sábado, 16 de junho de 2012

"Renault 5" - Parte 1



Fui um daqueles casos raros, na década de 80, que teve carro antes de ter carta de condução. E o meu "Renault 5" - o carro mais vendido na altura, ficou da minha irmã Portuguesa para mim, oferecido pela minha irmã "Brasileira", que ofereceu o primeiro carro a ambos. 

E não tendo garagem, lá se arranjou um local onde o carro hibernou à espera do seu próximo condutor: o "medricas" que se recusou a conduzi-lo por não estar habilitado para tal.

Infelizmente, reprovei uma vez no exame de código e outra vez no exame de condução, o que fez com que a carta, conquistada (e mal) em 1989, acabasse por custar quase 100 contos, o dobro do que custaria se eu tivesse passado à(s) primeira(s). É, demorei 1 ano a tirá-la. E o "Renault 5", com a sua cor peculiar: "verde-escarro", lá se manteve, paciente, à minha espera. 

A 6 de Agosto de 1989, lá consegui ter direito a comprar o "ovo estrelado", um autocolante obrigatório para quem era maçarico. Este autocolante amarelo, que se colava nas traseiras do carro durante 2 anos, impedia que se ultrapassassem os 90 km/hora e permitia que se levassem "bocas" dos outros condutores, os "profissionais", constantemente, tipo: dia, sim, dia, sim.

Mas... 90 km/hora, isso não era muito?! Era muitíssimo. Já que, para mim, nos primeiros dois meses, ultrapassar os 40 era um problema, principalmente pelo facto de os 90, no conta-quilómetros, estarem demasiado próximos dos 160, o máximo.

Lembro-me de aselhices extraordinárias, assim ao jeito de "que vergonha".

Com um amigo, o Vitó, já encartado e bom condutor, no meu primeiro dia a conduzir a sério, fui em frente num cruzamento, indo parar ao meio das árvores, num pinhal. Por sorte, e porque ele "sacou" do travão de mão, o "KIS" (como apelidei o carro, por causa da marca da chave, e por ter um "K" de Kiko) não sofreu nenhuma arranhadela. Ufa! (quase desisti para sempre)

Ridiculamente, quase impunha aos meus "passageiros" (quanto menos, melhor) que saíssem do carro para irem ver se vinham carros da Avenida Gomes Júnior, já que a minha Rua da Pitada não me dava raio de visão suficiente para avançar com confiança. (o ponto de embraiagem era um dilema - queimei algumas)

Nas viagens, obviamente, só se poderia falar do indispensável, porque eu tinha que estar concentrado à "Paulo Futre", tamanho era o receio de bater ou de me baterem, no carro, claro.

Circular na autoestrada?! Nem pensar! Antes de ter coragem para essa aventura, tinha que treinar muito pelas ruas da Madalena, Coimbrões e Valadares, e de preferência em horários com redução significativa de fluxo automóvel. 

Qual o local de verdadeiro trânsito que me punha a mais "milhas" dele? A rotunda da Boavista, sem dúvida. Que "medo"! (Eu achava que quem conseguisse conduzir naquela rotunda, conseguiria conduzir em qualquer parte do mundo. E que eu não estava à altura, já que para fazer inversão de marcha na minha rua - deserta - havia que ter tempo e tentativas a condizerem.)

Uma das partes que mais apreciava no ter carta - pasmem-se!- era lavar o carro na minha rua, com todos os apetrechos e mais alguns, os quais me ajudavam a retirar-lhe o excesso de champô (auto, claro!) com que sempre o contemplava. 

Sim, usava aquelas "árvores de cheiro". Sim, tinha um auto-rádio foleiro. Sim, cheguei a ficar sem gasolina. Sim, fui enganado por mecânicos. Sim, vi o carro a ser assaltado, e mais do que uma vez. (mas eram simpáticos, já que não partiam os vidros, nem causavam grandes danos)

Sim, sim e sim... a mais uma série de coisas... Sem esquecer as paragens para "namorar" junto ao areal... 

Kiko


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