quinta-feira, 2 de junho de 2011

Tenho Dito

O assunto em questão, no meu ponto de vista, merece uma aprofundada reflexão e, mais do que isso, um volume de dissertações e opiniões que, confesso, evitarei, principalmente porque, na verdade, tudo o que seja mais do que "duas palavras", geralmente, é interpretado como "seca", já que "ninguém" tem pachorra para ouvir falar de política, quanto mais "lê-la", esquecendo-se de que é a política que dita o nosso amanhã, queiramos ou não, votando ou nem por isso... Porque vai estar um excelente dia de praia no Domingo.

Em resumo, assumo desde já que votarei em José Sócrates, mesmo sabendo que, neste preciso momento, as minhas orelhas "arderão" por estar a assumi-lo, e principalmente quando os tantos que votarão no PS não se dão ao "trabalho" de o dizer, talvez por receio de serem considerados "maus da fita", tamanha é a quantidade de vozes que se ergue nos mais diversificados meios. A estes, aos que se "calam", coloco a seguinte pergunta:

- Acham mesmo que serão os únicos a votarem no Sócrates? Acham mesmo que "calando-se" estão a dar força ao vosso voto? Acham mesmo que o silêncio consegue rebater o murmurinho que se faz ouvir? Acham mesmo que a democracia vive de silêncios?

Bem, permitam que vá directamente ao ponto, um ponto que, neste caso, é de exclamação, independentemente dos pontos de interrogação que se possam tentar "colar".

Eu voto em Sócrates porque, mesmo com erros e números que, de longe, são piores do que aqueles que ele sempre prometeu, para mim, dos candidatos em questão, ele é o único que "OS" tem no sítio, o único que, em termos de experiência governativa, nos últimos anos, mesmo em "tanga", não abandonou o "barco" nem se deixou engolir pelo "pântano", independentemente das calúnias (quem nunca meteu uma "cunha" que levante o braço) ou verdades (que me interessa se ele fez o exame ao Domingo ou à 6ª), já que o que interessa MESMO é o seu desempenho, e principalmente dadas as circunstâncias.

Como costuma dizer um amigo meu: "é preferível alguém que aja do que alguém que se deixe manipular", mesmo que para isso, aqui e ali, se vá "colorindo" os acontecimentos. (algo que todos fazem e farão, já que "faz parte", inclusive na oposição, ou não?!)

Por outro lado, uma parte gigante do nosso problema (porque é de todos), convenhamos, foi criada por quem não o deixou governar, por quem ajudou - e muito! - à especulação financeira (e outras) e, não menos importante, pelo menos para mim - repito, uma das maiores culpas vai para quem tomou a decisão (derrubando-o) de recusar um "Pack 4" ontem para o assinar (com mais espinhos) no dia seguinte, e, "assobiando para o lado", com um acréscimo de 78 mil milhões de euros. Alguém tem dúvidas de que os "juros" estão gratos à tanta fragilidade provocada pelo ruído interno e externo?! (houve uma deputada do PP que, pelos vistos, em entrevista a uma televisão Norte-Americana recomendou que não se emprestasse dinheiro a Portugal porque o governo iria cair dali a uns meses - Grande patriotismo este, uns dias antes de Portugal vender dívida pública)

Sim, acreditei que o Sócrates conseguiria manter Portugal sem essa dívida, sem escancarar as portas ao FMI como tantos acenaram (porque convinha eleitoralmente). É que, mesmo em minoria e com tudo o que isso representa (pelo menos em Portugal), mesmo com todas as vozes oposicionistas a ajudarem ao aumento dos juros, e por aí fora, sempre acreditei que o governos conseguiria fazer-nos "sobreviver" a mais uma crise em cima da crise... (Lembram-se da última vez em que não se ousou fazer referência à palavra Crise? Isso foi há quantas décadas?! Até parece que foi o Sócrates que a inventou.)

Não sou perfeito, nem pretendo sê-lo. Mais, quem almeja sê-lo, por muito que tente agradar a "Gregos e Troianos", infelizmente, também não o conseguirá. Para mim, José Sócrates é um primeiro-ministro que conseguiu ter "pulso de ferro" e que, mesmo com erros (todos os cometem, todos os cometerão), conseguiu fazer muito, por muito que esse muito "incomodasse" alguns sectores, originando coros de vozes que, julgavam, conseguiriam sempre manter a sua, quando, em grande parte dos casos, a palavra que se manteve foi a do primeiro-ministro. A isto chama-se: "tê-los no sítio", algo que precisávamos, precisamos e precisaremos, digam o que disserem.

Sem ir muito longe, gostei especialmente do seu primeiro mandato, aquele em que pôde tomar decisões contra "tudo e contra tolos" em favor da "maioria", gostei da forma com atacou algumas das muitas injustiças sociais, gostei de como facilitou as burocracias, gostei de como recuperou dinheiro "perdido", gostei de como avaliou "funcionários especiais" (mesmo com exemplos negativos, porque os haverá sempre, basta descobrir-se um exemplo para se culpar a "regra"), gostei das "novas oportunidades" (sempre vale mais ter 0,1 do que continuar a 0, ou não?!), gostei de inúmeras coisas, mesmo tendo que pagar mais impostos, mesmo vendo outras regalias a desaparecerem. Sim, em termos gerais, entendo que, dadas as circunstâncias e as regras Europeias e Mundiais, ele conseguiu mais do que qualquer um dos seus actuais adversários conseguiriam ou conseguirão, principalmente os que, à custa da utopia, tentam provar que, por exemplo, sem a privatização do "BPN", o País estaria melhor. Sim, estaria, sem dúvida. E se o banco não fosse privatizado, conseguiria limitar-se a "causa-efeito" e o caos?!? Pois. (falar é bem mais fácil do que fazer)

Para mim, o Sócrates, mesmo num período extremamente difícil, manteve o discurso positivo, contrariando o "nacional negativismo" com que tanto "gostamos" de nos lamentar... sempre, seja na porta do "café" ou nas "Maldivas", e mesmo que não nos desloquemos às urnas.

