sábado, 16 de fevereiro de 2013

“Karaoke”



Foi em meados da década de 90 que fui apresentado ao Karaoke, uma variante do espectáculo, na altura inovadora em Portugal e um pouco por todo o mundo.

Tendo sido convidado na qualidade de apresentador – já que já tinha uns anos de locutor de rádio, e apesar de o Karaoke traduzir-se em cantar e não em apresentar, aceitei o convite. E aceitei-o sem nunca imaginar que tal actividade viria a representar uma página importante na vida que se seguiu, a minha e a de tantos… E não só, mas também, no Vice Versa Bar, o espaço de onde parti para tantos e tantos palcos, sem nunca ousar esquecer o ponto de partida, já que tantas outras vezes também foi ponto de chegada.

Recordo-me do dia em que comecei, tímido, nervoso e sem nunca ter cantado. Foi a uma 5ª Feira.

A minha voz radiofónica (colocada) parecia estar mais intimidada do que eu, mesmo perante um público composto por apenas 5 ou 7 pessoas, se não me falha a memória, sendo que a quase totalidade de percentagem desse público tinha sido convidada “à força” por mim.

E é precisamente a memória que me leva directamente para a primeira canção que interpretei, já lá vão quase 20 anos: “Can’t help falling in love”, na versão de Elvis Presley, aquela que, da vasta lista, me pareceu ser a que melhor se enquadraria com o meu timbre de voz.
Julgo que não correu mal. Pelo menos fiquei convencido disso, ao ponto de ter aceitado partir para outras canções, sem nunca esquecer aquela, a primeira.

E como em tudo, o que custa é começar. Depois, com mais ou menos treino, a “coisa” ajeita-se, permitindo que as lacunas sejam disfarçadas principalmente quando existe um simultâneo com a natural evolução no “metier”, ou seja, quando nos empenhamos a fundo, por apreciarmos o que fazemos, o que proporcionamos.

Em pouco tempo, aquelas noites de Karaoke transformaram-se em salas cheias de gente, anexando às 5ªs feiras, as 6ªs e os Sábados, sem esquecer as vésperas de feriado. (pelos vistos, eu tinha jeito para a apresentação, ou então a simpatia de quem me/nos visitava era algo que se multiplicava, como os “pães”)

O Karaoke entrou-me nas veias, levando-me a inventar concursos e demais acontecimentos, com maior e menor escala (inclusive nacional), transformando aquilo que era visto como um “espectáculo deprimente” num entretenimento profissional, levado ao pormenor, pelo menos nos “meus” palcos.

Quem subia a esses palcos, principalmente ao “Santuário” Vice Versa, sabia que teria o seu momento, por mais que ele demorasse, tamanha sempre foi a lista de cantores. Todos mereciam o seu espaço, o seu foco de luz, o seu instante, independentemente da qualidade das suas interpretações. Todos eram cantores. (ponto)

Nunca fiz contas, mas “baptizei” uns largos melhores de pessoas na actividade do canto amador, sendo que alguns ficaram profissionais. E estou grato a todos, sem excepção, pelo contributo que deram, a mim e ao público, especialíssimo, interventivo e atento.

Nunca fiz um “CV” desta minha etapa “Karaokiana”, mas guardo na memória o tanto que foi concretizado, incluindo as amizades, as experiências, as saudades… Sim, ficou dessa vida uma banda sonora brilhante, mesmo!

O espectáculo que conduzi ao longo de quase duas décadas foi sempre especial, sempre único, irrepetível, intenso, incomparável (por mais que o tentassem copiar, e tentaram, e tentam… e fazem bem!). E isso, assumo, aconteceu porque, além de mim, fui acompanhado por pessoas que sentiram aquelas horas, dias, meses e anos como verdadeiramente especiais, verdadeiramente gratificantes. (apetece-me enumerar algumas dessas pessoas, mas receio cometer o erro de me esquecer de alguém, e isso seria muito injusto)

Por isso, e porque esta crónica já vai longa, e principalmente porque as minhas histórias sobre o “meu” Karaoke dariam quase uma enciclopédia, permitam que, ironicamente, neste dia 16 de Fevereiro de 2013, dedique o “Can’t help falling in love” a todos aqueles com quem cruzei a voz, o olhar e o sentir ao longo de quase duas décadas completamente e incomparavelmente afinadas.

Obrigado por Tanto!

Kiko

2 comentários:

Cila disse...

Amigo, bateu a saudade e vim revisitar o teu blog e ao ler este post.... Aiai.... A saudade aumentou! Graças ao teu palco "sagrado" cruzaste o caminho da minha vida.... E q amizade e admiraçao tão profunda acdredito ter encontrado em ti....! Embora ñ tão presente cm desejava, tens um lugar especial no meu coraçao.... Mesmo sem saberes, ensinaste-me a encontrar a LUZ do meu caminho. Bjo enorme, com saudade

FM disse...

Quem fica, fica, e fica para sempre. TU ficaste, estejamos mais próximos ou mais distantes, mas ESTANDO.

Obrigado pelo Carinho, que é recíproco.

Beijos de LUZ.

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Sempre algures entre o hoje e o amanhã, sem esquecer a memória.

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