terça-feira, 13 de novembro de 2012

“Tijolo”



Hoje, de cada vez que ouço um “tijolo ambulante” – vulgo carro com vidros abertos e com “pum-pum” ou “pim-pim” nas alturas, lá olho, claro, e, mentalmente, reprovo aquele “dar nas vistas”. 

Mas, pensando melhor, uns segundos depois, e colocando a mão na consciência, lá desvalorizo a questão (desde que o som tenha ido) e recordo os tempos, meados da década de 80, em que eu e mais uns amigos fazíamos quase o mesmo, ou pior.

Era nas “férias grandes” q
ue sabia especialmente bem comprar 8 pilhas das grandes, colocá-las no gravador gigante (e pesado) que um de nós tinha e - ala que se faz tarde! – toca a embarcar no autocarro “57” com destino à praia da Madalena. 

O autocarro apinhado, mesmo sem nos apercebermos, imagino, deve ter reclamado e insultado-nos (telepaticamente) durante os cerca de 15 minutos de viagem, já que, entre Iron Maiden e Samantha Fox, convenhamos, não deve ser nada interessante de ouvir uma selecção musical tão, tão aprimorada, principalmente quando nem sempre as cassetes tinham o som mais afinado, por causa dos “corta e cose” a que gravar os "discos pedidos" obrigava, para fugir à voz dos locutores. 

Chegados à praia, ou seja, já de toalha estendida e estrategicamente estacionada o mais perto possível do maior número de “solteiras” à vista, lá chegava a vez de trocar de cassete para se conseguir uma selecção musical mais "romântico-apelativa", ao ponto de (por minha iniciativa) tocar, voltar a tocar, e voltar a tocar mais uma série de vezes, o “Sailing” e “I don’t want to talk about it”, nas versões ao vivo, e excelentes, de Rod Stewart. 

Qual era o objectivo? 

Bem, ainda hoje estou para (me e nos) entender. 

Será que estaríamos à espera que alguma “garina” nos convidasse para dançar slow em pleno areal?

Penso que não. Ou melhor, sei que não.

Será que o que queríamos era que “toda” a praia reparasse em nós?

Tenho quase a certeza que sim. Ou, definitivamente, sim.

Enfim, coisas de putos armados em “estilhosos”, e barulhentos, já agora.

Kiko

• Um dos problemas, além do preço das pilhas (das grandes), que duravam pouco, era ter que carregar com o “tijolo”, principalmente naqueles percursos em que não havia “público” para nos dar "músculo". (risos)

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