mostra" (já expliquei que o termo "mamas" não fica bem, mentalmente falando, e piormente escrevendo!)... Aquilo é que era! (vá, não me obriguem a falar de páginas coladas)
"Se me apanhasse com uma daquelas, faria, acontecia e..." É, esta era das frases que mais se sussurrava em "voz alta", quando, na verdade, se se apanhasse com "uma daquelas", muito provavelmente, fugir-se-ia. Como conduzir sem saber os sinais de trânsito, por mais cartas que se apostassem nas conversas de caminho entre a casa e a escola!?.
Mas, vá lá que, ao menos, ninguém tinha a lata de nos perguntar se éramos virgens, porque, aí, sim, aí seria um problema, um avermelhado problema. Como responder que se era virgem a outro virgem, sendo que ambos e quase todos davam sempre a ideia de que não o eram "desde que nasceram", tamanha era a quantidade de histórias que nessas aulas de "armanço" nos faziam ser mais homens, enquanto, em casa, às escondidas, rapávamos os pelos que não tínhamos e, no pinhal, fumávamos "mata-ratos", sem saber travar!?
Ainda bem que surgiu o "Pathouly" (outra expressão que nunca assumimos como sendo um perfume, mesmo que cantado repetidas vezes no refrão), já que, ao cantá-lo, ao "Patchouly", sempre dávamos a ideia de que percebíamos da "poda", mesmo que sem "parra", ou melhor, sem saber usar a "uva". (piiiiiiii)

Kiko
sábado, 10 de março de 2012

Laca


Laca

Nunca me dei muito bem com o gel, apesar de, com ele, ter chegado a ter uma relação estreita, durante um ou dois anos... A laca, da L'Oreal, essa sim, foi uma parceira de todas as manhãs, tardes, noites e madrugadas... E não me faltou, durante 6 ou 7 anos a fio. Ai, dela!

Em termos de visual, até poderia estar tudo mal, mas o meu cabelo - castanho e fino, para que se conste - tinha que estar "impec", demorasse o que demorasse, fosse qual fosse o atraso, viesse quem viesse.

E foram muitas as vezes em que perdi o "91" que me levava à Preparatória e à Secundária de Valadares (Gaia), por causa de um ou outro fio daquela pala, fazendo-me correr uns 3 ou 4 km pela linha do comboio... E, já agora, foram tantas as histórias que desfilaram por aqueles carris, com toda ou já com quase laca nenhuma!...

A mania de ter o penteado sempre alinhado e umas patilhas sem patilhas, na altura, convenceram-me a ser assim, teimoso, exageradamente persistente, como se o cabelo fizesse toda a diferença. É, está visto, para mim, fazia!

O orçamento familiar, assumo, era diretamente influenciado pela quantidade de latas de laca que adquiria na loja do Sr. Eduardo (na avenida)... E era frequente, depois de tanto e tanto spray, voltar ao início do ritual, lavando o cabelo, secando-o, penteando-o e... "laca, que se faz tarde!"... Pois, tal e qual. (eu dizia que era um gel fino, sem convencer)

Em 1989, algo triste, no cabeleireiro de homens do VilaGaia, lá fui informado de que seria melhor cortar o cabelo fora do quartel, já que o destino que me reservada aquela idade e o "pronto" carimbado na inspeção militar, fixaram o dia do corte "radical". E dizia o Sr. Ramos que: "pelo menos ali, poderia optar por um pente 3 em vez do pente 1 tratado à balda", o qual se faria valer aquando da recepção da farda.

O dia anterior ao da ida para a recruta chegou. E lá se foi a pala, com "dor" mas com a convicção de que ela regressaria 9 meses mais tarde, ou 10, ou 11, ou 12... E voltou, mas nunca mais foi a mesma!

A maldita boina, disseram os "entendidos", tinha sido inimiga impiedosa de todo o tempo e dinheiro investidos naquele apronto, naquela imagem de marca, naquele cabelo que tratei horas a fio, fio a fio... E foi desde aí que, provavelmente revoltado pelo percurso capilar que a tropa me deu, o cabelo nunca mais me tratou como no antigamente, por mais que lhe transmitisse querer voltar atrás... Foi-se, e foi-se devagar, devagarinho, até à estocada final (pente 0), no ano de 2002, calculo.

