sábado, 3 de novembro de 2012

“Cruzinhas”


No meu 8º ano do ensino secundário, em 1983/84, na escola de Valadares, foi com espanto que, depois de umas semanas sem professor (para nosso contentamento), lá recebemos a indicação de que já haveria alguém (para nosso descontentamento) para nos apresentar uma disciplina para a qual só uma pequeníssima percentagem de alunos achava que serviria para alguma coisa: biologia. (a ignorância, enquanto teenagers inconscientes, faz com que tenhamos este 
tipo de “saberes")


Pois bem. Lá fomos todos para a porta da sala que o horário indicava para ver em primeira mão quem e como seria a “ave rara” que nos iria suportar (o termo foi exemplarmente escolhido, dadas as qualidades da turma em questão). E, quando tal, numa espécie de visão do além ou do aquém, para espanto de todos, inclusive dos funcionários da escola, eis que aparece um ser humano magrinho, de óculos redondinhos apoiados no nariz… envergando um fato-macaco.
Sim, o professor de biologia envergava um fato-macaco, e dos azuis, ou seja, dos mais típicos. 

Obviamente que se gerou uma catadupa de opiniões sob a forma de murmúrio, destacando-se a seguinte pergunta-afirmação:

- Quem é este? Passou-se?!

Mas as surpresas não ficaram por aqui. Além de vestir de maneira peculiar, para professor, sublinhe-se, fazia-se conduzir numa motorizada “Famel Zundap” e, para gáudio de todos, na tal aula de apresentação, disse-nos algo do género: 

- Comigo, os testes são de escolha múltipla. (o que, traduzido, significava testes em que as respostas eram dadas através de cruzinhas) 

Uau! Ficamos todos felizes, mesmo felizes, principalmente os que copiavam pior, pois viram a luz da sapiência a 40 centímetros de distância, ou seja, a 40 centímetros do colega do lado. Isto, claro, sem esquecer que os que não copiavam, como era o meu caso, com esta fórmula fantástica, tinham a hipótese de ter hipóteses. Seria uma questão de fezada, sem esquecer que, sendo testes de cruzinhas, seriam feitos em menos de “um fósforo”. 

E a fezada comprovou-se. Não uma, não duas, mas em todos os testes que este professor de biologia nos apresentou. Ou seja, cerca de 80% dos alunos tiraram negativa. O que, convenhamos, demonstrou que o professor é que poderia vestir o tal fato, mas nós é que, em termos de primatologia, estávamos mais próximos do (ser) macaco.

Kiko

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