sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Companheira

Tento não fazer da minha vida um conjunto de colecções, embora me considere um coleccionador de emoções, de retratos, de pessoas, de locais, de saudades...

E esta toalha de praia - porque é isso que ela é! - é um dos objectos que faz mais questão em me acompanhar, e já desde 1993, como devem ter reparado...

Lembro-me que a comprei, cara, no "Continente" de Gaia, porque era gigante, única, diferente, mesmo fazendo publicidade à maior marca de refrigerantes do mundo.

Acho mesmo que quando a comprei me apaixonei por ela... Sim, por uma simples toalha de praia! E por ela, há que assumi-lo, já passou muito do que vivi, principalmente no verão, a altura em que ela me faz recordar que é insubstituível. Não, ela não é uma toalha de praia qualquer, ela é testemunha de muitas conversas, infindáveis afectos, alguns mal-estares e de poucos períodos de solidão... Esteve sempre lá, onde quer que eu tenha estado.

Não sei se esta toalha gigante feita para ser usada a dois e resistente a 18 anos de lavagens ainda se lembra de tudo o que aconteci na sua presença, mas certamente que se lembrará de mais do que esta minha memória de retalhos ousa evidenciar. Certamente que se lembrará das curtas e longas viagens que fizemos juntos, das praias tórridas e frias que já percorremos, dos aconchegos de final de tarde e noite, de muitos acordares e dos embarques e desembarques em que ela esteve firme e de muito mais, tanto mais... Um mais que, agora que ela atinge a maioridade, quase me impele a colocá-la numa espécie de museu de mim, se é que ele existe, se é que o tal museu não serei eu mesmo, hoje ou um dia destes.

E por falar em hoje, 18 anos depois de a ter comprado por cerca de 2.500$00, preparo-me para embalá-la uma vez mais e levá-la como testemunha privilegiada de mais alguns instantes, mais um dos inúmeros fascículos onde ela, esta companheira, continua a ser fiel e uma amiga íntima, por mais frágil que esteja o seu "corpo" desgastado.


Francisco Moreira

2 comentários:

Marina Ribeiro disse...

xiiiiiii... realmente há coisas que temos hà tanto tempo connosco que nem damos pela sua existencia/importancia até... um dia em que fazemos contas aos anos...
fantástico este texto...
Boa Praia!!

paulofski disse...

Deixa estar que mesmo de retalhos a tua memória não ficou desbotada.

Abraço

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