terça-feira, 5 de junho de 2012

"Nuno"



É, hoje, talvez cansado de mim, vou falar de outra pessoa: o Nuno. Mas este Nuno não é mais um Nuno, é um Nuno que, como muitos Franciscos, por exemplo, só passou a Oliveira uns bons anos mais tarde. O Nuno, por assim dizer, era aquele vizinho de idade idêntica à minha que, talvez por morar a uns "distantes" 300 metros do meu "Nº63" e por não ter feito parte da minha sala da primária, começou por ser (tão só) o irmão do Pedro.

Mas, afinal, quem é o Nuno?!

O Nuno foi e é aquele tipo porreiro que nunca dizia nada ao tudo e que raramente amuava, ao contrário de mim, o seu "oposto". O Nuno foi aquele rapaz que me apresentou à directora Cármen e ao dono Zé Manel e lhes disse que eu, que tinha sido locutor de dia, afinal, queria ser como ele - técnico de som, mas a fazer madrugadas, porque me passou pela "telha". E fi-las, às madrugadas, muitas, na Rádio Clube de Gaia, aquela que, mais tarde, transformamos juntos em Rádio Minuto. 

O Nuno era aquele tipo que, sem maldade, prometia para o amanhã aquilo que só fazia na semana ou no mês seguinte, e se o chateássemos muito. O Nuno era aquele rapaz bem apessoado mas sem salamaleques que todas as raparigas achavam que seria o melhor namorado do mundo. O mesmo que, por (ainda) ter paranoia com o condução, teve o azar de ter que me ouvir pacientemente nas inúmeras viagens que fizemos entre a Madalena e a Maia, e outras. 

O Nuno foi o mesmo que me ensinou a "pistar" cassetes e bobinas de publicidade e afins, o tal rapaz que se fez homem e que, além de me ter desenrascado algumas importantes vezes, fez comigo Karaokes, animações de hipermercado e voltas a Portugal em bicicleta, mas de carro, além de muitas outras coisas.

O Nuno foi aquele amigo próximo que, como já se percebeu, sempre teve pachorra para me aturar e - que me lembre (!), nunca me permitiu aturá-lo, por ser assim: simples, discreto, na dele, mas com ideias próprias, personalidade, convicções, paciência e um enorme coração, mas sem querer dar "nas vistas".

O Nuno foi quem partilhou comigo o meu primeiro gabinete. (coitado!) 

O Nuno foi quem assistiu de perto aos muitos palcos por onde andei. Afinal, era ele quem me dava "fio" para acontecer. 

Mas o Nuno (e eu) fomos engolidos pelo tempo (e não faltam "Nunos" em cada um de nós, faz parte da vida, consta-se), já que fomos deixando que os quilómetros das cidades e dos relacionamentos (não em comum) nos pusessem mais distantes, sem sabermos quase "mais nada" um sobre o outro, embora certos, cada um, de que se estava relativamente bem, conseguindo-o nas entrelinhas das leituras que recolhemos, um no outro, por escrito e pelo que outros nos relatavam.

O Nuno é quem está na fotografia, sim, naquela aqui em baixo, onde sou eu quem aparece. Foi ele quem a tirou, aquela e outras, num carro com que percorremos o país e com o qual descemos a Avenida da República, em Gaia, a quase 200 à hora (os ciclistas vinham atrás), passando à porta de onde trabalhamos e de onde fomos despedidos.

Sei que ficaram a saber muito pouco sobre o Nuno, aquele Amigo que, mesmo mais distante, guardo há décadas (tenho esta mania de os querer muito tempo, menos quando os perco, ou me perdem), mas preferi apresentá-lo assim, à sua maneira, já que o mais importante, quando se fala de pessoas que (nos) são especiais, não é dizer como são, mas sim que o são.

Kiko 

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