segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sombras

São inúmeros aqueles que vivem na sombra, os que se alimentam da própria "inexistência" social à espera de décadas melhores. E existem também todos os outros, aqueles que, mesmo dando o tal de "ar" de que as sombras são apenas uns necessários "recolhimentos estratégicos", como se isso fosse a mais inquestionável das respostas, não deixam de o ser: sombras de si mesmos.

Os dias caminham a passos largos para um vazio de relações. E principalmente à custa das fugas (necessárias ou impostas) com que tantos se debatem no resultado social vigente. Sim, estamos na era (infeliz) do "eu", já que o "nós" pode ser um caminho armadilhado por outras sombras, as do mal.

Confuso? Certamente. Simplificável? Dificilmente.

Refiro-me a quem acontece de forma intermitente, tão só porque a vida a isso os obriga, nem que seja à custa (imposta) de determinados "afazeres" do quotidiano. Refiro-me também àquele número crescente que está a trocar o ser-se humano pelo parecer-se humano. E não param de brotar exemplos. Porquê? Porque vivemos cada vez mais no: "todos mais próximos, todos mais afastados".

Estou com a sensação de que andamos a cometer erros humanos difíceis de ultrapassar, inclusive para connosco, principalmente pelo permitir e aceitar de ânimo leve o propagar de "grutas" que nascem em cada "janela corrida", cada uma com a sua sombra, num respirar quase inaudível, uma espécie de coma social que só é lembrado de cada vez que um gemido rompe a barreira dos noticiários ou é pintado com tons cor-de-rosa.

Tantas palavras para sublinhar a solidão? Tantas?! Não, as palavras até são poucas, principalmente porque raros são os casos de "não-sombras" que se dão ao trabalho de traduzir o que elas, as sombras, tentam transmitir num silêncio que se está a transformar em indecifrável.


Francisco Moreira

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