quinta-feira, 24 de maio de 2012

"Olhinhos"


Isto de se achar que se é homem com a "sábia lábia toda" aos 16 anos de idade, como já todos os que passaram por isso sabem, é uma grande "tanga". (ponto) E, hoje, nesta espécie de confessionário de vão das memórias, vou tocar ao de leve numa táctica de engate muito em voga, pelo menos nos (meus e nossos) outros tempos: fazer olhinhos.

Com gel no cabelo, ou laca, no meu caso, e com a roupa da moda (existia moda?), quando se queria impressionar alguma miúda (desconhecida) à distância, recorria-se ao olhar 32 (usem-no no Euromilhões, ao número!), aquele em que, numa postura completamente adulta (embora só na nossa cabeça), ficávamos com um ar sério e sabido e varríamos todo um espaço de ponta a ponta até estacionar o olhar "fulminante" na nossa "vítima", ou se preferirem, no nosso alvo.

Sim, tenho que assumir que se tratavam de vítimas, coitadas, porque, independentemente dos resultados que se viessem a verificar, acabavam por "levar connosco", ou melhor, com o tal olhar 32, mesmo que se pusessem a "bulir" ou se virassem de costas, por as estarmos a importunar.

Isto de fazer olhinhos com o objectivo de engatar, na verdade, mais não era do que um esquema que servia para nos assumirmos como especiais, e para se poder dizer "à boca cheia" aos amigos que "até se tinha estado a trocar olhinhos" com aquela, aqueloutra e com a outra. Armanços!

Estou para aqui a fazer contas e mais contas e... Bem, na contabilidade das concretizações, chego à conclusão de que os olhinhos (os meus) foram muitos, mesmo muitos, mas quanto a dividendos, tenho sérias dúvidas de que tenham conseguido chegar aos 1%.

E esta mania dos olhinhos (mesmo quando para auto-alimentar o ego) durou anos, décadas...
Enfim, ainda bem que na altura não haviam estas modernices das máquinas sem rolo, pois não seria difícil encontrar tantas caras de "peixe mal morto" a olhar para moçoilas que, ao estarem com o olhar na nossa direcção, eventualmente e muito provavelmente, em vez de nos estarem a mirar ou a corresponder aos nossos "lançamentos ópticos com mensagens erótico-romântico-contagiosas-se-final-feliz", estariam a "micar" um tipo que estava atrás de nós ou, mais provavelmente ainda, a mirarem a e invejarem as roupas e sapatos de outras miúdas estacionadas nas nossas costas.

Alguém assume que passou anos e mais anos a fazer olhinhos, e que usou a táctica de conseguir ler e comunicar com o olhar? Vá, escusam de responder, porque todos sabemos a resposta.

Kiko




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