quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

“O tal casamento”



Isto de se ser o “menino” da família, principalmente quando se tem (o alto dos) 11 anos de idade, faz com que abusemos um pouco da “vaidade”, ao ponto de, sempre que nos dão azo para isso, “esticarmos a corda”…

Das centenas de casamentos onde marquei presença – sem que nunca tenha estado no meu (risos), fosse por razões familiares, de amizade ou, na grande maioria, por motivos profissionais, houve um casamento (este que a foto documenta) onde me senti uma autêntica estrela.

Porquê?

Naquele ano de 1981 (se não me falha a memória), o casamento da minha irmã Manuela mereceu uma produção “hollywoodesca” (para altura), com convidados vindos de vários pontos do País, com vários carros “grandes”, motoristas, vestidos sumptuosos, enfim, algo em demasia para uma família pobre, como a minha. (pobre, quer dizer, a minha irmã, não a que casou mas a da foto, vivia milionariamente no Brasil, razão pela qual assumiu o peso da produção além da própria produção)

Foi um “Sr. Casamento”, refira-se. E foi mesmo.

Armando-me em “crescido”, e eventualmente com ciúmes pela perda de protagonismo, fiz de tudo para dar nas vistas. Exigi ir de fato e não de “smoking” ou de calças de flanela, e, claro, obriguei a que me comprassem um “Sr. Laço”. Isto, claro, sem esquecer o penteado “cabeleirado” com as patilhas cortadas a eito, a minha (horrível) imagem de marca durante uns 15 anos.

Depois do desfile de viaturas, com muita gente nas janelas, lá fomos para uma Sé do Porto - toda engalanada, ao que se seguiu o cortejo até Miramar, onde um violinista e outros “adereços” deram ainda mais brilho ao enlace, à "Srª Boda".

Neste dia, que guardo na memória por razões bem mais interessantes e bem mais importantes do que as que aqui descrevo, recordo-me do pico da minha “vaidade”: a meio da tarde, porque tinha a paranóia de andar sempre a arranjar o cabelo, ou melhor, arranjar a minha “pala”, lá fui à casa-de-bando da sala de banquetes do (desaparecido) Hotel Mirassol (um luxo na altura, ao ponto de lá ficar a equipa do FC Porto) para dar um retoque no cabelo. 

Entrei, olhei umas 20 vezes para o espelho e, que me lembre, foi a única vez em que, na década e meia em que usei “pala”, não mexi num único fio de cabelo. Incrível!

Porquê?

Porque, naquele dia, mesmo ao meu olhar excessivamente crítico, a “pala” estava fantástica. Mais, confesso que nunca na vida me senti tão “munito”. Não arranjei namorada, também não haviam grandes alternativas na enorme lista de convidados, mas casei-me logo ali com o meu próprio ego (fosse lá o que isso fosse), e, juntos, tivemos uma fantástica noite de mel, embora sem sexo, claro! (risos)

Kiko

0 comentários:

Acerca de mim

A minha foto
Portugal
Sempre algures entre o hoje e o amanhã, sem esquecer a memória.

JACKPOT

JACKPOT
Música Anos 70, 80 e 90

Porto Canal

Porto Canal

O Livro do Ano

O Livro do Ano
Escrito por uma Deusa e um Sonhador... em nome de um Ângelo

...Sempre...

...Sempre...

Blog Archive