Roubaram-me as Fraldas
O governo de Sócrates acaba de retirar ao meu filho 1 pacote de fraldas... Ou seja: acaba de lhe retirar o abono de família, aqueles pouco mais de €20 que apareciam disfarçadamente "ali" no saldo bancário, entre as várias parcelas do "dever e haver"... É, essa parcela, que, espero eu, não retirará as fraldas ao rebento, passará a ser uma espécie de "lembras-te, antigamente havia uma coisa a que chamávamos abono, uma coisa pequenina, mas recebida com agrado"...- Quem?!
Estou já há vários dias para rabiscar a minha opinião sobre o novo seleccionador nacional, Paulo Bento - aquele jovem que fez maravilhas nas camadas jovens do Sporting mas que eu prefiro recordar pela sua conduta firme e eficaz enquanto jogador. Em resumo, e espero enganar-me redondamente, vamos ter "mais do mesmo" e, pior ainda, desta vez, as contas voltarão a ser apertadíssimas, se chegarem para a "prova dos nove", à custa das benesses de uma "Dinamarca" qualquer, como aconteceu no apuramento medíocre para o recente Mundial.
Percebo muito pouco de futebol, daí não me armar em "treinador de bancada", mas estou em crer que Paulo Bento não é a pessoa certa para uma equipa que deveria estar (mesmo!) no leque das melhores do mundo.
Por outro lado, e em jeito de "auto-ataque", tento responder a um famoso jornalista televisivo a quem, há poucos dias, perguntei se não achava que deveríamos ter um melhor seleccionador, respondendo-me ele com esta pergunta:
- Francisco, diz-me lá quem? Quem?!
Pois, assim sem ser o Scolari, que continuo a defender como o que melhores resultados trouxe, não me lembro de ninguém, ninguém, quero dizer, a quem não possa apontar aspectos indesejáveis, tendo em atenção que o Mourinho, para já, não conta.
- Já ia!
Confesso que sou daqueles que torce o nariz à expressão: "tenho cuidado com o que como". Digo-o erradamente, provavelmente, mas convictamente, mesmo voltando a recorrer ao: erradamente. Fiz-me entender?Mas, e voltando ao mote deste texto, mesmo compreendendo que devemos comer menos e melhor, sou daqueles que não se importa nada de comer muito... e melhor. E, para mim, o melhor é comer aquilo que mais aprecio, mesmo que seja um "prego no prato". E mesmo detestando as consequências colaterais, tais como enfartamento, adoro poder sentar-me à mesa, de preferência caseira, e saborear... até me empanturrar, como se não houvesse amanhã.
Puxar Ferro... Ou ferrinhos.
É urgente mudar de ginásio e tonificar os músculos que agilizam (ou fazem apodrecer!?) os pensamentos. É urgente dar mais "corpo" às emoções, privilegiando as ligadas à alegria, à felicidade, ao bem-estar. Consciência?! Sim, consciência. É que nos minutos que correm, fiquemos elucidados, anestesia-se a consciência com o "puxar ferro", sejam "ferros" de lustro ou de papelão, infelizmente.
O escuro das Cores
Um dia destes tentarei mudar a cor aos meus dias e às minhas noites, só para tentar ver tudo por uma perspectiva menos imposta pelas condições vigentes. Vou tentar mudar a cor à roupa, às ruas, às pessoas e, se lá conseguir chegar, tentarei mudar a cor ao pensamento. Só para ver o que acontece? Para ver se com esta luz, a de sempre, não ando a ver mal, demasiado mal...É, por vezes é preciso mudar de perspectiva para se ver melhor e, claro, decidir com mais clarividência, com menos "rituais", mesmo que para isso tenhamos que ficar às escuras, uma cor, convenhamos, que tantas vezes nos ensina e obriga a ver com olhos de ver.
Eu rezo, tu rezas e eles...
Sou daqueles, não sei se muitos ou poucos, que acha que, independentemente da prática activa ou passiva das religiões, todos rezam, todos falam com Ele, Deus ou outra "entidade" qualquer. Será uma espécie de introdução à conversa com Ele, em jeito de pedido de "reunião"? Será uma espécie de fórmula, nada secreta, para conseguir a Sua atenção e dedicação especial? Será uma "desculpa" para tentar passar as culpas para outro lado, o Dele?
