terça-feira, 5 de abril de 2011

Polaroid

Muitos são aqueles que preferem viver do passado, como se o passado fosse imaculado, como se só tivesse "cromos" de felicidade nesta caderneta a que chamamos vida.

Obviamente que é muito mais fácil pegar num ou noutro retrato, mesmo que a preto e branco, e dar-lhe cores "mais a gosto", vê-lo pelo lado positivo, romântico, acrescentando-lhe uma forte dose de saudade... Como que tentando fazer dele, o que já passou, o melhor de todo um caminho, um caminho com muito para "galgar".

E isto acontece (porque será?!) principalmente quando não se está satisfeito com o hoje, quando as "polaroid" teimam em incomodar com disparos que não contávamos, com pormenores que pensávamos não poderem atingir o significado e o peso que, pelos vistos, conseguem.

Obviamente que o passado merece referência, merece respeito, merece molduras douradas, principalmente quanto procuramos histórias para contar, as nossas, aquelas inúmeras vezes sentidas e revividas, com sorrisos, ignorando as lágrimas, aquelas que também existiram, e que também nos ensinaram, embora diluídas no "ranking" da memória, porque convém...

Não, não há vida sem passado. Mas, convenhamos, também não há vida sem presente, nem vida sem futuro, por mais que recorramos ao passado para justificar o porquê de o hoje poder ser muito mais interessante se acontecesse no ontem.

E é assim que andamos sempre, de tempos em tempos, de aulas em aulas, sem nunca conseguirmos ficar completamente satisfeitos com o presente, o mesmo que também será passado, o mesmo que fará futuro, inclusive nas memórias.


Francisco Moreira

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