sábado, 10 de março de 2012

Laca


Laca

Nunca me dei muito bem com o gel, apesar de, com ele, ter chegado a ter uma relação estreita, durante um ou dois anos... A laca, da L'Oreal, essa sim, foi uma parceira de todas as manhãs, tardes, noites e madrugadas... E não me faltou, durante 6 ou 7 anos a fio. Ai, dela!

Em termos de visual, até poderia estar tudo mal, mas o meu cabelo - castanho e fino, para que se conste - tinha que estar "impec", demorasse o que demorasse, fosse qual fosse o atraso, viesse quem viesse.

E foram muitas as vezes em que perdi o "91" que me levava à Preparatória e à Secundária de Valadares (Gaia), por causa de um ou outro fio daquela pala, fazendo-me correr uns 3 ou 4 km pela linha do comboio... E, já agora, foram tantas as histórias que desfilaram por aqueles carris, com toda ou já com quase laca nenhuma!...

A mania de ter o penteado sempre alinhado e umas patilhas sem patilhas, na altura, convenceram-me a ser assim, teimoso, exageradamente persistente, como se o cabelo fizesse toda a diferença. É, está visto, para mim, fazia!

O orçamento familiar, assumo, era diretamente influenciado pela quantidade de latas de laca que adquiria na loja do Sr. Eduardo (na avenida)... E era frequente, depois de tanto e tanto spray, voltar ao início do ritual, lavando o cabelo, secando-o, penteando-o e... "laca, que se faz tarde!"... Pois, tal e qual. (eu dizia que era um gel fino, sem convencer)

Em 1989, algo triste, no cabeleireiro de homens do VilaGaia, lá fui informado de que seria melhor cortar o cabelo fora do quartel, já que o destino que me reservada aquela idade e o "pronto" carimbado na inspeção militar, fixaram o dia do corte "radical". E dizia o Sr. Ramos que: "pelo menos ali, poderia optar por um pente 3 em vez do pente 1 tratado à balda", o qual se faria valer aquando da recepção da farda.

O dia anterior ao da ida para a recruta chegou. E lá se foi a pala, com "dor" mas com a convicção de que ela regressaria 9 meses mais tarde, ou 10, ou 11, ou 12... E voltou, mas nunca mais foi a mesma!

A maldita boina, disseram os "entendidos", tinha sido inimiga impiedosa de todo o tempo e dinheiro investidos naquele apronto, naquela imagem de marca, naquele cabelo que tratei horas a fio, fio a fio... E foi desde aí que, provavelmente revoltado pelo percurso capilar que a tropa me deu, o cabelo nunca mais me tratou como no antigamente, por mais que lhe transmitisse querer voltar atrás... Foi-se, e foi-se devagar, devagarinho, até à estocada final (pente 0), no ano de 2002, calculo.

Não tenho saudades da laca, nem do gel... Mas tenho saudades de passar os dedos pelo cabelo, vezes sem conta, como que a pô-lo no sítio... Algo que, instintivamente, ainda faço hoje, tantas "maquinadas" depois... E talvez porque o meu cabelo - digam o que disserem., já não dê nas vistas nem tenha como recorrer aos "conservantes" para voltar a ser à minha maneira, ele existe e persiste. Tem é outro estilo. (ponto)

Kiko

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