terça-feira, 15 de janeiro de 2013

“Rock’s”



A discoteca “Rock’s”, ali na Rei Ramiro, em Gaia, estou em crer, foi a discoteca (a sério) de baptismo para uma grande senão mesmo para a maior parte dos jovens que fazem parte da minha geração, a dos "ternura dos 40". 

Em concreto, refiro-me à década de 80, principalmente entre 1984 e 1989, naquela transição muito especial de jovem para adulto.

E o mais interessante do “Rock’s” era a “religiosidade” com que para lá íamos no “57” ou “91”, e especialmente aos domingos à tarde, ficando, por vezes, na rua (já deitando o olhinho na “fauna”), à espera que se abrissem os portões de ferro escuro, sempre com a preocupação de saber se o porteiro nos deixaria entrar, fosse pela idade ou por não estarmos com "mulheres". (entrava-se sempre, mas havia o receio) 

Claro que também se frequentou o “Rock’s” ao sábado à tarde, nas tais festas temáticas (recordo-me de uma gótica, com The Cure e Mission a destacarem-se na banda sonora) e, mais tarde, aos sábados à noite, já com bilhete de identidade no bolso e à boleia de um carro que se estacionava a "quilómetros".

Mas, a essência do “Rock’s”, convenhamos, vivia-se e viveu-se nos domingos à tarde, naquelas matinées compostas por um repertório repetido vezes sem conta: 

- Entrar, descer aquele corredor de cimento, entrar na “sala-de-espera” (ou de “curtes”), pedir um primeiro copo (cerveja, claro!), aguardar pelos raios laser e pela música de abertura de pista, tentar começar a dançar, muitas vezes num “air-guitar” deprimente, tentar fugir da meia-hora de slows (por não se saber dançá-los), usar a última hora de canções (antes da hora do autocarro: 19H45, se não estou em erro) para tentar concretizar os “olhinhos” que se trocaram na pista ou nas idas ao WC e, com sorte, sair-se “perdidamente apaixonando” com um ou dois “linguados” em crédito. 

Em resumo resumido, as tardes no “Rock’s” – a verdadeira discoteca – eram um jogo de sedução, muitas vezes sem resultados, ou melhor, com “mais garganta do que barriga”, e isso fazia-nos felizes, nem que fosse nas conversas entre “parceiros” ao jeito de: “Domingo é que vai for!”, mesmo que não se “fosse”. E tinha piada, além de ter assunto, ou melhor, de gerar assunto. 

Logicamente que existem inúmeros episódios envolvendo o nome da famosa discoteca de Gaia (que fechou e abriu uma série de vezes, principalmente depois dessa década dourada), principalmente episódios que envolvem uma geração que, em termos de alternativa (o autocarro é que a ditava), viam naquele espaço o epicentro do ser-se especialmente jovem (quase adulto).

Sim, também faço parte do enorme grupo de pessoas que “foram felizes", muito felizes, no “Rock’s”, o que, só por isso, merece que esta crónica seja vista como uma espécie de pista de dança de algumas das melhores memórias da nossa juventude, mas com abertura e raios laser, claro!

Kiko

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