sábado, 24 de março de 2012

Capas de Escola

"Capas de Escola" 

 A escola tinha muito mais piada no “Secundário”, naquela altura em que se aprendia imenso… E não me estou a referir às disciplinas mas sim ao “trinca-cevada”, ao “molha-a-sopa”, às faltas em grupo, às idas para o café para ver os jogos do Benfica às quartas-feiras à tarde, às matinés nas discotecas para tentar dançar os “hit´s” que vendiam imenso “lá fora”, aos “troços” bem e mal tirados, às férias grandes que nunca mais acabavam e a tantas outras coisas… Sem esquecer, claro, as capas de escola que nos acompanhavam de 2ª a 6ª feira… 

No fundo, esse objecto que deveria ser a melhor das ferramentas para se tirarem quatros, cincos e evitar as “negas”, mereciam, por parte dos mais criativos, um destaque especial. Ou seja: encaderna-las, às capas. 

A revista “Bravo” foi, sem dúvida, a grande fonte de recolha de imagens a cores que recortávamos, conjugávamos, colávamos e plastificávamos, para poder exibi-las orgulhosamente nos intervalos e nas esperas pelo autocarro. E foram muitos os que adoptaram a mania das capas exclusivas, fosse com assinatura própria ou com assinatura emprestada por outros. 

Não me esqueço da capa que mais gostei de exibir, principalmente por, na minha opinião muito suspeita, ser a mais original da escola Secundária de Valadares (Gaia) e a mais original de todas as tantas que encadernei, inclusive para outros, e foram muitas. 

Mas, afinal, o que tinha essa capa de escola de tão especial para merecer tanto alarido? 

Bem, esta capa foi encadernada com a capa do álbum “Under a blood red sky” dos “U2”, um “EP” ao vivo que vendeu que se fartou depois do “Live Aid” de 1985. 

E lá andava eu, no alto dos meus 16 anos, a mostrar a capa a todos e a mais alguns, inclusive àqueles que nem sabiam quem eram os “U2” e muito menos que aquele disco continha o polémico “Sunday, bloody Sunday”, com quem se iriam cruzar ao longo da vida, certamente. 

Como foi possível estragar uma capa de um disco tão “importante” por causa de uma capa de escola? 
Bem, lá vou confessar pela primeira vez. Quando vi o “Live Aid” na “RTP”, sem perder tempo, fui à “Palladium” (Staª Catarina) comprar todos os discos à venda dos “U2”. Consegui levar para casa o “October”, “Unforgattable Fire” e o tal “Under a blood red sky”. Só que, num determinado dia, por acidente, parti o vinil, vendo-me obrigado a comprar outro. 

O que fazer com a capa do disco partido? 

Nem mais! Dar nas vistas usando-o de maneira muito original como capa para a capa da escola. Foi um sucesso tão grande que, desde essa capa, que me lembre, nunca mais encarnei nenhuma (para mim), já que entendi que aquele tinha sido o expoente máximo naquela tarefa de dar imagem e cor à matéria mais cinzenta do meu “Secundário”, a Matemática. 

E, já agora, por falar em dar cor, e em jeito de curiosidade, registem que todas as minhas capas de escola faziam sucesso não só pelo que exibiam no seu exterior mas sim (e também) pelo que “escondiam” no seu interior: recortes de fotografias de lindas mulheres nuas retiradas às revistas “Newlook”. 

 Kiko

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