Não tenho saudades da laca, nem do gel... Mas tenho saudades de passar os dedos pelo cabelo, vezes sem conta, como que a pô-lo no sítio... Algo que, instintivamente, ainda faço hoje, tantas "maquinadas" depois... E talvez porque o meu cabelo - digam o que disserem., já não dê nas vistas nem tenha como recorrer aos "conservantes" para voltar a ser à minha maneira, ele existe e persiste. Tem é outro estilo. (ponto)

Kiko
quinta-feira, 8 de março de 2012

Fora d' Mão


Fora d'Mão

Decorria a primeira metade da década de 90, quando um amigo decidiu meter-se no sonho que "todos" tinham na altura: ter um bar, ter o Bar. Batizou-o de "Fora d'Mão" e, com algumas obras pelo meio, transformou um café-restaurante num "point" para jovens na "flor da adrenalina", uma mistura de bar com discoteca, lá para os lados da praia de Salgueiros... E eu, lá aceitei o convite para dar banda sonora às centenas de visitantes que por lá passavam, quase religiosamente... (Ainda ontem falava disso com um dos clientes que mais pagava "Cocktails" por metro quadrado.)
Tratando-se de um amigo, exigi como salário muitas tulipas de "SuperBock" e os fabulosos amendoins da marca "Continente". E que bem que sabiam! Que bem sabia aquele frenesim que, principalmente aos Domingos à tarde, fazia-me sentir uma estrela de Gaia, tal era a fila de "teenagers" que aguardavam pela abertura, sob o olhar atento do Zé (Grande) e do Paul (mais tarde)... Era giro chegar, entrar e pensar nos discos que tocaria mais alto, os mesmos de quase sempre...
Naquele piso inferior (a pista), lá estava eu no meu "reino", lá no alto na cabine envolta por madeira a toda a volta, lá estava o Kiko, locutor de rádio à semana e "passador de discos" (nunca fui "grande espiga" a misturar) ao fim de semana.
E não é que entre "Lil Devil", "Here comes your man" e "Show me love", sem esquecer o "Sweet a la la long" e demais pérolas daquele tempo, o Fora d'Mão lotava, ao ponto de o "DJ" - eu - ser literalmente apalpado de cada vez que colocava um "Maxi-Single" para ir à casa-de-banho "verter o resultado de tanta cerveja"...
E entre a abertura de pista (uma gravação de um "Megamix" importado) e o fecho com uma balada ao jeito dos "Scorpions", eram horas de puro prazer aquelas com que, ao som de "Sunday, bloody sunday", conseguia pôr todos a cantar e a dançar, fossem os "pregos" galiota ou de outro tamanho qualquer... E para muitos, o que contava era o transpirar para justificar o preço do cartão, o conquistar de "linguados" de um "amor" nascido no acaso e o ir embora na camioneta do "Paniceiro", antes que os "penantes" se transformassem em única solução... Isto, claro, para quem não estacionava lá à porta a sua "Casal Boss" ou carro em 3ª e 4ª mão, coisa rara naquelas idades, idades de outros tempos...
E ontem, já em pleno 2012, no início de um jantar de "ex-jovens" (coisa de "cotas" que gostam de reviver a juventude), a tecnologia entregou-me um SMS que anunciava que o Zé Grande, aquele porteiro simpático que "fez parte da mobília" dos locais mais emblemáticos da noite Portuense, disse Adeus, deixando-nos... "Fora d'Mão".

Kiko

* Texto dedicado a um amigo, ex-colega de trabalho e... companheiro. Paz.

* Foto: Tony, Isa, Kiko e Quitó.
domingo, 4 de março de 2012

O "Viauto"



O "Viauto"

Poderia estar ridiculamente mal vestido mas, quando surgiu o "Viauto" - blusão igual aos usados pelos agentes da Brigada de Trânsito, ainda hoje, com gola em pêlo, envergando-o, sentia-me quase um "top model". E o adereço, caríssimo, comprado com a ajuda do "Cartão Jovem", quase que se confundia com a própria pele, ao ponto de saber mais histórias minhas do que eu mesmo... 
Foram anos e anos de "Viauto" incorporado, fizesse frio ou calor, ficasse bem ou mal, fosse moda ou deixasse de a ser... Mas estava sempre lá, tipo fiel amigo e amigo fiel. Ao ponto de me custar deixá-lo abandonado num bengaleiro de discoteca,... ao ponto de servir de colchão para as curtes no areal, lá nas dunas da praia da Madalena... 
Um dia destes, mesmo já sem a ajuda do "Cartão Jovem", compro um... É que deu-me umas saudades dele!...

Kiko

* Salvo erro, o blusão era conhecido por "Viauto" por (o oficial) ser vendido exclusivamente numa loja com esse nome.

