quinta-feira, 31 de maio de 2012

"Gazeta"



Numa altura em que, quem aprecia futebol, se prepara para ver jogos de todo o género e feitio (bons, maus e assim-assim), entendo ser uma boa altura para recordar os idos "80", nos quais, principalmente as semanas de ligas Europeias (Taça dos Campeões Europeus, Taça das Taças e Taça UEFA) faziam com que eu fizesse gazeta, principalmente para ver os jogos do Glorioso, num café que ficava a meio caminho entre a Escola Secundária e a Estação de Valadares.

Não havia nada melhor do que aquele fervilhar de "teenager" que me levava a correr para o quiosque para comprar a "Gazeta dos Desportos" (jornal desportivo  extinto) e "A Bola", para saber as "novidades" sobre os adversários e as únicas equipas Portuguesas que se destacavam na altura: Porto, Sporting e Benfica (quando ia outra, era quase milagre passar da primeira fase).

Lembro-me de um Roma-Benfica, numa 4ª Feira à tarde (16H45, talvez)... Eu e mais uns quantos, não muitos, lá faltamos às aulas para ir para o tal café beber "Trinaranjus" (maça, laranja ou maracujá) enquanto delirávamos com o que se passava na televisão de "50 centímetros" que, sintonizada na RTP 1, gerava os "ais" e "uis" daqueles que tinham tido a hipótese de não estarem a trabalhar (na altura não se "viam" desempregados, eram vistos como "manguelas").

E sempre que um dos adultos opinava ou "mandava vir" com o árbitro, nós, "chavalos", lá tentávamos acompanhá-lo e concordar com os seus raciocínios, embora com menos decibéis, claro. (Arriscávamo-nos a que nos perguntassem se não tínhamos aulas.)

E naquele jogo, como mero exemplo, em 1983, no Olímpico de Roma, contra todos os prognósticos, o Benfica ganhou por 1-2. Incrível!

Por cá, a equipa que nesse dia jogou de branco, estava a ter um campeonato de sonho, graças a Bento, Pietra, Humberto Coelho, Álvaro, Shéu, Carlos Manuel, João Alves (luvas pretas), Chalana, Nené, Filipovic, Diamantino, Stromberg e outros.

A equipa do Roma, um colosso mundial, tinha Tancredi, Nela, Toninho Cerezzo, Falcão (génio), Ancelotti e Bruno Conti, além de mais uma série deles.

Foi uma tarde "e peras". E que felicidade imensa, não por não ter ido às aulas, mas por, no dia seguinte, poder contar "ponto por ponto" como tinha sido o "jogo do ano", aquele em que o Glorioso foi a Itália aniquilar os Romanos.

Na manhã de 5ª Feira, porque havia que fazê-lo, lá estava eu no quiosque a comprar a "Gazeta dos Desportos", "A Bola", o "Record", "O Jogo" e o "Jornal de Notícias", e só para ver o que os entendidos diziam sobre o jogo que eu vira no café, o jogo que, quase 30 anos depois, continua a ser um exemplo do que é o prazer em se saborear uma vitória com cores nacionais, independentemente do clube que representasse a nossa bandeira.

Kiko

* Apesar do meu Benfiquismo, integrei os muitos que apanharam autocarros para irem celebrar nos Aliados a vitória do FCP frente ao colosso Bayern de Munique, também por 1-2, uns anos mais tarde. (o futebol, penso eu, tinha menos fanatismo e muito mais sabor, além do idioma)

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