quarta-feira, 7 de julho de 2010

"Morre num Minuto"

Um dia destes, e muito provavelmente sem contares ou desejares, irás partir, sim, irás morrer. Perdoa se te choco, se te escrevo aquilo que já sabes mas que, todos os dias, evitas, romanceando o "quando tiver que ser será, mas ainda tenho tempo", como se o tempo fosse controlado por ti, como se o tempo fosse uma agenda que trocas a cada 31 de Dezembro.
Um dia destes, já o sabes, irás morrer, e contigo morrerá uma quantidade imensa de ligações, de ideias e ideais, de gestos por cumprir, de missões nunca iniciadas, morrerão contigo inúmeros sentires, alguns deles fechados a "sete chaves" no baú dos segredos, por mais banais que pareçam ao comum dos vivos, ainda não mortos, mas mortais.
Com isto, acredita, não quero que penses na morte, na tua morte, ou na dos que te são queridos.
Com isto, e por favor acredita, quero apenas que penses naquilo que não alterarás nunca, mesmo prometendo, mesmo dizendo que o tentas "quase" todos os dias. Quero que penses em ti, em ti na relação contigo, em ti na relação com os outros, inclusive com os estranhos, aqueles a quem não dizes "Olá" porque simplesmente não conheces, ou preferes não conhecer. Afinal, mais tarde ou mais cedo, todos eles irão morrer e isso passar-te-á despercebido, não é?!
Mas para que esta "corda", a do pensamento, não fique ainda mais esticada, provocando-te um eventual sufoco indigesto por antecipação, recomendo que, se tiveres um pouquinho de vontade, pares 1 minuto, apenas 1 minuto, para pensares naquilo que já pensaste inúmeras vezes ao longo de toda a tua existência: - E se morreres daqui a pouco, o que deixaste de fazer que deverias ter feito, em ti e nos outros?
Vá, aproveita, já passou o tal minuto e tu ainda estás vivo, só ainda não te deste ao trabalho de agir, antes que a morte te surpreenda, ao jeito de desculpa, a tua.

Francisco Moreira

(entendam que não estou triste, apenas decidi provocar-vos um pensamento, como tantos outros que aqui trago, que não deve ser descurado, já que a morte, como sabemos, faz parte da vida, embora em cápsulas que, se víssemos bem, permitem-nos continuar o tratamento, embora com uma surpresa a que chamamos tempo, sem sabermos o que é)

4 comentários:

Hélder Ferrão disse...

Meu caro Francisco, gosto de te ver, ou melhor, de ter ler assim especialmente inspirado. Embora este teu pensamento seja tão apetecivel de esmiuçar, vou apenas dizer-te que ele, pelo menos para mim, está completo na sua essência, completo na mensagem que ele pretende transmitir. É sem dúvida uma mensagem importante, digna de ser pensada e sentida todos os dias, porque dessa forma, se a tivessemos sempre presente á "espreita", muito poderiamos mudar nas nossas vidas...
Parabéns pelo texto, porventura um dos teus melhores.
Grande Abraço

FM disse...

Olá Hélder!
Obrigado pelo Carinho das tuas palavras. Sinto-me feliz por ter conseguido expressar o que penso. É sinal que funcionou.
Por vezes, consegue-se! (sorrisos)
Abraço.

Ricardo disse...

Lembras-te de um senhor chamado Agostinho da Silva que há uns anos tinha um programa na RTP2? (Curioso como desde sempre tudo que é cultura em Portugal era remetido para um canal secundário)
Bem... uma das frases que me lembro e que sempre me marcou foi uma que teve num programa em que se falou precisamente de morte:
Dizia ele quando a entrevistadora afirmou que toda a gente morria.
"ó minha senhora, lá porque toda a gente morreu, não quer dizer que toda a gente tenha de morrer. Pode a senhora garantir que toda a gente vai morrer?"

FM disse...

Pois, Ricardo. Um bom exemplo, sem dúvida, mas, para isso, é preciso viver-se mais e melhor, ou não?!
Um Abraço, dos bem vivos.

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