quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

“Primária 2”


Depois dos primeiros dias de aulas de primária que, naquela década de 70, e no meu caso, aconteciam só da parte da manhã, lá foram acontecendo momentos que ficaram para sempre na retina: 

- Uma colega, que pela sua altura, metia medo aos rapazes, acertou em cheio com a cana nas costas do professor, ao pensar que quem estava a entrar na sala era um outro aluno. 

- Um outro colega, por norma, nunca tirava menos de 20 erros ortográficos em cada di
tado, o que representava reguadas em número idêntico, também por norma.

Mas existem inúmeros episódios, tais como o livro “Pasteur” que recebi de prenda do professor Sílvio por ter feito uma redacção que ele considerou excelente (eu adorava inventar!), os chocolates enormes que ele nos oferecia em dia de aniversário, as visitas de estudo, mesmo quando feitas nas redondezas, o “Dia da Árvore” e por aí fora… Tudo bons momentos, simples, autênticos e especiais.

Com mais ou menos familiaridade em relação a estes “retalhos”, todos plantamos episódios interessantes na nossa memória, daqueles que hoje nos fazem sorrir com especial prazer. Eram outros tampos, também!

Fosse pela troca de cromos de futebol comprados na “Palmirinha”, fosse pelo jogar ao berlinde naqueles 30 minutos de intervalo, fosse, já agora, pelo primeiro enamoramento pela Maria João, que tinha aulas na sala ao lado, fosse pelo pão com manteiga ou com mortadela (que adorava, menos naquele parte do “picar” a língua), tudo era suficientemente importante.

A vida na escola primária tinha um sabor especial, ao ponto de, depois de eventualmente cansados de tantas férias grandes, ansiarmos pelo primeiro dia de uma nova classe, vivido já com menos receios do que o primeiro dia de aulas de sempre, o da primeira classe. 

Criaram-se amizades que ficaram para sempre, como o caso do Vitó, o “craque” da matemática por quem eu copiava as contas de dividir, conseguindo acabar antes dele, porque, enquanto ela ia confirmar, eu já sabia que ele estava certo. (consegui várias vezes ir mais cedo para casa por ser o primeiro a acabar, embora copiando cada digito). 

Entretanto, enquanto escrevo este texto, e porque a vida também é feita de desencontros, tenho alguma nostalgia em mente porque a grande maioria dos que integraram aquela turma “desapareceram” do meu horizonte… Faz parte, consta-se.

E que pena não poder reuni-los a todos só para poder, cada um, apresentar as suas memórias de um espaço que nos ajudou a crescer ao longo daqueles quatro anos, enquanto cada um e enquanto todo. 

Kiko

• Estou em crer que o período da escola primária é o mais belo, mesmo que ingénuo, de todo o percurso de estudante. Estarei errado? Talvez sim, talvez não.
* Esta crónica, ou melhor, estas crónicas, são dedicadas ao Professor Sílvio e à Dª Palmirinha, dois seres especiais com quem me cruzei quase todos os dias ao longo de 4 anos. E faço-o pela essência especial que me deixaram, quer um, quer o outro. E fica o registo, mesmo já tendo ambos partido.

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