quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Um Cêntimo

Depois de uma silenciosa mas atribulada guerra de palavras comigo mesmo, quando me impus parar, porque a cama também me chamava, reparei que o relógio do computador acusava proximidade às 6 e meia da manhã deste mesmo dia..
A guerra, composta de inúmeras micro-batalhas, feitas de adjectivos mim, foi saboreada à velocidade do vento, da chuva, da trovoada e, como não poderia deixar de ser - em mim, sob o signo da inspiração imposta.
Diz-se por aí "que o tem que ser, tem imensa força", e há que dar forma ao que me vai na mente, há horas, há dias...
Estou assim como o tempo de hoje, algo cinzento, de cansado, mentalmente falando, embora, acrescento, a esta hora já me sinta em piloto-automático, se tão experimentado que estou nestas andanças nocturnas e não noctívagas.
Na verdade, voltando ao cerne da questão, neste minuto, a vontade é a de regressar à primeira sílaba e mandá-la às favas em "correio azul". Mas como - conhecendo-me - sei que isso não acontecerá, lá terei que me sujeitar aos ajustes e reajustes na pior das fases da escrita - pelo menos para mim: aquela em que se tem obrigatoriamente que colocar em pé uma espécie de árvore de natal, começando pelo tronco - a estrutura, aquela tal parte que, assumo com todas as letras, é a menos interessante, a mais feia e irritante, já que prefiro sempre partir do zero, sem fio condutor.
Sim, eu sei, eu sei que depois chegarão as bolas, as fitas coloridas e a série, entre outros adereços, aqueles que, no fim, consta-se, fazem de um bolo sem sabor uma espécie de delícia viciante... Mas, até lá, neste difícil entretanto, o parto arranca, convulsão a convulsão, sílaba a sílaba, instante a instante...
Neste momento, assumo, trocaria esta espécie de tornado por um cêntimo, embora - e permitam que o revele em primeira mão, não seria um cêntimo qualquer.

Francisco Moreira

1 comentários:

paulofski disse...

E assim o livro vai tomando forma e o travesseiro um confortante inspirador.

Abraço.

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