terça-feira, 20 de março de 2012

O Diário


“O Diário” 

 Na altura em que não se sonhava com o “Facebook” nem com estas “canetas com teclas” - e já que nem todos tinham acesso à tecnologia das máquinas de escrever, existiam uma espécie de cadernos com “aloquete” (alguém quer ir ao acordo ortográfico ver como se escreve?) que faziam sucesso, embora fossem algo “privados” e essencialmente usados por raparigas. Estou a falar dos “Diários”, obviamente. 

 Sim, também tive “Diários”, os quais começaram por ser agendas (adorava estrear agendas, embora ficassem pelo caminho lá para o mês de Fevereiro) e nelas escrever com letra “direitinha” as aventuras e desventuras de um dia-a-dia cheio de “responsabilidades”, ou nem por isso. 

 Exemplos? Cá vão: 
 - Dei um beijo de grau 5 (de 1 a 10) na “Clementina”. Foi assim-assim e não voltou a repetir-se. 
- Comprei 5 “Kalkitos” e fiz uma série de batalhas-navais, perdendo duas e ganhando as outras todas. 
 - Não resisti a gastar 50$00 em “Bombocas”, conseguindo chegar a casa com uma caixa por enxertar. 
 - Fui ao cinema “Batalha” e vi uma morena com um decote que me fez apaixonar por ela, principalmente naquela cena em que se abaixou. 

 E por aí fora… (basta puxarem pela vossa e pela minha imaginação) 

 Uns anos mais à frente, já com “namoradas oficiais”, a moda dos “Diários” voltou a ocupar-me os dias, havendo mesmo troca de correspondência via “Diário”, ou seja; uns dias era escrito no meu quarto, outros dias era escrito no quarto delas, com cada no seu “poiso”, claro! 

Já não tenho esse hábito, embora ainda tenha para ali uns “Diários” desses tempos, mas, de quando em vez, apreciava ler e reler o que se tinha escrito, o que se tinha confessado, o que se tinha sentido (e inventado, para o caso que alguém os vir a ler)… Enfim; o que se andou a fazer naquelas alturas em que o tempo parecia sobrar e dar para tudo e mais alguma coisa… 

 Hoje, por ironia do destino, todos voltamos a escrever em diários, embora com outras “canetas”. Enquanto uns destacam os seus dias no “Facebook”, outros destacam as suas responsabilidades na agenda do telemóvel. E, sem se aperceberem, passaram a ter um “Diário” mais preenchido do que aqueles que se usavam na infância e na juventude (precoce). 

 E porquê? Porque… Há que não esquecer. Há que relembrar. Há que assinalar. Afinal, a história de cada um escreve-se todos os dias… ao sabor dos acontecimentos, e mesmo quando o que acontece não é digno de merecer mais do que uma ou outra palavra. Bem, por falar em “Diários”, deixem-me ir, porque o telemóvel, com o seu som irritante, já me avisou 4 vezes de que está na hora de ir falar aos “Diários” dos outros… 

 Kiko 

 * Foi difícil, mas contive-me e não explanei alguns dos "segredos" que os diários guardam. (risos)

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