terça-feira, 30 de outubro de 2012
“Cédula”
Sou do tempo em que só se tinha bilhete de identidade lá para os 10 anos de idade. Hoje, pegando no exemplo do meu filho, tem-se Cartão do Cidadão (já com todos os números e mais alguns) logo aos primeiros anos de vida.
“ - São os tempos!” – diz-se.
Lá no outro (meu) tempo, na década de 70, a cédula pessoal era quase um tesouro guardado a sete chaves, já que só saía do seu “esconderijo” – uma carteira onde a minha mãe guardava todos os documentos
importantes, em condições muito extraordinárias: quando eram precisos, ou seja, quase nunca. E naquela altura, tudo o que era documento, era excessivamente importante, eventualmente por serem poucos, e não se podiam (mesmo) perder. Hoje, com documentos para tudo e qualquer coisa, já se podem perder todos, porque não demoramos 3 meses a receber um bilhete de identidade, aquele que, naquela altura, vinha de Lisboa (eventualmente por barco a remos, para demorar tanto).
E como era diferente ir tirar-se o bilhete de identidade. Era uma espécie de crescimento efectivo, nem que fosse apenas para se dizer que se (o) tinha, já que, convém não esquecer, aquele pedaço de papel com a nossa fotografia e assinatura plastificado estava sempre guardado no tal "esconderijo" (dentro de uma gaveta de uma cómoda).
Como era diferente aquele cerimonial de ir tirar as fotografias “tipo-passe”…
– São para o bilhete de identidade… “ – dizia a minha mãe ao fotógrafo de Coimbrões.
- Ah! Então tens que ficar bem, rapaz. Afinal, já és um homem! – acrescentava o fotógrafo.
E eu ficava feliz, ao ponto de não querer sorrir para a fotografia a preto e branco, para dar aquele ar de crescido. E só não ficava em “bicos de pés” porque, constatava, a fotografia só registava meio corpo.
Hoje, já não existe a cédula, aquele caderno fino que os teclados de computador não chegaram a conhecer. Hoje, já não se tem que ir ao fotógrafo uns dias antes envergando a melhor roupa. Hoje, já não se registam os filhos 1 mês depois de nascerem.
Em resumo, hoje, em termos de se ser gente, já não se o é num papel, é-se num ficheiro electrónico, e cresce-se como cidadão em rápidos segundos, independentemente da idade.
• Sim, ainda tenho a minha cédula pessoal, esta.
E como era diferente ir tirar-se o bilhete de identidade. Era uma espécie de crescimento efectivo, nem que fosse apenas para se dizer que se (o) tinha, já que, convém não esquecer, aquele pedaço de papel com a nossa fotografia e assinatura plastificado estava sempre guardado no tal "esconderijo" (dentro de uma gaveta de uma cómoda).
Como era diferente aquele cerimonial de ir tirar as fotografias “tipo-passe”…
– São para o bilhete de identidade… “ – dizia a minha mãe ao fotógrafo de Coimbrões.
- Ah! Então tens que ficar bem, rapaz. Afinal, já és um homem! – acrescentava o fotógrafo.
E eu ficava feliz, ao ponto de não querer sorrir para a fotografia a preto e branco, para dar aquele ar de crescido. E só não ficava em “bicos de pés” porque, constatava, a fotografia só registava meio corpo.
Hoje, já não existe a cédula, aquele caderno fino que os teclados de computador não chegaram a conhecer. Hoje, já não se tem que ir ao fotógrafo uns dias antes envergando a melhor roupa. Hoje, já não se registam os filhos 1 mês depois de nascerem.
Em resumo, hoje, em termos de se ser gente, já não se o é num papel, é-se num ficheiro electrónico, e cresce-se como cidadão em rápidos segundos, independentemente da idade.
Kiko
• Sim, ainda tenho a minha cédula pessoal, esta.
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