terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Vidinhas

É incrível como passamos todos aqueles anos a querer ser adultos. Sim, a querer ter um cartão multibanco, um carro para conduzir, uma casa nossa, um emprego, e por aí fora. Isto claro, sem se perceber que, afinal, tudo o que desejamos ao longo de tamanha infância também traz facturas pesadas, tais como: contas para pagar, trânsito desesperante, dívidas repetidas e trabalho, daquele que nem sempre é um prazer.
É incrível como nunca ficamos completamente satisfeitos. É incrível como andamos sempre fora do tempo, pelo menos o tempo desejado.
Enquanto não somos adultos, queremos sê-lo urgentemente. Quando somos adultos, muitas vezes, queremos deixar de o ser.
Afinal, em que altura da vida nos sentimos realizados? Será que o nunca é a única resposta?
Pois, também sou daqueles - todos - que continuam à procura de uma resposta diferente, de uma resposta mais condizente com os tais sonhos, ora acordados, ora visualizados nos "vizinhos" ou nos filmes de outras vidas.
Mas o que mais me incomoda, é quando me dizem que é na reforma que, finalmente, passamos a viver a vida como desejamos. Nestas alturas, perceberão porquê, dá-me uma vontade desenfreada de pegar em todos esses iluminados e levá-los a um jardim público, para que me digam na cara se todas aquelas pessoas, ali, naquele aglomerado de "nada para fazer", no tal pseudo-expoente da vida, algum dia sonharam passar a tal "melhor parte da vida" a jogar à Sueca. É que, pelos seus olhares - os dos "finalmente realizados", fico com a ideia de que nunca sonharam com cartas e muito menos com entraves múltiplos aos seus movimentos, nem quando eram bebés.

Francisco Moreira

4 comentários:

Hélder Ferrão disse...

A vida é feita de ciclos. É...Vivê-los um de cada vez, e de forma intensa se possível...E não para, quando "ali" sentados no banco de jardim, acabarmos por descobrir que, "tanto tempo passado e não chegamos a Viver de verdade..."
Abraço Francisco!

paulofski disse...

Quem em criança nunca desejou um dia ser grande? E quem em adulto não gostaria talvez de reviver bons velhos tempos de meninice? Na reforma vive-se um dia a seguir ao do outro, às vezes feliz, mergulhado em memórias, muitas vezes sozinho. E é nos bancos de um jardim, com um macete nas mãos e uma boa conversa, que se vive e convive.

Abraço.

FM disse...

Pois é, Hélder, e a quem o dizes.
Abraço.

FM disse...

Gostei da "visualização", Paulofski.
Estás a escrever cada vez melhor... E só de pensar que te andei a incentivar para tal... Que BOM.
Abraço.

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