Não sei se alguém saberá explicar além do dicionário mas, por outro lado, uma coisa é certa, mesmo que não saibamos para o "que serve", mal não fará certamente.
Sombra da Bananeira
Quantos de nós andam à "sombra da bananeira", mesmo numa altura em que as bananas andam mais murchas do que nunca, mais escondidas, para não dizer mais pisadas e podres?! Mas, mesmo assim, continuamos a fazer dos nossos hábitos um autêntico "bananal", nem que seja sob o efeito de miragem, aguentando as pontas ao "fio da navalha", certos de que nos iremos salvar, nem que seja deixando as "contas da vida" para os descendentes liquidarem.Temos que mudar urgentemente de filosofia de vida, temos que mudar de hábitos, temos que ficar mais sensíveis, mais humanos, mais pessoas, mais verdadeiros, mais nós.
De que é que estou a falar, afinal?
De tudo e de nada. De tudo o que deveríamos fazer para ter uma vida mais verdadeira e menos "lantejoulada" e de nada, aquilo que levamos, quando partirmos.
Sim, de que serve amealhar dívidas se nos arrependeremos de as contrair? Sim, de que serve não fazer melhor se nos arrependeremos do que deixamos de ser e de fazer?
Eu sei que o tudo e o nada são apenas "bananas", mas será que vale mesmo a pena viver-se na "sombra"?
O Silêncio das Sirenes
São inúmeras as pessoas que neste preciso momento andam à procura de uma "saída de emergência", seja qual for o contexto, ou melhor, seja qual for a emergência. E, como imaginam, não me refiro àquelas emergências com direito a "sirene", mas sim às outras, aquelas vividas em silêncio, em tantos cantos destas nossas ruas. Preocupa-me, e muito, esta nova moda das emergências silenciosas, ao ponto de achar que deveria ser criado um "corpo de bombeiros" que, sem sirenes, acudisse às tantas dores espalhadas por aí...
Alfinetadas
Acredito que todos somos ingénuos, uns mais que outros, naturalmente, mas todos padecemos do mesmo, inclusive aqueles que se dizem "nunca enganados", por estarem sempre alerta. Será que estão? Será que conseguem? Cá por mim, são enganados mais do que imaginariam, mesmo sem estarem alerta. Mas esta é também uma das várias piadas com que se veste a vida, um dos seus condimentos, permitindo que haja mais "assunto", para não lhe chamar outra coisa.Eu, mero exemplo, considero-me um dos mais ingénuos dos ingénuos, embora por convicção, porque aprecio a leveza com que encaro o verbo acreditar nos outros, talvez por querer acreditar quase sempre... Mas, por outro lado, tal como cada um, não sou de "me ficar", usando essas alfinetadas para filtrar quem me "pica". E mesmo que não responda na mesma moeda, os visados, acredito, percebem facilmente que o grau de atenção de que dispunham perante mim esvazia-se rapidamente, graças ao uso que dou à agulha com que me alfinetaram, alfinetam ou alfinetarão, mesmo "às escondidas".
Vintage
De quando em vez, só para darmos mais valor às "facilidades" que temos, deveríamos ser mais "vintage".Estou em crer que apreciaríamos mais o tanto que nos é dado ou, e porque não (?!), mudaríamos radicalmente muito do que somos e fazemos.
Não quero dizer que no antigamente é que se estava bem, apenas quero lançar a questão de que "quanto mais temos menos valorizamos", assim ao jeito de "profissionais do insatisfeito".
Pobre de Rico
Sou fã de milionários como o Bill Gates, daqueles que sabem dar uso ao dinheiro que têm em prol dos que não têm. E não me refiro aos seus familiares e amigos, inclusive aos seus filhos que, segundo ele, vão ter que se fazer à vida para construir os seus "impérios", se os quiserem ter, claro. Mas há mais, muito mais. Posso referir, por exemplo, mais um, que este homem mais rico do mundo anda a reunir-se um pouco por todo o mundo com os mais "pesados" milionários para os tentar convencer a doarem 50% das suas fortunas para causas como estas, as de salvarem milhões de pessoas que não têm como se salvarem sozinhas.