José Sócrates, infelizmente, irá perder as eleições. Mais, mesmo que as ganhe, não formará governo. Primeiro porque a "esquerda" acredita no "não pagamento do que se deve" e noutras "loucuras do século passado" e depois porque o primeiro-ministro demissionário (que nunca fugiu, reforço!) não aceitará - e bem! - aquilo que o Passos Coelho já aceitou: ficar refém de um "Porta-Submarinos"; o grande vencedor destas legislativas, inquestionavelmente (muito graças aos votos dos socialistas desempregados e aos socialistas que perderam parte do seu salário).

Lamento que, nesta altura difícil, o bem intencionado Passos Coelho (parece-me ser boa pessoa!) não consiga resistir à pressão dos seus "boys" (provavelmente terá mais do que Sócrates) e muito menos às "matreirices" e "chantagens" ("indoor" e "outdoor") de um Portas que "sabe-a toda".

Não tenho fé na nova "AD" e não creio que o próximo primeiro-ministro tenha mais qualidades (nem defeitos) que Sócrates e, acima de tudo, não acredito que esta maioria chegue a bom porto.

Se Sócrates deixará saudades?! Deixará, acreditem.

E, mesmo sentindo que perderá estas eleições, razão pela qual, aparentemente, anda mais cansado, mais em baixo, mais desiludido, menos confiante, menos "o melhor" - porque o é! - em termos de intervenções (debates incluídos), Sócrates merece o meu Voto, convicto Voto, e o voto de milhões que perceberam que, dado o elenco que se apresenta, não há melhor, muito menos numa Europa que decide quase tudo (ao menos, ele já lá estava, e com "links" bem estruturados, presumo).

Não sei se o PS permitirá que Sócrates regresse, mas, se regressar, voltará a primeiro-ministro, se não lhe passar pela cabeça suceder a Cavaco Silva, o verdadeiro "primeiro ministro" de Portugal neste "machadado" mandato.


Francisco Moreira




* Evitei referir-me aos "tiros no pé " constantes que Passos Coelho (futuro primeiro-ministro gerido pelo "porta-submarinos") foi dando todos os dias na campanha e, logicamente, acrescento que TODOS devem votar, principalmente aqueles que dizem "cobras e lagartos" e que, quando devem assumir o seu papel, não o fazem. Votem em branco, se não encontrarem nenhum candidato à "vossa altura".

4 comentários:

Marina Ribeiro disse...

Perfeitamente compreensível... a tua escolha... e este texto tem muita verdade, sobretudo estou 100% de acordo com: "é preferível alguém que aja do que alguém que se deixe manipular".

NUC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
NUC disse...

Estou farto de políticos que falam, mas não fazem nada. Prefiro que se faça algo (mesmo que mais tarde se verifique que é necessário ajustar ou corrigir situações pontuais) do que não fazer nada! Por isso, o meu voto é indiscutivelmente SOCRATES.
As pessoas têm memória curta (ou só se lembram do menos bom), acredito no Sócrates (mesmo admitindo que nem tudo "correu" bem), porque, por exemplo, no seu primeiro mandato, formou governo com a tarefa de baixar o défice e fê-lo (senão me engano antes do tempo previsto ou com um valor inferior)! E fez muito, muito mesmo…apenas para recordar…reforma do sistema de Saúde (redução das filas de espera, redução dos preços dos medicamentos com os genéricos, fim do lobby das farmácias (permitindo a venda de medicamentos sem receita fora das mesmas), reforma do sistema fiscal (vários serviços no portal das finanças), reforma da Justiça, SIMPLEX, reforma Social (complementos Social para aos idosos, rendimento mínimo, aumento do ordenado mínimo e reformas), reforma da Educação (Avaliação dos Professores (falo por mim, mas quero que os meus filhos tenham os melhores professores possíveis), Novas Oportunidades, renovação do parque escolar, Magalhães), etc… Não me lembro de tudo…tenho memória curta.
Acho fantástico, ver os meus Pais (que durante anos, um computador e um satélite espacial eram a mesma coisa), utilizarem regularmente o computador, fazerem post’s no facebook, e quase se pegarem para utilizarem o único computador da casa. Acho fantástico ver a minha filha (com 6 anos) a mexer no seu Magalhães, da mesma forma que hoje, todos nós, facilmente utilizamos o comando da televisão ou um telefone. Acho fantástico ver a minha filha a tentar falar inglês comigo. Acho fantástico, conhecer várias pessoas que estão na faculdade, motivados pela conclusão das novas oportunidades. Continuava, mas como disse, tenho memoria curta.

Marina Ribeiro disse...

tenho um desafio pra ti no meu blog
;-)

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