sábado, 6 de outubro de 2012

"Inspecção Militar"


"Inspecção Militar"

Ir à inspecção militar, naqueles outros tempos em que se tinha mesmo que ir para a tropa, salvo “pormenores”, sejamos honestos, instalava-se em nós - jovens que sempre quiserem passar por homens - uma d
or de cabeça que aumentava com o contra-relógio do calendário. Quanto mais perto estávamos da data, mais doía, principalmente por sabermos que, salvo um Santo milagreiro, lá teríamos que ir ao “pente zero”, num qualquer Portugal desconhecido e, acima de tudo, perder todas as mordomias instituídas pelos tempos familiares dos outros tempos, ou seja, a Santa mãe. 

Lá fui, ditou o ano de 1988, ali para os lados da constituição. E, como muitos dos outros, lá tive que meter a vergonha e a humildade do saco e: “ala, que se faz tarde!”, claro.

Das filas e mais filas. Do calor e mais calor. Do não conhecer ninguém e tentar arranjar “amigos instantâneos”, daqueles que, naqueles dois dias, serviriam de muleta, fosse para “botar conversa fora” ou para nos “convencer(mos)” de que havia a hipótese de não se ir (para a tropa)… Foi um “fartote”.

Lá, na “longa espera”, mesmo naquela altura do “tacho de sopa gigante” do qual só se via a sopa no fundo, entre todos, inventavam-se frases ouvidas, daquelas que davam como quase certo de que, naquela inspecção específica, muitos seriam os que seriam dados como inaptos (bom para os próprios, menos interessante enquanto notícia, para familiares e vizinhos, já que: ir para a tropa, na altura, significava ser-se homem). Mas não. Tudo não passavam de auto-invenções, das que, na verdade, ajudavam a passar o tempo. E mal sabíamos que a obrigatoriedade da tropa estava com os anos contados!

Sim, eu e quase todos, além dos que tiverem coragem para o fazer, ainda equacionei inventar uma qualquer doença estranha para me tentar livrar daquela sorte maldita, mas não, não o fiz. Preferi acreditar (sem acreditar) na tese de que, naquele ano, haviam tropas a mais e que pelo menos 50% dos “candidatos à força” ficariam livres. 

Pois. Integrei os 50% que ficaram “presos”, mesmo acreditando até ao último dia de tropa que, naquele ano, sair-se-ia mais cedo da farda, o que, claro, não aconteceu, nem meio dia.

Kiko

3 comentários:

Olá!! disse...

Quem é o kiko??? ehehe
beijos

FM disse...

(risos)
Não sei!
Beijos.

Unknown disse...

Boa noite. Onde era ao certo esse centro de inspecao, sei que fui la mas ja nao me recordo o sitio certo. Obrigado.

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