terça-feira, 28 de outubro de 2008

- Quanto é?

Hoje, não sei bem porquê, houve uma frase que me ficou no ouvido, no coração e... Senti um aperto, uma angústia, uma tristeza quase inconsolável.
- Queria uma bola de Berlim, por favor. É para levar... Quanto é?
- São 55 cêntimos.
Foi este o diálogo entre uma senhora de idade e a jovem empregada da confeitaria onde compro o pão diariamente.
Aparentemente, este é um diálogo normal mas, não sei como, dei comigo - coisa rara, a olhar discretamente para o meu lado direito e a prestar atenção no emissor daquela frase que, com uma voz triste e humilde, emocionou-me.
Era uma senhora bem "apessoada", com maneiras, numa idade avançada e com a tal voz que fez a diferença...
Se calhar, e espero eu, estou errado mas, fiquei com a sensação que aquela bola de Berlim era uma espécie de conquista, mesmo que não fosse para ela, era uma dádiva em período de crise, uma prenda em período de fome, um manjar em período de miséria.
Espero e desejo estar a sonhar, a inventar, a exagerar mas, nas últimas horas, não me sai da cabeça a imagem de uma senhora de idade que, com dinheiro contado, entrou numa padaria, pediu "perdão" por estar a comprar um bolo (luxo) e transportou-o dali para fora como se tivesse ganho naquele momento o que não se ganha um mês.
Estou triste por desperdiçar tantos 55 cêntimos, por não avaliar devidamente o "creme" numa altura em que a "bola" do desespero não pára de se agigantar, não em Berlim mas sim ao virar da esquina.

12 comentários:

Ricardo disse...

Quem sabe estamos a voltar ao antigamente, onde comprar um bolo era um luxo que só se poderia fazer de vez em quando.

Maurício disse...

A verdade é que cada vez mais gente, mesmo os tais "apessoados", se vê de repente a obrigado acontar tostões (agora os tais cêntimos) para segurar o barco.
Isto não está fácil, não.

Sandra T disse...

Eu temo...sinceramente,temo.
Temo por nós e pelos que vêm a seguir, vamos ver no que é que isto vai dar, vamos acreditar que este mau bocado vai passar.
É que se nos pomos a pensar muito damos em malucos.

FM disse...

Como muitos dizem... estamos a caminho da Nova Era, da "limpeza" que nos fará ter um mundo melhor a partir de 2012...
Abraço.

FM disse...

Infelizmente Maurício, infelizmente... Vou tentando não ver (vendo!) o que os olhos tanto reflectem...
Abraço.

FM disse...

Olá Sandra!
Neste momento temo pelo meu filho... Talvez por isso ele já tenha um mealheiro onde todos os dias coloco várias "Bolas de Berlim" com o desejo de que não venham a transformar-se em "luxo".
Beijos.
(quando vens vê-lo?)

Cila disse...

É por todas estas coisas que jovens, cm eu, querem seguir a vida em frente e, no horizonte, só vemos incertezas!!!

Ai, ai...

Há que ter esperança!!!

Beijoca

Sunshine disse...

Este mundo está cheio de contrastes, alguns deles tão pronunciados que afligem quem os presencia.

Quantas vezes já assisti a situações semelhantes a essa que descreves e mesmo ao lado estão jovens que não fazem mais que "estoirar" uma data de 55 cent. em porcarias que só lhes faz mal.

Isto anda mal, ai anda anda ...

FM disse...

Há que ter Sempre Cilla, Sempre.
Continua.
Beijos.

FM disse...

afinal não sou o único a ver Sunshine...
Beijos com Amizade.

Sandra T disse...

Meu querido, claro que estou desejosa de ver o vosso anjinho, estou a deixar passar um pouco de tempo, porque já sei que as visitas nesta fase não param, são as tias, os primos, os tios dos primos e por aí fora... e claro, esses primeiro, depois as tias emprestadas, como eu.
Como sabes a minha vida agora está complicada, entre Porto e Coimbra, um destes dias ligo, já que mo permites e vou fazer-vos uma visita.
Beijocas aos três.

FM disse...

Ficarei à espera do tal telefonema...
Que tudo corra bem com a tua irmã.
Beijos com Energia Positiva para ambas.

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