quarta-feira, 21 de novembro de 2012

“Bobi”


O meu primeiro cão, o Bobi, era aquele animal que se pode considerar de normal. Isto, claro, naquela altura, década de 70, em que os cães, normalmente, eram todos rafeiros, ou, como costumo dizer - a brincar, não tinham “marca”. 

Mas o Bobi, apesar de pequeno, e algo velho (não me lembro como surgiu na minha vida), era um cão inteligente e com a mania de que tinha estilo, sem o ter, ao ponto de, na minha Rua da Pitada, não muito frequentada por automó
veis, adorar estatelar-se bem no meio da estreita artéria, como "se não houvesse amanhã". Os eventuais e raros veículos, se por acaso quisessem passar, que fizessem manobras, já que raramente o meu cão saía do seu descanso real. 

Mas o Bobi, famoso na pequena rua sem saída, principalmente por aparecer muitas vezes com marcas da guerra – de cada vez que se aventurava para lá da “sua” rua, não era animal de se deixar abater, por mais mordedelas que outros cães, mais fortes – imagino, lhe infligissem. Mais, acho mesmo que todas aquelas batalhas devem ter sido travadas em nome do amor, já que, quando ele aparecia ferido, geralmente, isso era o resultado do seu “desaparecer” por dois ou três dias, eventualmente por gostar de dar as suas “escapadelas em casota alheia", isto apesar de ser “solteiro, já que, lá na rua, pelo menos, não tinha namorada, nem tão pouco candidata a tal posto, já que não existiam cadelas, se bem me lembro. 

Mas o mais curioso, entre outras peripécias de uma relação fiel – claro! – para com o seu círculo social, destaco a mania que ele tinha em ir buscar a um pinhal próximo os sacos do lixo que uma vizinha atirava para lá. Sim, o Bobi deixava-a fazer uns 200 metros com os sacos do lixo e, depois, como “quem não quer a coisa”, sem que ela se apercebesse, ia buscá-los, e colocava-os à sua porta, à dela.

É, o Bibi, apesar de bem rafeiro, era, já naquela altura, dado às questões ambientais. Ao trazer os sacos do lixo de vizinha, eventualmente, estaria a transmitir-nos que, mais década, menos década, apareceriam os “lixões”.

Kiko

• Infelizmente, o Bobi morreu de cancro, mas teve uma vida feliz, uma vida de “Pasha”, como se dizia naquela altura.

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