quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

E SE...?!


E se, sem aviso prévio do calendário, de repente, ficássemos sem nada, se ficássemos sozinhos no meio do para lado nenhum?

Sim, se ficássemos exclusivamente connosco…?!
Não, este não é nenhum raciocínio catastrófico. Pelo contrário, é um simples convite para que olhemos mais e melhor para o tanto que deixamos escapar por entre o ser e acontecer, e sem nos apercebermos de que, por pouco que sejamos ou por muito que achemos que poderemos ser, na prática, não passamos de uma partícula que se entretém com outras partículas, usando a maior parte do percurso da ampulheta para… quase nada.
É, este pensamento facilmente destrutível pode parecer excessivamente redutor e digno de psicanálise mas, na tal hipótese do: “E se…”, acaba por colocar cada um de nós num plano, no mínimo, constrangedor. 
Porquê?
Porque passamos os nossos dias a pensar no dia seguinte sem nos apercebermos de que o dia seguinte, na verdade, (ainda) é o dia menos importante das nossas vidas.
Imaginemos que desaparece toda a gente: os familiares, os amigos, os inimigos e os outros todos, aqueles que sabemos estarem por aqui e por ali, porque sim. Mas – insistindo., imaginemos que passávamos à condição efectiva de partícula de um suposto todo, ou seja, passávamos àquilo que já somos, mas sem uma única miragem do todo onde nos inserimos... 
O que fazer com o dinheiro, com a Internet, com o telefone, com o carro, com a roupa, com a casa, com as desculpas, com o que era para ser feito um dia destes… O que fazer com os sonhos?
Sim, imaginemos que, empregados ou desempregados, pobres ou ricos, belos ou feios, inteligentes ou “assim-assim”, nada haveria para fazer, absolutamente nada voltaria a acontecer…
O que fazer, então?!
Sentarmo-nos, talvez. 
Ou talvez não! 
Poderíamos sempre correr e continuar a correr por entre o tanto que (re)conhecemos no mundo à procura de outros de nós… Mas, e se concluíssemos que não havia mais ninguém?
(certamente que já há quem tenha abandonado esta leitura, seja por se estar numa época em que o que mais importa é gerar sorrisos, mesmo que recorrendo a analgésicos momentâneos, seja por não caber na cabeça de “ninguém” pensar (sequer) em deixar de se ter isto ou não se poder fazer aquilo) 
Pois!
Mas, por um minuto que seja, esforcemo-nos por tentar uma espécie de simulacro mental e equacionemos a mísera hipótese de, num ápice, sem que para tal estejamos preparados, fiquemos sem tudo, ou melhor, sem nada. Sim, que fiquemos ao “Deus dará”.
E por falar nisso, tentar reclamar com Deus?
Hmmm! Não creio.
Eventualmente, a (pré)visão do resultado deste exercício mental é feita por Ele a todo o instante…
E (eu) delirando, julgo que Ele ficará amiúdas vezes tentado em pôr-nos nesse “fio da navalha”, numa espécie de: “ - Aprendes de vez ou queres que te empurre?”… E nós, cá nos vamos entretendo com os “brinquedos e brincadeiras” sugados à montra do “ser-se especial”, sem (sequer) nos darmos ao trabalho de aceitar hipótese tão ridícula.
Mas, perguntarão alguns (os resistentes a esta mixórdia de palavras): “ – A que propósito pensar no fim do tudo se, na verdade, e “ao fim e ao cabo”, quando olhamos para o lado, continua a existir gente lá fora, uns com mais pressa do que outros, uns com mais lágrimas do que outros, mas todos com vida (ou vidinha) pela frente?!”… 
E ainda haverá, claro, o grupo daqueles, onde por vezes também me insiro, que se limitarão a exclamar um “adiante”. 
Como é possível ficar-se sozinho? 
Há quem responda o mais óbvio: morrendo. Mas, mesmo nessa condição, convenhamos, não há certezas absolutas, consta-se.
O que fazer, então?!
Não sei. Limitei-me a colocar-me a pergunta, mas em “voz alta”…
Mas sei que no dia em que (se) tal acontecer, lá teremos que responder com gestos a uma simples pergunta:
- Desperdiçaríamos tanto de nós e dos outros se soubéssemos quando seremos fim?

Francisco Moreira 

(esta é a minha provocação para que se aproveite o “fim do mundo” como um convite para repensar o durante, já que o “fim” de cada um chegará, por mais que o mundo continue, julgo eu)

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