sábado, 12 de maio de 2012

"A idade da Parvoíce"



Isto de se ser "teenager" inconsciente, na verdade, além das vantagens, também é um mar de episódios que chegam a envergonhar-nos, mesmo que uns anos depois.

Cá vai uma das maiores paranoias que tive lá para os 15 ou 16 anos de idade - a tal idade da parvoeira quase completa, por, talvez, se estar quase no auge da transição para o "dono do meu nariz", e por haver muita pressa em lá se chegar... (Se, ao menos, soubesse o que sei hoje!)

Então não é que dei comigo a pintar cruzes pretas nas paredes do quarto e a escrever palavras relacionadas com a morte em cadernos A4, daqueles com capa preta?!

A dada altura, pintei o meu quarto todo de branco para, de seguida, o poder decorar (mal, mal e mal) com algumas cruzes pretas (ainda por cima) a tinta de esmalte, gerando um resultado ridículo. A minha mãe punha as mãos à cabeça mas deixava-me "andar", pois via que não passava de um "dar nas vistas". 

Por outro lado, e contrariando esse meus cizentismo, esse foi um dos melhores anos da minha juventude. Posso dizer que "curti bué"!

O que fiz de mais bizarro, na verdade (e até me envergonha), foi começar a escrever uma espécie de testamento (O que tinha eu para deixar além de uns LP's riscados?!) onde, além de distribuir os meus (queridos) pertences pela família e amigos mais chegados, fazia questão de exigir que, no meu funeral, só fossem (mas fossem!) tocadas canções do António Variações.

O quê?!?! Sim, tal e qual, e sem tirar nem pôr. Ridículo. (ponto)

Lembro-me de passar horas a fazer um imenso esforço para chorar lágrimas verdadeiras (lá no meu quarto), imaginando como seria a minha morte... (Que Deus me tenha perdoado!)

Sim, também cheguei a recorrer a (apenas) indumentária de cor preta, e por aí fora... (Será que alguém passou por este papel ridículo, só para parecer diferente?!)

O mais bizarro é que cheguei a ter definida a estratégia para colocar um ponto final na minha vida. (nunca o faria, por falta de coragem) 

Influenciado pelos vários filmes trágicos (suicídios) verdadeiros que via ao fundo da minha rua, na linha do comboio, entendi que a morte mais rápida seria atirar-me para a frente de um dos "Rápidos" da altura, os mesmo que transformavam em lâminas os pregos que colocava em cima dos carris. (deve ter sido uma terapia inventada por mim)

Não menos (ridiculamente) interessante, era ter estas "lutas mentais" com alguma regularidade (tipo uma vez por mês), as quais me passavam rapidamente ao vislumbre de um "rabo de saia" ou na hora de ligar a televisão.

É, isto de se ter "tudo" e não ter nada para se fazer, por vezes, nessas idades da "precocidade", dá nisto, ou seja: em parvoíce levada ao expoente máximo.

Kiko

1 comentários:

csr disse...

Meu querido Amigo ao ler-te revivi memorias há muito esquecidas e fartei-me de rir!!!! bem haja a tua sábia mãezinha que sabia que te havia de passar!!! Bjinho grd

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