quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Niqueis

O mundo assemelha-se cada vez mais a um enorme tabuleiro, daqueles que têm inúmeros e atraentes jogos que nos são oferecidos a preço de saldo.

E quando se vai a jogo, seja por curiosidade ou porque nos atiram lá para dentro, chega-se à conclusão de que, na verdade, o que todos os jogadores procuram é o mesmo resultado: exercer o "custe o que custar", mesmo que se comece por brincar.

Nesta vida de tabuleiros mil, confesso, já não sei se se joga pelo prazer de jogar, pelo prazer de vencer ou para sobreviver ao sufoco de não se perder.

Acho mesmo que as regras já não são tão importantes, que tudo depende do ângulo com que as câmaras filmam e emitem (ou não?!), ou - não menos estranho nos dias que correm - daquilo que o árbitro (o conjunto de interessados) pretenda, seja no papel de investidor ou vendedor, já que o disfarce não revela outras "funções".

A vida está a ficar um jogo demasiado sujo, demasiado feio, demasiado viciado... E isso é perigoso, principalmente junto daqueles que não gostam de apostar, que não querem viver no arame das incertezas nem serem levados pela corrente de interesses: o monopólio.

E por falar em monopólio, tenho saudade do tempo em que me entretinha à custa dele - do jogo, fosse comprando um hotel ou endividando-me até à bancarrota.

Porquê?

Porque sabia que chegaria o instante em que tudo aquilo voltaria para dentro da caixa de cartão e não se transformaria numa espécie de "caixa de pandora", daquelas que mesmo só valendo niqueis são ornamentadas com um laço intitulado "esfola".


Francisco Moreira

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