terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Autocarro


Autocarro

Naqueles outros tempos, andávamos todos de autocarro, quando não tínhamos que ir a penantes... Fosse para a escola, para as discotecas, para o "Iate", em Canidelo, para o café junto à Câmara de Gaia, para as curtes no areal da Madalena, para o futebol nas ruas uns dos outros, com pedras a fazerem de postes de baliza, para as pontes, para anotarmos matrículas de automóveis... Enfim, para a vida... E ia-se com prazer, sem telemóvel, sem "box", de jogos ou de televisão, sem tanto do que hoje está para aí ao pontapé, subvalorizado...
E a paragem de autocarro, sempre foi o ponto de abrigo e de encontros com história... para a história, a minha e a de todos os outros... Tenho saudades do passe!
O autocarro verde, no qual gostava de me sentar no banco ao lado do motorista (separados pelo motor), fez-nos apear diversas vezes, por não conseguir escalar aquela subida da Rei Ramiro, quase, quase a chegar ao "Rock's"... O de dois andares - também verde, ou melhor, ainda verde!, levava-me (lá no alto) aos jogos da equipa adversária, nas Antas... E o trólei, encarnado escuro, deixou nostalgia, principalmente quando recordo as vezes em que víamos o motorista pará-lo no "silêncio" e sair para colocar as "antenas" da viatura no sítio, naqueles "fios" que já desapareceram... Ali para os lados do café "Ai, ai", em Coimbrões...
Ainda me lembro dos bilhetes de 2$50, aquela raridade que, num excesso tecnológico de última geração, transformou-os em "senhas", com módulos (algo que nunca consegui traduzir) de cartão mais grosso...
O "57" levava-me à praia e, quando passava da hora, mandava-me fazer 3 quilómetros a pé, no regresso. O "91" levava-me à escola, quando não o perdia por causa do penteado, e lá ia a pé pela linha do comboio até Valadares... O "78" era o que me levava ao futebol ao Domingo à tarde... O "33", o tal trólei, fazia questão de me deixar no "Batalha"... E, mais tarde, o "96" fez-me descobrir a Boavista...
E que bem sabia andar para trás e para a frente naquele dia da criança em que não se pagava bilhete, porque todas as crianças podiam viajar "à borla", mesmo tendo o passe no bolso, como era o meu caso.

Kiko

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