quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Reticências

Se há quem aprecie palavras, um desses fãs confesso sou eu. Mas nem sempre elas estão "viradas para mim", ou, porventura, não estarei eu "virado para elas"...
Não são raras as vezes em que escrevo sem conseguir apropriadamente juntar o "a" e o "b", com um mínimo de sentido e de acordo com que me vai pela mente... E nem se trata de não conseguir uma ou outra frase mais coerente, trata-se - tão só - de, ao ler, reparar que não é "bem aquilo", que queria ir muito mais longe, que tinha muito mais para dizer, muito mais para "conversar"... Sim, conversar! É que, para mim, o acto de escrever o que penso, é, acima de tudo, uma conversa, mesmo que seja entre mim e mim, assim ao jeito de monólogo...
O que fazer, então? Não escrever, simplesmente?!
Discordo. Entendo que devemos insistir, quase sempre, e tentar chegar lá, àquela ponte entre o pensar e o dizer, por mais impossível que pareça ser a travessia, inclusive naquelas tantas conversas que não levam a lado nenhum...
E, reparem, quando me viro para as reticências mais vezes do que o habitual, seja dito, é porque sinto que as palavras mereciam mais ênfase, mais "letras" ou, se preferirem, mais "sumo" e menos "rama".
Hoje, aparentemente, estou num desses dias, num dos dias das reticências...

Francisco Moreira

3 comentários:

Flor de Lótus disse...

Há dias em que as palavras fogem....como vê,(rsrsr) adoro reticências.... me dá sensação de que deixo algo no ar,para q o leitor me complemente!!!!

Ana Pina disse...

A propósito de reticências, passo a citar um dos pequenos contos daquela coisa hilariante que eram as histórias que, batendo à máquina em cima da casota, escrevia o Snoopy, no "Snoopy Escritor": "Sempre que ele se ausentava, ela queixava-se de que se sentia muito só. "Resolvi o nosso problema", disse-lhe, um dia, ele "Comprei um S. Bernardo, chama-se Extrema Reticência. A partir de agora, quando me for embora, deixo-te com Extrema Reticência!" Ela atirou-lhe com uma cadeira..."

Impagável, a sério. Se quando uma pessoa é muito pequena e não percebe grande parte das subtilezas acha piada, como eu que decorei grande parte do livro, quando percebe e se recorda é que´aquilo é de escangalhar a rir:))

paulofski disse...

Nesta brincadeira em que me mesteste (sim pá, és tu o culpado) descobri uma certeza. Descobri que nada melhor se faz se não for realizado de uma forma inspirada mas inspiração é coisa que não se encontra todos os dias. Nessas situações, uma óptima saída é sair e inspirar o ar do dia que fizer do lado de fora. A inspiração mora nos desejos, nos sentimentos, nas histórias, nas pessoas, nos momentos que se cruzam na nossa vida. Quando assim não é, sente-se o peso da obrigação. E fazer algo só por pura necessidade, sem prazer ou vontade da alma, é para mim algo difícil e penoso.

Obrigado Kiko.

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