sábado, 19 de janeiro de 2013
“Baba e Ranho”
Na juventude, pertença ela a que geração pertencer, há sempre
uma fase em que passámos por “bebés-chorões”, mesmo sem saber muito bem porquê
ou, pior ainda, sem ter razões para chorar, mas forçando-o na mesma, quanto
mais não seja, imagino eu, para que possamos – ao menos – justificar a força
que uma determinada canção tem num determinado momento, mesmo que tal só
aconteça porque nos “chicoteamos” a ouvi-la um mínimo de 20 vezes seguidas.
Chama-se a isto uma espécie de “exercício para sentir o sabor das lágrimas à
conta de um refrão”, mesmo que possamos só entender uma ou outra palavra
daquele estrangeiro que gravávamos dos “discos pedidos”.
Não sei se aconteceu convosco, mas, por mais ridículo que
possa parecer, também me fechei no meu pequeno quarto e pus o gravador de
cassetes crómio a repetir vezes sem conta, ou melhor, horas a fio, a mesma
canção. Claro que estou a falar de baladas, das que provocavam (e, eventualmente,
ainda provocam) baba e ranho, além de milhões aos seus proprietários e
intérpretes.
O mais bizarro daquela juventude, a qual se tentava viver à
força como se já se fosse adulto, e daqueles com problemas emocionais e financeiros
(mesmo não os tendo, nós), era inventar maneiras de se dar a ideia de que
ninguém nos entendia porque éramos “muito à frente”, à frente da idade que o
bilhete de identidade registava.
Sim, eu sei que era ridículo, e sei que, quase 30 anos
depois, é difícil encontrar um quadro psicológico minimamente plausível ou
aceitável que justifique este comportamento sedento de sentimentalismos do além
(aqui, o além refere-se a idade, idade mais além – risos).
- Afinal, chorávamos porquê? Em nome de quem? O mundo ainda
tinha (e tem) tanto amanhã…
O nada é a melhor e única resposta para cada uma das
perguntas.
Convenhamos que, neste preciso momento, estou na dúvida se
devo ou não recomeçar uma outra crónica ou permitir o vexame desta, a que o
teclado e a minha mente estão a ditar, assim ao sabor de um desvario da memória.
Que se lixe! Vai assim. (risos)
É, é verdade. Para que ainda não entendeu, houve alturas
entre os 12 e os 16 anos em que me fechava no quarto, colocava uma das baladas
mais tristes e de maior sucesso na altura, imaginava um terrível final
romântico que me envolvesse (em sonho acordado, claro) e forçava as lágrimas, algo
que chegava a concretizar-se, embora a muito custo, talvez por volta da 10ª repetição
da canção escolhida para esse fim.
- O que se ganhava com isso?
Nada.
Bem, lembro-me que o “após” dava uma ligeira sensação de
alívio. (além de alguma vergonha, sempre que a minha mãe me perguntava se tinha
algum problema amoroso)
- Alívio? Alívio de quê?
De nada. E de nada porque, nessas alturas, geralmente, ou não
namorava ou as relações nem ralações tinham para justificarem tamanha “adoração
sentimentalista”. Isto, claro, sem esquecer que, na mesma altura, o Português
já era complicado de decifrar, quanto mais o inglês, chorando eu por refrões
que, na verdade, supunha, já que não os conseguia traduzir à letra.
Ai, a juventude, a juventude! Que saudades. (ponto)
Kiko
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