terça-feira, 6 de setembro de 2011

Entretanto

Ironicamente, o mundo que se anuncia como estando constantemente em excesso de velocidade, afinal está lotado de passageiros parados, embora certos de que continuam a correr.

Por vezes, quando olho para o como estamos, fico com a sensação - para não lhe chamar certeza! - de que a grande maioria de nós hibernou, e hibernou por descrença, pelo excesso de uso do "deixar andar", aquela moleta especial que serve para quase tudo, principalmente quando se é assolado pela inoperância e pela descrença.

Mas deixar andar o quê, quem, porquê, até quando?

É, esta moda do esperar pelo outro dia faz com que se desperdice o tanto que pode ser feito ainda hoje, acabando nós por coleccionar uma gigantesca quantidade ontem's, e logo daqueles que não são dignos de registo no calendário de cada um, tão simplesmente porque o que não foi feito acoplado ao que não se tentou fazer redunda num vazio, e de cansaço. É, isso também cansa, e muito!

Ironicamente, neste mundo onde andamos sempre sem tempo, fartamo-nos de desperdiçar horas e dias, justificando - a nós e aos outros - que temos isto e aquilo: aquelas invenções que angariamos na esquina do pensamento para que, diante de terceiros, se fique com a ideia de que não estamos parados. E chegamos ao ponto de nos convencermos a nós mesmos com as mesmas justificações, perdão, invenções. (anunciar que se fará não significa fazer)

E o que mais me custa neste nada fazer com muito para fazer é pactuar-se com o "deixar andar" porque, um dia destes, acredita-se, "a coisa pega", e aí é que será um "vê se te avias", e daqueles que saldarão a dívida que se colecciona - com inúmeros cromos repetidos - neste conjunto de nadas, o entretanto.


Francisco Moreira

2 comentários:

Jota disse...

Nem mais, nem menos, está cá tudo.
Abraço.

Marina Ribeiro disse...

"É, esta moda do esperar pelo outro dia faz com que se desperdice o tanto que pode ser feito ainda hoje, acabando nós por coleccionar uma gigantesca quantidade ontem's"...

So very very very true... que até dói ver escrito.

Acerca de mim

A minha foto
Portugal
Sempre algures entre o hoje e o amanhã, sem esquecer a memória.

JACKPOT

JACKPOT
Música Anos 70, 80 e 90

Porto Canal

Porto Canal

O Livro do Ano

O Livro do Ano
Escrito por uma Deusa e um Sonhador... em nome de um Ângelo

...Sempre...

...Sempre...

Blog Archive