terça-feira, 22 de janeiro de 2013

“Bilhar”


Isto de ter tido uma juventude em que houve mais tempo do que alternativas para o desfrutar, fez com que em meados da década de 80, eu mais uns 3 ou 5 amigos, nos tivéssemos empenhado “à séria” em actividades extracurriculares tais como: o bilhar “snoocker”. Nem mais!

E o jogo, em si, atraía porque era considerado uma actividade lúdico-táctica para homens com barba na cara, coisa que sonhávamos e fazíamos por ter (rapando o que ainda não tínhamos, para nascer depressa), sem ter.

Penso que foi lá para a altura dos meus 14 anos (1984) que, ignorando o dístico “proibido a menores de 18 anos”, comecei a treinar a arte do bilhar dito normal, aquele em que a mesa que tinha 6 buracos, onde quem ganhava era quem metia a bola preta (no final e não antes) e, claro, gerido por um “cronómetro monetário” que impunha pagamentos a “meias” ou a “quadras”, como se fosse uma espécie de júri dos nossos porta-moedas.

Os finais de tarde das 4ªs e 6ªs feiras eram passados no café “Pulga 2”, na Madalena, Gaia, e, com sorte, quando saímos das fronteiras da freguesia, se nos deixassem, lá jogávamos em cafés mais “crescidos”, tentando, claro, dar nas vistas perante estranhos (os quais, na verdade, só queriam era que nos despachássemos para lhes dar a vez).

O bilhar, como qualquer outra actividade, em termos de resultados, até um determinado nível, depende essencialmente do treino. E para quem, como eu, começou por mal saber pegar no taco, convenhamos, ao fim de alguns meses e de muitas moedas de 50$00 investidas, acabava-se sempre por lá se “dar um jeito”, arriscando mesmo algumas “tabelas”, embora, por defeito, e no meu caso concreto, apostasse especialmente na força com sorte, a tal que falhava muitas vezes e tantas vezes deu vida própria às bolas que saíam disparadas para lá do pano verde.

Dar a tacada inicial, com força “à homem”, confesso, dava um prazer especial (quando não tínhamos que nos desculpar com a falta de giz na ponta do taco), e, já agora, eu apreciava jogar com “as grandes”, mesmo tendo no “6” o meu número de eleição, sendo o número em questão membro das “pequenas” (as bolas, as bolas!).

Penso que ao longo de uns dois anos fui “ferrinho” nesta coisa do bilhar. Depois, como em quase tudo, apareceu algo mais motivador e “passei a pasta”, até hoje. E por falar em hoje, quando me falam de jogar “snoocker”, até gosto de dizer que “dava umas tacadas”, porque até as dava, mas de cada vez que me dei ao luxo de voltar a jogar, bizarramente, ninguém acreditou que eu alguma vez tenha tido jeito para a “coisa”. E eu, vendo-me jogar, concordo com todos eles, mesmo sabendo que o jeito, esse, na verdade, ficou na juventude, na tal das moedas de 50$00 de boa memória.

Kiko

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