- Perdoe o incómodo!
Há anos que me apetece escrever sobre aquelas pessoas, provavelmente fantásticas nas suas vidas fora do emprego, que têm o dom de atender "por favor", sim, aquelas pessoas brilhantes, provavelmente nos seus sonhos, que têm o dom de detestar o que fazem e de o demonstrarem com todas as rugas e cabelos brancos, mesmo não os tendo.O corpo é que Paga
Deveríamos poder escolher o nosso próprio fuso horário, de acordo com a vontade do dia, ou do momento. Deveríamos poder estar em Bangkok, em São Paulo ou Nova Deli, sempre que nos desse jeito.Complot
Um minuto destes olhei para o meu velho espelho, aquele estranho que raramente cumprimento, mesmo sabendo que isso é falta de educação. Passou-me pela cabeça perguntar-lhe as horas. E ele, carregado de ironia, respondeu-me que "já era tarde", inclusive para mim, aquele que prometi vir a ser.Não, não acreditei naquele reflexo estapafúrdio que teima em dizer o que lhe apetece porque, simplesmente, nunca há um outro espelho por perto que me permita uma verdadeira "prova dos 9", que é o mínimo que mereço, quanto mais não seja pelos cabelos brancos que ostento.
Fiz-lhe um "manguito", torto, é certo, mas com vontade, pelo menos no lúcido pensamento. E ele, aquele espelho de 4 décadas, teve a distinta lata de franzir o meu próprio rosto e, como que por magia, da falsa, claro (!), repetiu-me que "já era tarde", inclusive para mim, aquele que prometi vir a ser.
Como é que o fiz pagar por tamanha ousadia, por tamanha falsidade? Ainda não o fiz, mas certamente que o farei um ano destes, naquela outra altura em que o meu relógio se chatear de vez e me disser as horas certas, e não as combinadas... com aquele estranho que raramente cumprimento e que se dá pelo título de espelho.
Francisco Moreira
Intervalos
É quando a cidade adormece que melhor me revejo, que menos me contraio e que melhor me defino... É nessa (nesta!) altura que adoro acontecer, neste silêncio de gritos, por vezes mais doridos, ou talvez não, mas sempre autênticos, entre um e outro cigarro, num e noutro gole de água, imbuído de pensamentos que as imagens oferecem sem troco, sem horas, sem punição... E o amanhã, para muitos, já começou, entre aquele respirar do guerreiro e a vertigem do acordar, porque também se faz tarde, mesmo no sono, mesmo nos sonhos... E eu aqui, neste intervalo roubado, mais um, entre mim e mim, sem pressa de chegar ao dia onde já estou, cansado, mas ciente de quem sou.
Balão a Balão
Por que é que não poderemos viver eternamente na era dos "balões de sabão", mesmo sabendo que rebentarão e se dissiparão sem futuro possível, a menos que façamos novos balões, e mais balões? É tão mais fácil quando andamos de balão em balão, naquela outra altura dos "porquês", dos "porque sim", para não que me referir aos actuais "tem que ser"...
Quando olho para os balões que faço para o meu filho fico sempre com inveja de não os estar a fazer para mim... Mas, por outro lado, à custa dos dele, confesso, vou saboreando ao de leve aqueles lugares por onde ele viaja, balão a balão, porque sim...
- Abracem-se!
É preciso sair à rua e começar a abraçar estátuas, nem que seja sob o pretexto tresloucado de ser por uma espécie de serviço público, como se se tratasse de um novo desporto. É preciso dar mais abraços, sentir os verdadeiros e catalogar os falsos, numa espécie de "coador" ambulante.E porquê?
Não, não é apenas pela falta dos ditos, dos abraços, mas também, e principalmente, pela necessidade que há em sentirmos que somos gente, que gostamos de o ser, que temos que o continuar a ser, que temos que fazer por isso, por acontecer, com carne e osso, mesmo que isso nos "limpe o sebo", à custa de algumas descobertas menos esperadas e muito menos desejadas.
É preciso abraçar o próximo e o afastado. É preciso agir, sob pensa de nos transformarmos em tristes manequins, daqueles que vivem de e em montras, e cada vez mais em saldo, sem que ninguém se atreva a comprar.
