sábado, 12 de novembro de 2011

Salto-Alto

Estando eu no "meio" há mais de duas décadas, habituei-me a ver diariamente nascerem, brilharem, vegetarem e desaparecerem inúmeros projectos musicais Portugueses... E, ao aceitar o convite, sabendo da lotação esgotada, quis entender se Aurea era/é mais um daqueles postais que brilham imenso mas que, com o decorrer dos anos, acabam por se transformar em resquícios na gaveta do "Lembras-te daquela?".
Não. Este concerto foi diferente. Fez-me lembrar o primeiro "Coliseu" do Abrunhosa, embora a sala de hoje estivesse menos eufórica do que a de então, e compreendem-se as razões...
Hoje vi público atento, específico, conhecedor, apaixonado... de iPhone na mão, fosse para a posteridade ou para postar "live" no "Facebook"... E vi a equipa que acompanha Aurea a vibrar freneticamente com o sucesso que estavam a sentir...
Palco bonito, elegante, com excelentes efeitos luminosos a condizerem com os adereços (candelabros e candeeiros, sem esquecer a escrivaninha), numa espécie de "Cabaret" com muito estilo, bom gosto, com carimbo... Simples, eficaz, intenso.
E ela, a artista, além da voz soberba - comprovada nos "acapela", lá estava descalça - imagem de marca recuperada de outros... Aurea mostrou estar justificadamente confiante e bem trabalhada, seja por ela, seja pela "máquina" que a fez impor-se num panorama discográfico "moribundo" - o nosso, infelizmente.
Das versões, realço a de Prince, num "Kiss" muito bem orquestrado e, não muitos furos abaixo, "Valerie", de Amy Winehouse...
De resto, além dos bons músicos, excelente som - talvez com a necessidade de o microfone de Aurea estar mais alto nas "partes baixas"... E, claro, as incomparaveis Patrícias, nos coros, excelentes, como sempre.
Aurea tem uma imagem interessantíssima (o primeiro traje foi o que lhe assentou melhor), sabe estar, demonstra simpatia - não necessitando do dom da palavra e, não menos importante, trata bem a sua banda, transmitindo repetidas vezes a ideia de que faz parte de um todo. E faz, faz muito bem.
O menos interessante - sem ser uma critica, confesso, prende-se com o curto alinhamento. Tratando-se de um "Coliseu", uma hora e "picos" é pouco concerto para uma sala tão interessada, tão interessante. Mas dá-se um "desconto", inclusive à repetição do "Busy for me", principalmente por ter conseguido tanto, quer em disco, quer ao vivo, em tão pouco tempo.
Penso ainda que, na "ausência" de Elvis, o que levou à não interpretação de "Love me tender", justificava-se um convidado especial, quanto mais não fosse para que, além de plenamente satisfeitos, pudéssemos sair arrebatados de um concerto que, no meu ponto de vista, provou que Aurea pode não usar salto-alto, mas já é grande e tem tudo para dar certo, inclusive para lá de Portugal.
Gostei, mesmo. Parabéns.

Francisco Moreira

0 comentários:

Acerca de mim

A minha foto
Portugal
Sempre algures entre o hoje e o amanhã, sem esquecer a memória.

JACKPOT

JACKPOT
Música Anos 70, 80 e 90

Porto Canal

Porto Canal

O Livro do Ano

O Livro do Ano
Escrito por uma Deusa e um Sonhador... em nome de um Ângelo

...Sempre...

...Sempre...

Blog Archive