quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Charco

Por vezes, mesmo contrariando as minhas convicções e vontades, sento-me e fico quieto, aqui e ali, naquele canto dos instantes, naquela curva da "prova dos nove"...
Fico mais ou menos discreto, mais ou menos atento, mais ou menos curioso... E fico, principalmente porque é necessário observar as acções e reacções de terceiros, principalmente quando os desfechos fogem velozmente dos factos ou são invertidos, transformando-se, quase por milagre, numa espécie de tábua de salvação, sem se tentarem salvar, o mínimo exigido em função dos danos... Ao ponto de, em função do que me é dado a ver e sentir, ao momento, e sem actos públicos em contrário, ter (eu!) que reavaliar as minhas próprias acções, principalmente quando se propagandeia o que não fui nem sou, gerando, sem medir consequências, um sentir penoso, permitindo que se inflame ainda mais graças às suas nuances.
Por vezes, sem me agradar, minimamente, lá tenho que agir, lá tenho que erguer as palavras, recordar quem sou e como sou, principalmente quando as cicatrizes são profundas, principalmente quando o pedregulho atirado para o charco de um nome honrado parece querer fazer crer que todas aquelas (tantas) gotas saltitantes continuam a expandir-se num efeito dominó que, no mínimo, e por mais injusto que o seja, ao menos, serve para que se aprenda a valorizar ainda mais o que e quem temos, certos de que isso, sim, isso somos nós.
Francisco Moreira

4 comentários:

Jota disse...

E não é que gera tristeza e desencanto?

Não para o charco onde o pedregulho é atirado, pois o charco de consciência tranquila não teme pedregulho, mas sim por vezes pela forma como é atirado esse pedregulho e logo acompanhado de seguida por aquelas pedrinhas lacerantes que só fazem ruído ao cair.

São por vezes essas pedrinhas lacerantes que ferem mais do que o pedregulho, especialmente porque foi o charco que lhes matou a sede durante tanto tempo e então, nesse momento, no momento em que lhe acertam, geram tristeza e desencanto.

Abraços

JoeMar disse...

Existe uma pequena lenda Chinesa, que vou partilhar:
Numa Selva, uma Serpente observava um Pirilampo. Certo dia, a Serpente decidiu perseguir o Pirilampo com o intuito de o comer.
Após horas de perseguição, o Pirilampo cansado de fugir, pára e pergunta:
- Serpente, por que me persegues? Porque me queres comer, se não faço parte da tua cadeia alimentar?
Ao que a Serpente respondeu:
- De facto não fazes parte da minha cadeia alimentar, mas tenho de te comer, não suporto ver-te brilhar!
Ao lancar-se uma pedra para um charco, é preciso ter muito cuidado, pois sabe-se para onde se lança a pedra, mas não se sabe para onde saltam os salpicos!!!

Abraços e Beijos de
Paz e Luz*

Liliana Francisco disse...

Não gosto deste sentimento que te invade..não gosto desta "necessidade" de demonstrar ALGO DE TI QUE já todos conhecemos.. nada faz falta quando tudo é tão claro como a agua...

salpicos?? aguentas-los bem... tens um enorme "GUARDA- CHUVA" !

força Homem!

Sandra T disse...

acredito no retorno...aquilo que damos ao próximo recebemos de volta...acredito que a vida nos traz coisas para nos pôr à prova, ás vezes para nos ajudar a ver melhor, a conhecer, a crescer...acredito que a própria vida depura, selecciona, aperfeiçoa... acredito na grandeza e na nobreza do ser humano, tenho que acreditar senão isto não faz sentido...
Sei que também acreditas, sei-te assim... o resto? O tempo cura...só o tempo nos traz calmia, nos mostra os motivos, nos explica as razões.
Já falamos sobre isto em momentos de extrema dor e parte das perguntas que fizemos, hoje, a maior distância, estão respondidas, de uma maneira ou de outra...
Considera-te um instrumento que alguém escolheu para que alguém cresça como ser e essas feridas vão curar...aliás apercebes-te que nem sequer existiram, que afinal nem te beliscaram.
Só digo isto porque sei que és assim, sei que esse sentimento de quase revolta e dor vai ser relativizado, ultrapassado e até esquecido. sábias palavras as dos teus amigos que escreveram antes de mim.. de resto, já sabes, estamos aqui. Beijinhos a todos.

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