Nas costas dos outros...
Estou cheio e cansado de ver e cumprimentar rostos de barro, daqueles que não param de nos enganar com "contos e ditos", só para salvarem a própria pele, se é que ainda a têm.Umbigo de Deus
Um dia destes telefono para o Senhor lá de Cima, só para lhe perguntar se está tudo bem com Ele, se não precisa de nada, se lhe posso ser útil ou, quiçá, para o convidar para tomarmos um café.O mais importante do Mundo
Filho é aquele ser que nos acorda, aquela interferência que nos faz perceber à força que a vida é muito mais do que contas e obrigações, muito mais do que maquilhagem e resultados, muito mais do que falta de tempo. Pelo contrário, um filho ensina-nos a ter que ter tempo, a melhorar a nossa percepção de tempo.Para quem é pai pela primeira vez, ou mãe, tudo se transforma, tudo passa a ser mais relativo, mais intenso, mais orgânico e menos superficial. As dores doem mais, as preocupações são mais verdadeiras, os objectivos deixam de ser os mesmos, mesmo batalhando para os continuar a conquistar.
Filho é aquele ser que nos impulsiona, que nos despe de inúmeros desperdícios, que nos embriaga com um sorriso e que nos cansa vezes sem conta até perto da exaustão. Filho é aquele gigante que no balanço final de cada instante nos comprova sempre que tudo "faz parte", que tudo vale a pena, por mais ínfimo que possa parecer.
Não é nada fácil ser-se pai ou mãe, não é nada fácil reaprender a viver, não é nada fácil resistir à pressão das novidades constantes repetidas vezes sem conta, não é nada fácil deixar de ter vida própria e poder de decisão.
Mas, e aqui está a vitória, ser-se Pai ou Mãe, mesmo quando não se entende nada do assunto, é perceber que deixamos de ser a pessoa mais importante do mundo e arredores por vontade própria, sabendo no entanto que é muito bom estar-se em segundo plano.
Sabor Agridoce
Estamos a precisar urgentemente de ingerir quantidades descomunais de doces. Porquê? Porque é preciso tirar o sabor agridoce com que tantos gestos poluem os nossos dias. Reparem na quantidade de gestos negativos que são distribuídos gratuitamente sem apelo nem agravo a todos os minutos, mesmo sem que os destinatários tenham "culpa no cartório". Reparem na quantidade de "trombas" que andam por aí a exibir-se nas montras das nossas ruas, sejam elas mais vistosas ou mais pobres. Reparem na enormidade de boas acções que se deixam de fazer porque "não sei bem". No fundo, este novo método de esconder a alegria e de gerar felicidade, nos outros e automaticamente em nós, faz com que a vontade seja engolida pelos vícios colaterais dos outros, refiro-me ao mal humorado com que nos deparamos logo ao raiar dos dias, para que não ousemos rir e sorrir, dizem, sem razões para tal.
E é assim que prosseguimos, feitos cordeiros, nesta via verde da indisposição. Porque, assumamos, mesmo que estejamos bem dispostos, para não fazer frente ao azedume nacional, é melhor mantermos os rostos fechados e dar uso à má educação.
Estamos a precisar urgentemente de mais calorias, daquelas que podem fazer mal à saúde dos negativistas deste mundo mas que - e revolta seja feita - nos engorde de coisas boas, as boas coisas da vida, aquelas que começam e acabam com sorrisos, sem maquilhagem.
Eu sei que tanta quantidade de açúcar pode fazer mal, não só pelo pelo exagero mas porque já não estamos habituados a estar rodeados de pessoas positivas, mas, convenhamos, mais vale morrer doce do que amargo, ou pior, azedo.
