domingo, 21 de abril de 2013

“Bandeira”


Sou daquele tempo em que ir ao futebol significava sentarmo-nos em bancos de pedra ou de cimento, ou não nos sentarmos, por o bilhete não proporcionar esse privilégio.

Em 1980, 1981 e 1982, vagueei entre os campos do Valadares e Coimbrões (a Madalena, meu ninho, não tinha equipa de futebol) e pelo estádio das Antas (mesmo sendo do clube rival). E naquela altura o futebol era ao Domingo à tarde. Só muito especialmente é que os jogos aconteciam fora desse dia, coisa que as audiências televisivas, felizmente, acrescento – se se retirar o lado romântico da coisa., vieram alterar significativamente.

Tenho a ideia de que naquela altura o futebol era mais interessante, inclusive às 4ªs e 5ªs Feiras, com a Taça dos Campeões, Taça das Taças e Taça UEFA, mesmo sem a imponência mediática dos dias de hoje. O futebol era mais giro, e muito menos violento, estou em crer. (mesmo naqueles casos em que os amigos se separavam por causa do “roubo” que era ou não era consoante o lado que se “vestia”)

Naqueles inícios da década de 80, no cirquinho dos jogos de futebol, fossem eles da terra ou do país, um dos pontos mais interessantes era ter-se uma bandeira, ou melhor, usar-se uma bandeira, especialmente no festejar de um golo ou na entrada da nossa equipa.

Lembro-me de como me soube bem ter a primeira bandeira do meu clube (um dos que jogarão daqui a pouco – risos), e como foi especial transportá-la pelas ruas, no autocarro, mesmo sendo de um clube que não era o mais apreciado na região norte.

E a bandeira era tão, mas tão emblemática, inclusive em termos auto-identificativos que, se bem me lembro, num dos anos em que fomos campeões, fiz questão de a pendurar à porta de casa, e com orgulho, mas sem malícia, sem querer importunar ou provocar, coisa que actualmente é difícil de aceitar, mais ainda quando, na verdade, já quase não existem bandeiras, dentro e fora dos estádios.
E é uma pena já só se verem bandeiras nas claques organizadas, principalmente porque, por mais colorido que o organizado se apresente, não há nada mais interessante do que ver as bandeiras ao vento, principalmente quando o vento sopra a favor dos nossos e, já agora, quando são milhares ao mesmo tempo, e mesmo que em coreografias não ensaiadas.

Ah! Os cachecóis também se usavam, e o meu primeiro cachecol foi feito pela minha mãe. Não, não tinha logótipo. E não, não era daquele tecido sintético que transportamos na mala do carro, para quando é necessário tirar-lhe o pó.

Kiko


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