quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Greve à Bola

Começo por referir que tenho um imenso orgulho em ser Português. Mas isso não implica que goste de tudo, que concorde com as "prioridades" que, aparentemente, se vão escolhendo, por vezes, sinto-me mesmo longe "disso".
E este texto surge para nos questionar sobre os efeitos da Greve Geral de ontem. E, começando pelo geral, penso que o termo é exagerado, muito exagerado, já que, pelo que vi nas ruas e ouvi das pessoas com que me cruzei, cheguei à conclusão que os 85% anunciados pelas centrais sindicais são, no mínimo, ilusórios, além de errados. Penso até que os números do governo, desta vez, estão mais próximos da realidade do que nunca, apesar do claro e "normal" exagero.
Na verdade, o que me leva a escrever sobre isto, tem mais a ver com a "religião" futebol. Sim, hoje, excepcionalmente, falarei do meu Benfica, mesmo que "ao de leve". E, concretamente, só me apetece chamar à atenção para o seguinte exemplo:
- Como é possível que, no dia após a Greve Geral, a primeira em 20 anos, o assunto mais discutido em Portugal, mesmo em jornais e noticiários, seja a derrota do Benfica, também ontem?
Infelizmente, no meu humilde ponto de vista, está aqui o reflexo do verdadeiro reflexo da Greve e daquilo que efectivamente "merece a atenção" dos Portugueses, ou seja, o futebol, já que todo o resto é "conversa", "politiquice", coisas naquelas em que não apreciamos ser "treinadores de bancada" ou "críticos especializados".
E, ironizando, até compreendo que o Benfica tenha mais peso que a Greve, já que, "dizem as audiências televisivas", tem 6 milhões de adeptos, o dobro dos grevistas anunciados. E se lhes acoplarmos os 3 milhões e meio de Portugueses que ficam felizes com as derrotas do Benfica, aí, convenhamos, teremos uma espécie de unanimidade quanto ao que é realmente "importante", ou seja, a "bola", aquele objecto que nos dá alegrias e tristezas sem recurso a "subprime" ou outros palavrões quaisquer, dignos de "mercados financeiros" com sotaque estrangeiro.
Com tudo isto, e voltando a acelerar na ironia, proponho que as centrais sindicais troquem de presidentes, de equipamentos e de panfletos, já que, convenhamos, o que chama à atenção do povo são os golos e não as faltas, pelo menos destas, as faltas ao trabalho para ir para o centro comercial até à hora do jogo, do Benfica, claro.
Francisco Moreira

4 comentários:

NUC disse...

Como tu o dizes, a derrota do benfica foi mais falada, porque (na minha opinião), a greve serviu apenas para prejudicar mais o país, e porque a derrota do benfica foi escandalosa.
O Jesus passou de Bestial a besta. Ainda me lembro, no ano passado, ter ouvido alguns benfiquistas a querem compará-lo com o Mourinho, alguns até se atreviam a dizer que era melhor. Como diz o nosso amigo Luis, quero ver qual serão as desculpas agora. Será que vão criar um apito de outra cor? Outro sistema? bem...paciência. ah…e como Português, não quero que nenhuma equipa portuguesa perca em competições europeias(mesmo sendo o benfica) :)

FM disse...

Caro NUC, caso não tenha reparado, a grande parte do texto tem a ver com a relação entre a "bola" e a greve... Por isso, confesso, não entendi muito bem porque é que "esfiapou" o Gloriso. (risos)
Abraço Sorridente.

Não Sou... disse...

FM, neste país a bola sempre serviu para distrair o "povo" do que é essencial. Por isso, me mostrei contra a greve, pois se o pais chegou ao estado em que está, a culpa não é só dos governantes. É também de todos nós que nunca quisemos saber do essencial...
Abraço

paulofski disse...

Prá já te dou razão, de crise em crise vai este nosso país. Mas se sempre assim foi! Se não vejamos. Temos a crise do costume (a do dinheirinho) e a periódica crise "menstrual" da comunicação social da capital com o Benfica. É costume dizer-se que quando o Benfica perde... Ora sendo este o Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher, não me espantaria também saber que muitas esposas apanharam a fava. E o Benfica perdeu, perdeu o jogo, perdeu o avião e perdeu o respeito dos "bons" chefes de família que fizeram uma esperinha no aeroporto! A crise benfiquista está por uns bons dias e a ocupar as conversas na tasca para alívio do governo. E qualquer que seja a cor partidária do governo, é sempre a mesma coisa. Isto dos números de adesão às greves épra mim, nem oito nem oitenta. Pelo mei termo estarão os números certos e contabilizando a larga fatia de pessoas que não contam para a estatística, os desempregados, os reformados, as domésticas, mais os que mesmo solidários não a podem fazer, os contratados, os recibos verdes, os tarefeiros... Mas é claro que esta greve pouco ou nada alterará o triste panorama nacional. Só que quem não reclama não mama e pelo que vi deu para demonstrar que o povo está farto.

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