Peão e a Razão
Hoje, num dia em que graças a uma campanha da STCP, se discute o comportamento dos peões nas estradas dos automóveis, apraz-me sublinhar que sou melhor peão do que condutor, embora, como a grande maioria, ande mais de carro do que a pé.Recomendo Amor
Com o "puto" a preencher a agenda, e bem, torna-se cada vez mais difícil ir ao cinema, algo que aprecio imenso, principalmente quando se tratam de comédias românticas. Espelho do Portfólio
Quem disser o contrário, perdoem, não está a ser completamente verdadeiro. Refiro-me ao envelhecer, aquele que se nota mais a partir de uma certa idade, provavelmente a minha.Montras da Moda
Começo por sublinhar que cada um sabe de si e que pode fazer o que quiser com o seu corpo, goste-se ou não. Eu não gosto. Não gosto dos "piercings", principalmente em genitais e mamilos, sem esquecer de referir que também não sou fã dos que são adicionados a outras partes do corpo. Mas, por outro lado, e contrariamente às tatuagens, sou da opinião de que se podem alterar estas montras, principalmente quando o tempo (idade) já não se ajustar às modas.Não quero, não vou nem posso fazer uma campanha contra os "piercings" e tatuagens mas, se me permitem, não gosto, inclusive naqueles casos em que os adereços até ficam "mais ou menos", como é o caso dos umbigos e daquelas letrinhas pequenas em partes pouco visíveis da pele.
Gorduras Desnecessárias
Há uns 30 anos (sim, estou velho!), não havia nada destas novas "siglas" com 3 e mais letras, aqueles nomes estranhos que nos entram pela porta, pela caixa do correio, pelo e-mail e por telefone, perdão, pelo telemóvel. Um ontem que poderia ser Hoje
Há quem diga que África tem uma espécie de magia que chama, e chama muito. A mim, confesso, nunca me chamou, mas mesmo assim, equaciono seriamente lá ir em breve para, "in loco", tentar entender aquilo de que tanto ouço falar. Dizem que é o cheiro da terra... Nunca encontrei ninguém que me soubesse explicar o porquê de os locais nos chamarem, de nos cativarem, independentemente dos milhares de quilómetros que nos "afastam".
Logicamente que também sofro dos chamamentos internos, principalmente naquelas horas da despedida desses locais que o mundo me convida a visitar mas, na verdade, quando se trata de analisar o poder do chamamento, por incrível que possa parecer, o Oriente continua a fazer "estragos" naquilo que apelidamos de saudade.
Quando voltarei? Hoje seria um bom dia, apesar de o amanhã me continuar a dizer que já fui "ainda ontem".
Rés-do-Chão
A vida de cada um tem sempre uma varanda, aquele patamar que, com tamanhos diferentes, dadas as expectativas de cada um, proporciona uma visão mais distante mas presente do que se viveu, do que se vive e do que se pretende viver. É nas varandas que somos mais nós, é nas varandas que pensamos mais nos outros, é nas varandas que somos mais intensos, mesmo quando sonhamos com o aparentemente impossível, quando exclamamos desejos que sabemos não chegar a cumprir, quando nos assumimos como seres melhores sem o fazer por ser.
Pena é que, quando descemos dessas varandas para o rés-do-chão dos dias, esqueçamos quase automaticamente tudo aquilo que elas nos mostram, tudo o que nelas nos ensinam pura e simplesmente, julgamos, porque a vidinha não se pode dar ao luxo de ter varandas com vista para o melhor de nós.
Foi você que Pediu - FIM
Ao longo de quase 3 meses, eu e o Alberto Rocha, sempre na companhia de câmaras, andamos a "meter-nos" com quem encontrávamos nos lugares mais emblemáticos do Porto, inclusive na praia, em pleno areal, sempre a fazer perguntas parvas, sempre à procura de reacções interessantes... E foi assim que fizemos cerca de 200 entrevistas, umas mais conseguidas do que outras, muitas delas hilariantes, emitidas no Porto Canal, 6 dias por semana. Truques Impessoais
Os comportamentos humanos andam diferentes, radicalmente diferentes. Usamos cada vez mais "truques" para evitarmos o contacto entre humanos, procurando, no entanto - e mentindo-nos, comprometermo-nos com mais e melhores meios de fugir dos outros e, quiçá, de nós mesmos. Já repararam na quantidade de pessoas que não saem à rua sem estar de telemóvel colado ao ouvido ou ao olhar? Já repararam na quantidade pessoas que não saem à rua sem auscultadores? Já repararam na quantidade de pessoas que não vivem sem os e-mails, os "Facebook" e as outras coisas todas que servem para matar o tempo que, antigamente, era vivido entre conversas e actividades menos "falsas"?Nos dias que correm, convenhamos, corremos para tudo o que possa ocupar o tempo que repetidamente dizemos não ter. Por isso, e assente numa perspectiva meramente ocular, feita nas ruas, chego à conclusão de que andamos a fazer de tudo para não estarmos pessoalmente com pessoas, mesmo que, com os tais "truques", tentamos a todo o custo chegar mais perto das mesmas pessoas, aquelas que, dia após dia, vamos afastando de todo, embora aproximando-as com truques de magia, da falsa.
