terça-feira, 26 de junho de 2012

"Um chapéu aos quadradinhos"


O S. João da década de 80, comigo a "teenager", era um momento único. Não pelas sardinhas (nunca me chamaram!) nem pelo caldo-verde, mas sim pela envolvência. Envolvência essa que reunia um grupo gigante, misturando amigos de "rua" com amigos de escola e - mais interessante ainda - com amigas de amigos nossos, gerando aquele "frenesim" de: " - Ei, viste aquela?! Ainda vou dar uns beijos com ela na Foz!". É, o S. João sempre foi muito mais do que carroceis, "um chapéu aos quadradinhos" ou cervejas quentes (molhadas por fora). 

A concentração acontecia junto à Câmara de Gaia (uns 4 quilómetros a pé, desde a minha casa da altura). Depois, já com uns 40 ou 50 elementos, lá íamos Avenida da República abaixo até à Ponte D. Luís I, para sentir o tabuleiro inferior a tremer, geralmente depois do fogo de artifício. 

Depois, geralmente, lá se ia às Fontainhas (fazia parte), para os apertos e mais apertos, sempre com paragens para recontar os elementos da equipa, entre os incessantes " - A minha é a maior!" e, claro, mais umas "Super Bock" vindas directamente das bacias com água e gelo que preenchiam os passeios do nosso destino. 

A rotunda da Boavista (quando ainda funcionava, com carroceis e tudo) também tinha passagem obrigatória, tal como Miragaia e o seu (ainda) famoso baile. 

Por fim, claro, a ida à praia, lá para os lados da Foz, já com desistentes a ficarem pelo caminho, entrelaçados ou desgastados.

Naquela altura, do alto dos meus 16 anos, com as férias grandes a entrarem em cena, o S. João, por si só, era a festa que, por excelência, poderia gerar inúmeros sentires: saudade, alegria, euforia e cansaço. 

Saudade, claro, dos bons momentos passados no ano lectivo que chegava ao fim, principalmente quando se sabia que se mudaria de escola ou que se "perderiam" muitos dos ex-colegas de turma.

Alegria, claro, pelo que se iria viver - pensava-se, desejava-se e sonhava-se - naquela noite de S. João, uma noite que, a correr mesmo bem, terminaria com uns valentes "beijos" lá para os lados da foz, num recanto de areal. 

Euforia, claro, porque havia sempre uma ou outra potencial conquista feminina que, em sinais (sonhados, constatáveis ou inventados), davam azo a que se imaginasse um resto de noite realmente "apaixonante".

Cansaço, claro, porque quilómetros e mais quilómetros depois (dezenas), era penoso, mesmo muito penoso ir a pé da Foz, já com luz do dia, até à Madalena.

Enfim! O S. João já não é o que era. E apetece-me sublinhar que era, era mesmo. 

Kiko

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