sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ruas de Ontem

Ontem, a meio da tarde, num dos meus percursos habituais, repetitivos - acrescente-se, dei comigo a observar as pessoas, principalmente os peões.
Num ápice, reparei "chocado" na agitação que me rodeava, uns mais apressados, uns mais "sem ter que fazer", outros em "fim-de-semana", sim, a meio da semana, todos nas suas vidinhas.
Há umas décadas, no meu tempo de criança, até "ficava mal" sair à rua durante o "dia útil", já que poucas almas se viam nos passeios, além das donas de casa, entre uma e outra soleira. Carros? De meia em meia hora, lá passava um autocarro, também ele vazio, já que estava toda a gente a trabalhar. (presumo que os desempregados estavam "envergonhados" em casa, o que não acontece hoje)
As ruas estavam sempre vazias, entregues aos cães, aos gatos e ao silêncio sossegado de mais um dia de trabalho... de todos.
Obviamente que não estou a referir-me à elevada taxa de desemprego, embora não a possa contornar, nestas ruas apinhadas de gente em horário de expediente, mas sim às novas rotinas, aos novos horários laborais, aos "fins-de-semana" a meio da semana, à vida que, à custa da necessidade de dar mais horas aos dias, transformou-nos em seres sem horário fixo, sem a ordem sossegada daqueles tempos.
Se concordo? Se discordo? Não sei. Por um lado acho positivo, por outro nem por isso. Mas, com este texto, basicamente, apeteceu-me chamar a atenção para a gigante diferença entre as ruas de ontem e as ruas de hoje. E que diferença!
Francisco Moreira

2 comentários:

paulofski disse...

A rua que me viu crescer também está muito diferente. Deram-lhe sentido único e cobriram-na de asfalto mas não foi só por isso que nela as crianças deixaram de brincar e jogar à bola.

Jota disse...

Verdade incontestável.
As ruas de ontem e as ruas de hoje são um grande tema e daria para, em analogia, escrever durante horas a fio.
Ganhamos em multiplicidade e perdemos em qualidade de vida.
O pior disto tudo é muitas das nossas crianças estão a ser educadas da pior forma já que alguns dos valores familiares mais básicos, estão a ser esquecidos.
Agradecimentos a uma sociedade cada vez mais consumista e materialista, irracional e intolerante.
Jota

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