Marionetas
Acho que ando a sofrer uma transformação pessoal em termos de pensamento. Não é que pense mais do que antigamente, nada disso. Sempre dediquei boas horas da minha existência a dar "trabalho" ao "tico" e ao "teco", seja em função do passado das saudades, do presente das constatações ou do futuro dos sonhos e projectos.Sine qua Non
Consta-se que, nos dias que correm, os alicerces da humanidade já não se regem pelos mesmos materiais de antigamente, provavelmente atacados pelo vírus das imitações baratas, importadas do oriente ou de algum outro canto qualquer.Scolari - Nº Sr. do Caravagio
Recordo-me de ter escrito por estas bandas, quando mandamos embora o Scolari, que ainda sentiríamos muitas saudades dele, assunto que repeti perto daquele milagre que a Dinamarca nos ofereceu aquando do apuramento para o Mundial. Como é possível perdermos contra uma equipa com a qual nunca tínhamos perdido? Como é possível empatar em casa contra uma equipa que nunca ganha pontos? Como é possível, com apenas 2 jogos disputados, já estarmos a fazer contas à vida?
Que me perdoe a equipa técnica, no banco ou na bancada, mas assim não dá. É muito, muito mau. Principalmente quando se diz que não há dúvidas de que venceremos os próximos 6 jogos. Venceremos, certamente, se tratarem de telefonar ao Scolari e à Nª Srª do Caravagio. Ou estarão à espera que a Dinamarca nos volte a salvar?! É que, pelo andar da carruagem, já nem a Dinamarca nos retirará desta azia.
Preguiça dos Ponteiros
Isto de deitar tarde e acordar às 05H30 já não condiz com o meu cartão de cidadão, no que à data de aniversário diz respeito. Menos ainda quando, talvez com o receio de adormecer (maldita responsabilidade patente e latente!), tenho acordado 1 hora e meia mais cedo do que o necessário.Ímpares Tresmalhados
Sei que não o faremos, mas sinto que temos que começar a desligar mais vezes as televisões, principalmente as dos restaurantes onde vamos, as das lojas onde fazemos compras, as das feiras onde passeamos, as que vamos desejando ver nos nossos automóveis e telemóveis. Estou em crer que com esta mania de se ter em todas as esquinas um guião opinativo, vulgo televisão, estamos a perder cada vez mais tempo com as tragédias dos outros, estamos a passar-nos para um plano secundário, ao ponto de deixarmos de viver a nossa vida para "viver" as dos outros.
Por mais comandos que tenhamos, passamos o nosso tempo a ver o que nos impingem, ao ponto de - e aqui é que está a ironia! - não comandarmos nada, pelo contrário, somos completamente comandados pela agenda informativa ou opinativa de terceiros, os verdadeiros donos dos comandos.
Estamos viciados em televisão, tendo sempre que saber (urgentemente) o que está acontecer, seja na China ou no Paquistão, no Porto ou em Bragança, na nossa rua ou no nosso prédio. O importante é estar-se a par, mesmo que isso possa, sem repararmos, transformar-nos em ímpares, daqueles que parecem ovelhas, tresmalhadas da vida, da nossa própria vida.
Taxistas ao Parlamento
Nunca andei muito de táxi, mas lá fiz as minhas viagens, a contar a ouvir histórias e historinhas, algumas dignas do "arco da velha". Imagino que haverá histórias para todos os gostos e desgostos, já que transportam um excelente naipe de exemplos do que somos, pensamos e sentimos, transformando-se num dos melhores "censos" de sempre, e sempre em actualização ao minuto.
