quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Complot

Um minuto destes olhei para o meu velho espelho, aquele estranho que raramente cumprimento, mesmo sabendo que isso é falta de educação. Passou-me pela cabeça perguntar-lhe as horas. E ele, carregado de ironia, respondeu-me que "já era tarde", inclusive para mim, aquele que prometi vir a ser.

Não, não acreditei naquele reflexo estapafúrdio que teima em dizer o que lhe apetece porque, simplesmente, nunca há um outro espelho por perto que me permita uma verdadeira "prova dos 9", que é o mínimo que mereço, quanto mais não seja pelos cabelos brancos que ostento.

Fiz-lhe um "manguito", torto, é certo, mas com vontade, pelo menos no lúcido pensamento. E ele, aquele espelho de 4 décadas, teve a distinta lata de franzir o meu próprio rosto e, como que por magia, da falsa, claro (!), repetiu-me que "já era tarde", inclusive para mim, aquele que prometi vir a ser.

Como é que o fiz pagar por tamanha ousadia, por tamanha falsidade? Ainda não o fiz, mas certamente que o farei um ano destes, naquela outra altura em que o meu relógio se chatear de vez e me disser as horas certas, e não as combinadas... com aquele estranho que raramente cumprimento e que se dá pelo título de espelho.

Francisco Moreira

2 comentários:

paulofski disse...

Estaria o teu espelho baço? É que a acreditar nos cabelos brancos que ostentas...!

FM disse...

Muito provavelmente...
Abraço.

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