quinta-feira, 11 de outubro de 2012

“Pica Kitado”


“Pica Kitado”


No ciclo preparatório, já que ainda não se estava muito virado para questões mais “lúdicas”, havia que arranjar maneiras de ocupar os intervalos ou os “furos” que os professores, do alto da sua benevolência, por vezes nos proporcionavam. 



E, entre o futebol, trinca-cevada e as vulgares “caçadinhas”, havia uma altura em que nos empenhávamos em conseguir ser os melhores em algo que nos permitisse ser vistos pelos demais como “bons naquilo”. E o “

naquilo”, para que as mentes parem de “fazer filmes” de outro quilate, na verdade, era jogar ao berlinde ou ao pica. (se não era pica, usava-se um prego, e dos grandes!)


Resumidamente, arranjava-se uma parcela de terreno em terra, dura, mas sem ser de gravilha, de preferência, reunia-se uns 5 ou 6 e… Toca a “furar”!



Mas não eram uns furos quaisquer, nada disso! Eram furos uns a seguir aos outros, permitindo que, sempre que o prego (pica) se enterrasse (parem lá com isso! – risos), prosseguíssemos a nossa prova, fazendo autênticas “obras rupestres” na terra, se maneira a conseguir a maior parcela, a qual, como se percebe, dava a vitória. Ou melhor, importante, importante, era bloquear o jogo aos adversários. (acho que a minha memória está com algumas dúvidas, mas era por aí, penso eu “de que”… risos)



Claro que, dia sim, dia sim, treinava-se à porta de casa e, melhor ainda, havia sempre o engendrar de tácticas evoluidíssimas, para se conseguir os melhores “picas”, os tais pregos galeota comprados na drogaria ao quilo que acabavam “kitados”. 



Como?



Bem, aqui é que está o “pecado”! É que, no meu caso, por morar muito perto de uma linha férrea, afinava os pregos nos carris do comboio. Sim, punha os galeota em cima dos carris, espera que um comboio passasse e, depois, ia apanhá-los ao meio do cascalho, ainda quentinhos. 



É, certo de que o tanto tempo que passou me permite acenar com uma eventual prescrição judicial, resta-me, em minha defesa, alegar que, de cada vez que coloquei um prego em cima de um carril, rezei – e muito. – para que o comboio não se descarrilasse. E vi com os meus olhos que nenhum se descarrilou, merecendo eu, por isso, perdão. (risos)



Kiko


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