Sou daqueles que acreditam que, sempre que haja algo de importante a decidir, deve-se consultar os taxistas, já que, concordemos ou não, eles são, certamente, das pessoas que melhor percepção têm do que acontece e como acontece, e, já agora, não menos importante, os taxistas são a melhor urna de votos, embora ambulante e (ainda) sem direito a assento parlamentar.
Quem vê caras...
O mundo está cheio de bonecas, ao ponto de, não raras vezes, chegar a achar que voltamos à idade dos brinquedos, neste caso sérios, há que sublinhá-lo. Ainda há instantes, numa daquelas viagens a olhar para o que por mim passa, vi mais uma série delas, todas produzidas, todas maquilhadas, todas com ar juvenil, ou pelo menos tentando.Claro que, em muitos dos casos, olhando um pouco melhor, percebe-se que o esboço fica aquém daquilo que o olhar assimila, já que não falta quem decepcione ao segundo instante. Mas, verdade seja dita, se o objectivo é dar nas vistas, nem que seja num primeiro instante, conseguem. Pena é que a "prova dos nove" comprove algo contrário, principalmente quando abrem a boca, ou não.
Mas é giro, é giro ver estas "bonecas" dos tempos que correm, sempre na procura de novos apêndices, que permitam cativar o maior número de olhares possível.
Será suficiente para alimentar o e ego? O delas? Presumo que sim, tamanho é o investimento, por vezes bizarro, com que se publicitam.
Parêntesis e dois Pontos
Nos dias que correm, muito graças aos telemóveis, tenham eles mensagens grátis ou ao custo de "couro e cabelo", passamos, infelizmente, para a era do dizer por interposta "pessoa", neste caso por interposta "coisa". Muitos dirão que "ainda bem", que tudo está mais simples. E é um facto, mesmo com erros ortográficos de fazerem corar este mundo e outro mas, por outro lado, será assim tão interessante trocar um beijo, no rosto ou noutra parte qualquer, por um "smile", ainda por cima escrito com um parêntesis e dois pontos, para poupar caracteres?
Estou a Precisar
Todos nos referimos a férias ao longo dos 365 dias do ano, inclusive em período de férias. Ou seja, tecnicamente, gostaríamos de estar em férias inclusive nas férias. E, com isto, não estou a dizer que, em férias, as pessoas pensam em tirar férias das férias, mas já pensam na altura das próximas férias, como se já não estivessem em férias.O Você das Palavras
Quem passa por aqui ou me conhece de outras "bandas" facilmente assimila que adoro escrever, que é um dos meus maiores prazeres, principalmente por escrever sempre no "fio da navalha", com incongruências e alguma ingenuidade, mas sempre autêntico, no que diz respeito aos sentires. Não menos bizarro, para alguém que tanto escreve como eu, é o facto de continuar a não ter hábitos de leitura, exceptuando a imprensa escrita e pouco mais. Razão pela qual, hoje, me coloco uma pergunta: como é possível ter tanta paciência para escrever e não ter nenhuma para ler?
Gostaria imenso de alterar esta fórmula errada de tratar as palavras por tu quando, na verdade, no que toca a familiares delas - das palavras, não consigo ultrapassar a barreira do você.
Ainda tens janela?
Uma das perguntas que mais deveríamos colocar a nós próprios com bastante frequência seria esta: - O que vês da tua janela?E com essa pergunta, feita as vezes que fossem necessárias, até aprendermos, teríamos como disciplina olhar mais e melhor à nossa volta, não só para aprender com os erros dos outros mas, acima de tudo, reaprender a sentir, reaprender a cheirar, reaprender a ouvir, reaprender a viver.
Eu sei, eu sei que, hoje em dia, as janelas ficam uns andares acima e que não temos grandes hipóteses de cumprimentar quem passa lá em baixo mas, ao menos, mesmo à distância, poderíamos, de uma vez por todas, ganhar vontade, daquela com gestos, para descer o elevador e fazer parte do mundo, aquele que, afinal, tem outras pessoas, outros costumes, outras vivências, menos televisivas.
Acerca de mim
- FM
- Portugal
- Sempre algures entre o hoje e o amanhã, sem esquecer a memória.
Outros Dizeres
Porto Canal
O Livro do Ano
Escrito por uma Deusa e um Sonhador... em nome de um Ângelo
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