quinta-feira, 8 de março de 2012

Fora d' Mão


Fora d'Mão

Decorria a primeira metade da década de 90, quando um amigo decidiu meter-se no sonho que "todos" tinham na altura: ter um bar, ter o Bar. Batizou-o de "Fora d'Mão" e, com algumas obras pelo meio, transformou um café-restaurante num "point" para jovens na "flor da adrenalina", uma mistura de bar com discoteca, lá para os lados da praia de Salgueiros... E eu, lá aceitei o convite para dar banda sonora às centenas de visitantes que por lá passavam, quase religiosamente... (Ainda ontem falava disso com um dos clientes que mais pagava "Cocktails" por metro quadrado.)
Tratando-se de um amigo, exigi como salário muitas tulipas de "SuperBock" e os fabulosos amendoins da marca "Continente". E que bem que sabiam! Que bem sabia aquele frenesim que, principalmente aos Domingos à tarde, fazia-me sentir uma estrela de Gaia, tal era a fila de "teenagers" que aguardavam pela abertura, sob o olhar atento do Zé (Grande) e do Paul (mais tarde)... Era giro chegar, entrar e pensar nos discos que tocaria mais alto, os mesmos de quase sempre...
Naquele piso inferior (a pista), lá estava eu no meu "reino", lá no alto na cabine envolta por madeira a toda a volta, lá estava o Kiko, locutor de rádio à semana e "passador de discos" (nunca fui "grande espiga" a misturar) ao fim de semana.
E não é que entre "Lil Devil", "Here comes your man" e "Show me love", sem esquecer o "Sweet a la la long" e demais pérolas daquele tempo, o Fora d'Mão lotava, ao ponto de o "DJ" - eu - ser literalmente apalpado de cada vez que colocava um "Maxi-Single" para ir à casa-de-banho "verter o resultado de tanta cerveja"...
E entre a abertura de pista (uma gravação de um "Megamix" importado) e o fecho com uma balada ao jeito dos "Scorpions", eram horas de puro prazer aquelas com que, ao som de "Sunday, bloody sunday", conseguia pôr todos a cantar e a dançar, fossem os "pregos" galiota ou de outro tamanho qualquer... E para muitos, o que contava era o transpirar para justificar o preço do cartão, o conquistar de "linguados" de um "amor" nascido no acaso e o ir embora na camioneta do "Paniceiro", antes que os "penantes" se transformassem em única solução... Isto, claro, para quem não estacionava lá à porta a sua "Casal Boss" ou carro em 3ª e 4ª mão, coisa rara naquelas idades, idades de outros tempos...
E ontem, já em pleno 2012, no início de um jantar de "ex-jovens" (coisa de "cotas" que gostam de reviver a juventude), a tecnologia entregou-me um SMS que anunciava que o Zé Grande, aquele porteiro simpático que "fez parte da mobília" dos locais mais emblemáticos da noite Portuense, disse Adeus, deixando-nos... "Fora d'Mão".

Kiko

* Texto dedicado a um amigo, ex-colega de trabalho e... companheiro. Paz.

* Foto: Tony, Isa, Kiko e Quitó.

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