quinta-feira, 26 de abril de 2012

"Ir ao Brasil" - Parte 4 (última)



Fazer uns milhares de quilómetros de avião, sozinho, com apenas 12 anos de idade, é, como se imagina, uma experiência que fica registada para sempre. E esta viagem, que passou pelo Rio de Janeiro, Marataízes e Belo Horizonte - já que Recife não contou, marcou-me a vida, principalmente em termos de evolução enquanto criança, enquanto ser humano.

Foram inúmeras as primeiras experiências com que fui baptizado no Brasil, algumas das quais já sintetizei nas partes anteriores desta crónica, mas não posso deixar de sublinhar que foi nesta viajem que me apaixonei pelos cavalos, pelo bowling (boliche), pelo ténis, pelos "Doberman", pelo viver Brasileiro do futebol, pelo John Lennon, pelos filmes do Elvis, pela publicidade televisiva, pelo pão Brasileiro, pelo requeijão, pelo ténis de mesa, pelo "Buraco" (jogo de cartas), e por tantas outras coisas, fruto dos 60 dias em que, momento a momento, fui aprendendo algo de novo, e do outro lado do meu mundo, num mundo de luxo, mas com alguma essência.

Porventura, o mais caricato de tudo foi ter sido convidado a ficar lá... e de vez, já com a vida completamente "escrevinhada" até ao "para lá dos 18", e com um nível de vida completamente oposto ao que tinha em Portugal. E fiquei tentado, pudera! Mas não fiquei, algo de mais importante fez-me regressar ao Portugal: os amigos.

Que interesse tem ter-se tudo sem se ter o mais importante!?

Obviamente que a família também fez a diferença, mas tenho que confessar que, naqueles dois meses, poucas foram as vezes em que senti vontade de regressar. E isto, acredito, justifica-se com a constante "bebedeira" de novidades e facilidades com que fui confrontado desde o primeiro dia em que  pisei o solo Brasileiro.

Depois desta viagem de sonho, voltei ao Brasil umas 10 vezes ou mais, embora para S. Paulo e Salvador, mas, na verdade, as melhores memórias são as que se enraizaram desde aquele verão (Português) de 1982, porque comprovei que até os sonhos conseguem ser ultrapassados...

Kiko

* Não vos detalhei os inúmeros tópicos que fui lançando ao longo das crónicas anteriores porque, como imaginam, há mais vida além do Brasil e, cada um deles daria para 3 crónicas, sem esquecer que as suas ramificações durariam um ano.

* Ah! Estou a lembrar-me agora de que me ofereceram um pónei (ficou lá, claro), que tentei embarcar com um arco e duas flechas feitos por índios do Amazonas (não passaram no aeroporto) e que, entre tantas outras coisas, conheci "Ouro Preto", uma pequena cidade de Belo Horizonte, conhecida especialmente pela obra do "Aleijadinho", e que parece um decalque da zona histórica do Porto.~

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