terça-feira, 10 de abril de 2012

Moinho de Vento


O "Moinho de Vento" (para que não hajam confusões) era um parque de campismo situado na Madalena (Gaia) mais conhecido por ser uma espécie de discoteca ao ar livre do que propriamente pelo que a sua licença lhe destinava.

Nos meses das férias grandes, não havia fim de semana em que aquele espaço bizarro (com duas grandes colunas de som e sem luzes psicadélicas, que me lembre) esgotasse a sua lotação. 

Sem cartão de consumo (o que era isso?) e com gente a "magotes" vinda dos outros parques (inclusive de outras freguesias), este era o espaço ideal para se ver e se ser visto enquanto se dançava o "Tarzan Boy", o "Comanchero" e o "Life is Life", entre outras pérolas desses meados dos anos 80. 

Na verdade, o mote desta "discoteca" ao ar livre (que ocupava o hall de entrada do parque de campismo) era, na versão masculina (só me posso pronunciar sobre essa!), um "point" onde, com sorte, se conquistaria companhia bronzeada para se ir "ver o barco" (ver o barco, sem grandes rodeios, por causa de um tal "Regin" - barco que afundou com 2500 carros, era ir acompanhado até ao areal para "dar uns beijos").

Era um espectáculo! E aqueles fins de semana deixavam saudades de ano para ano, de férias para férias, havendo mesmo quem só se voltavam a reencontrar no "Moinho de Vento", já que, ao contrário dos dias de hoje, na altura, a mobilidade não era tão... tão... tão fácil. (ia-se até onde nos levavam os calcantes ou os autocarros, e bem bom!)

A parte mais chata e irritante daquele "Moinho de Vento" era a hora a que encerrava. À meia-noite, fizesse chuva ou sol, tratavam de correr com todos, principalmente os que não tinham tenda no parque. E isso incomodava especialmente os que estavam quase a "pescar" alguém, e principalmente ao sábado, quando se percebia que, muito provavelmente, só se voltariam a fazer "olhinhos" àquela e à outra na semana seguinte. Lá tinha que ser!

A parte pior era aquela em que se ficava perdidamente apaixonado por uma "chavala" e que, por vergonha ou infortúnio (traduzindo - namorado da pretendida), naquela noite, saía-se a "seco", levando-nos a passar toda a semana a ansiar pela 6ª Feira e a rezar para que "ela" lá voltasse, caso não nos tivesse surgido uma outra paixão no entretanto.

O "Moinho de Vento", ao longo daquela boa década, ficou com inúmeras histórias para contar. Muitos namoros começaram lá, sendo que alguns deram em casamento, e muitas curtes do passado nasceram entre uma ou outra música do DJ que, na verdade, nunca soube quem era, nem tão pouco se existia. Poderia não ser bom, mas era o melhor dali e das redondezas. E é a ele que dedico esta crónica, já que nunca tive a oportunidade de lhe agradecer os momentos fantásticos que me proporcionou, quer na fantasia, quer na realidade. 

Por isso, hoje, em jeito de agradecimento, dedico-lhe isto... (carreguem no "play" e... viajem no tempo) (Yazoo - "Don't go")

Kiko

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