Bicho Papão


BICHO PAPÃO


Esta coisa da Internet, principalmente desde que chegou este brinquedo, o "Facebook", faz-nos ver o mapa dos quilómetros como se não existisse, como se tivesse sido uma "la minuta" da escola primária que deixou de fazer sentido porque os rios de sempre "são outros" e, por razões óbvias, já não se decoram caminhos de ferro, por se viver além do "TGV".
É interessante o lado da aproximação que este "Bicho Papão" devora milímetro a milímetro, mesmo quando fazemos questão de dizer - e bem alto! - que estamos "fora do jogo", que estamos mas não estamos, mesmo estando. Pois, vamos estando.
Se pensarmos bem, este "chá das cinco", com paladar a futuro que ingerimos diariamente no presente, tem o dom e a velocidade de nos colocar a todos num mesmo local, como se, por instantes, nos reuníssemos à mesma hora a tomar café numa associação recreativa, ao jeito de sala de estar, mas aparentemente mais "clean", mais pensada e repensada, ou nem sempre.
Eu sei que há quem dê esta ideia de proximidade e, na verdade, esteja e queira estar bem distante daqueles de quem se diz "pele com pele", mas também há os outros muitos, aqueles que querem e fazem por estar mais próximos uns dos outros, inclusive os que já nem sabem onde moram, como moram, com quem moram (os vizinhos de outras ruas).
Para os "cotas", o que conta, mesmo com naturais dissabores, é voltar à vida na sua própria vida, voltar ao "mano a mano", ao ser quem se era e quem se quer ser, no fundo... No fundo da rua, de preferência, porque ela plantou memórias intensas, para sempre.
E é demasiado interessante ler alguns estudos que sublinham que os verdadeiros utilizadores desta ferramenta são os que, na década do "Espaço 1999", jogavam à bola na rua, limpavam o ranho às camisolas sem marca e que, entre mais uma ou outra diversão sem relógio, riam sem recurso a três letras (lol)... Sim, os mesmos que (se não estiverem desempregados) também trabalham, têm filhos ou querem tê-los e que, nos tais outros tempos, entendiam que o avanço tecnológico chamava-se "Cubo Mágico" ou "Iô-Iô", já que, convenhamos, estas palavras "caras" (postar) mais não eram do que aberrações. (E continuam a sê-lo, aposto.)
É, este "Bicho Papão" tem inúmeros defeitos, principalmente - dizem os mais "cotas" - para os jovens, que se agarram a "isto" e nem sabem o que é levar um estalo, nem tão pouco o que é usar umas sapatilhas "Sanjo" depois de se romperem 5 vezes, cada uma. É, este "Bicho Papão" tem inúmeras vantagens, principalmente - dizem os mesmos "cotas" - para eles, os que, tecla a tecla, entre uma conta por saldar e uma ou outra responsabilidade por assumir, lá vão esquecendo o aumentar da barriga e o diminuir do cabelo para, em nome dos "jovens inventores", neste caso, redimensionarem o mapa de Portugal, fazendo dos rios e caminhos de ferro vias de assunto para se voltarem a reencontrar, numa altura em que os "putos" percebem "disto" mas estão a milhas de saber usá-lo, já que não viveram "aquilo".


Francisco Moreira
quinta-feira, 1 de março de 2012

Dormir com Samantha Fox


Dormir com Samantha Fox


Foi lá para o ano de 1986 que a revista "Bravo" Alemã, compêndio quase religioso da minha (nossa) geração, deu-me uma razão de peso (ou duas) para terminar - logo ali - com a tese que mantenho até hoje, a de que "prefiro as morenas". 

Que olhar! Que pose sensual! Que rosto angelical! (ainda não sabia das suas participações em filmes com "bolinha", tripla) Que... blusão bonito! Que... Decote! Que... Paixão! Que...! (sim, rimaria) 

É, houve dias em que, além das ereções, se ela quisesse muito, eu casaria com ela, e mesmo sem a emancipação... para sempre, se ela prometesse acordar sempre como estava naquela fotografia, só isso.

É, foi essa edição da "Bravo" que me fez cometer uma das mais "violentas" loucuras de toda a minha vida: colar um póster no quarto. E quase aposto que não fui o único. (Confessem lá!)

Mas - e verdade seja dita., não era um póster qualquer, era um póster a preto e branco... E em versão gigante, daquelas que nos faziam acreditar que a própria Samantha estava ali connosco, em tamanho quase real. E que pena os pósteres não serem a "3D" em versão "tacto"!

Esqueçam, não estava. Não estava mas, cerca de 8 anos mais tarde, esteve. Ah, pois é!
Não, não esteve no meu quarto. Eu é que estive perto do quarto dela, quando foi a Espinho dar uma conferência de imprensa, daquelas lotadas de jornalistas que, nos corredores, a tratavam de "pimba para cima, pimba para baixo" e, na verdade, nas suas mentes, o "pimba" teria uma outra conotação, muito menos musical e mais "touch me, touch you". Enfim, lá consegui o momento para contar aos netos, se lá chegar.

Então não é que, no meio de quase 50 jornalistas, ninguém fazia uma única pergunta à sexy mas mais "tapada" cantora e actriz?! Bem, lá tive que ser eu a fazer as primeiras 2, 3, 5... 10... perguntas, em inglês "técnico". E no fim, entre quatro beijos e uma troca de palavras simpáticas, ela pôs-me a mão... no ombro e disse-me nos olhos: "Salvaste-me, quero ver-te no concerto, amanhã!" (se não foi isto, foi parecido, vá!)

Duvidam que a própria Samantha Fox esteve a falar comigo? Então, de castigo, não vos conto a história da toalha que usou para se limpar... Não conto. (ponto)

Ah! Com esta irritação provocada por vós, com essas duvidas que me soam a "inBeija", até me esqueci de dizer que o póster da Samantha Fox que colei no meu quarto estava... no tecto, literalmente.

Kiko

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