quinta-feira, 29 de março de 2012

Slows



Dois passos para a esquerda, dois passos para a direita… Ou qualquer coisa deste género foi o que ouvi, imaginei ou sonhei…

Era sempre assim que me respondiam as raparigas, moças e mulheres (conhecidas, a conhecer ou continuadamente desconhecidas) com quem, por delicadeza (ou interesse), aceitei tentar dançar “slow”, embora, registe-se já, sempre as tenha avisado de que não o conseguiria, já que não sabia ou nunca o tinha feito (mentira repetida até à exaustão). 

E, na verdade, quanto a dançar, acho que o devo ter conseguido uns 20 segundos numas duas ou três vezes… E, já agora, nunca consegui dançar mais do que uma canção (duvido que alguma vez tenha dançado uma completa).

Que chatice!

Sim, que chatice principalmente naqueles anos 80 e 90 em que, nas discotecas da moda (Banda, Rock’s, Danceteria, Stakel, Pink Panther, Pedra do Couto, Stop, Brasília Club, Amnésia, KU e até no Olé, Olé, entre mais algumas), havia quase sempre aquela meia hora de baladas em que se poderia sair da pista (onde já se praticava o “air guitar”) para ir “sacar” a miúda a quem (todos) tínhamos feito “olhinhos” durante umas duas horas.

Claro que havia sempre a hipótese de elas nos darem uma valente nega, rirem-se na nossa cara ou… aceitarem. E, nesta última hipótese, aquela a que raramente tive direito (por desistência precoce, a minha), o mais interessante passava por pôr em prática as seguintes regras:

1)      Apertá-las de maneira a sentir o seu peito junto ao nosso (para poder tirar as “medidas”, imaginar mais tarde e sentirmo-nos uns verdadeiros machos latinos)

2)      Tentar levar as mãos para o mais próximo possível do rabo delas (para poder mostrar aos outros que se estava a “controlar” e que o “piso” era nosso, só nosso)

3)      Beijar-lhes o pescoço a caminho da boca para tentar sacar um “linguado” antes do final da primeira balada (para provar aos outros e a nós que, afinal, éramos exímios, não na dança, mas na conquista)

Claro está que esta é a visão romanceada da “coisa”, porque, na maior parte das vezes, o que se levava de “prémio” era uma desistência em directo (delas), ficando-se sozinho no meio daquela escuridão onde se via muito bem. E o pior era ter que arranjar desculpas esfarrapadas para o gozo que se levava dos amigos que queriam ver se a nossa garganta (de antes) teria resultados práticos.

Por outro lado, na verdade, eu fazia (mais) parte daquele gigante grupo a quem dava uma insuportável sede de cada vez que as luzes baixavam e as baladas entravam, dirigindo-me para o balcão mais próximo onde, numa multidão de “sequiosos”, lá ia dando a entender que naquele dia (como em quase todos) não estava virado para o “roço”.

Registe-se que isto de se ter que ser dançarino de “Still loving you” e “Lover why” tinha muito que “se lhe diga”. E nem os treinos em casa deram grandes resultados, por mais que quisesse aprender a dançar para poder evitar dar tanto uso ao “Latim” como aquele que tive que dar para conseguir mais do que “olhinhos” no “barulho das luzes”.

Kiko

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