quinta-feira, 22 de abril de 2010

AVC

Nesta azafama a que chamamos dia-a-dia, por vezes, dou comigo a pensar nas diferenças entre o meu tempo e o tempo dos meus avós, recuando umas valentes décadas, para aquela altura em que ter luz era um luxo digno apenas dos mais abastados e, claro, excêntricos.
Como conseguiríamos nós sobreviver sem ter um colapso cardíaco sem recurso às modernices dos tempos de hoje, tais como: televisão, telefone, casa-de-banho, computador, automóvel, transportes públicos, máquinas fotográficas digitais, cartões de crédito, hipermercados, cinema e por aí fora?
Sim, imaginemos que, de repente, e sem sermos avisados, seríamos colocados a viver numa casa sem aquecimento central, com 2 assoalhadas partilhadas com mais pessoas, na qual o frigorífico dava lugar a uma arca com pão para um mês, a placa eléctrica transformava-se em fogão a lenha e as portas eram cortinas, aquelas que "escondiam" os colchões de palha estrategicamente colocados num chão de terra. Isto, claro, sem esquecer a partilha do espaço com a passagem rotineira de galinhas e coelhos, porque, afinal, também viviam connosco, até irem parar ao prato. E para não me alongar em exemplos, imaginemos que éramos colocados num tempo em que não havia nada para fazer, além de olhar para as estrelas, ouvir as cigarras enquanto se fumava um "Kentucky" e, lá teria que ser, ir dormir e sonhar com dia em que o café do centro da vila estaría à porta de casa... Isto até se fazer um novo dia, ou melhor, até o galo interpretar as notas de despertador que jamais voltaríamos a ter dentro de um telemóvel.
Bem, lá teríamos que nos "arranjar" e falar do jogo de futebol da equipa lá da terra, disputado há 5 dias, da Juliana que iria casar com o António que conhecia desde criança, porque eram os únicos daquela idade naquela rua e, com sorte, ainda teríamos semana de conversa acerca da viagem que a Manuela fez à cidade há 4 anos atrás e de onde trouxe uma novidade: agulhas de "crochet" tão leves como plumas.
É, já nos estou a ver a desesperar por um SMS, a ressacar por uma "Frize Limão" ou a imaginar o que escreveria "A Bola" do dia sobre o Glorioso, sem esquecer, claro, aquela jamais desperdiçada ida ao cinema para ver o "Avatar" em 3D.
Na verdade, acredito que, ao fim de 5 dias, a muito custo, lá nos habituaríamos, mas, no entretanto - acredito ainda mais, teríamos fortes hipóteses de ter um AVC, aquele que, no fundo, seria o único "mal" que acabaríamos por transportar dos nossos dias para os dias do antigamente.
Irónico, não?!
Francisco Moreira

6 comentários:

Olá!! disse...

Lindo o teu blog. :)
Pois é meu amigo, no tempo em que não havia electricidade, em que viajar demorava bem mais do que actualmente, naquele tempo em que se escreviam cartas,... pois é, nesse tempo conviviamos mais, havia mais tempo, viviamos melhor,... acho que me ia adaptar bem a uma boa converseta à volta da lareira, a comer um belo de um cozido feito na panela de 3 pernas ;))). Por falar em 3, beijos para os 3 que espero estejam super-bem

FM disse...

Que BOM ver-te por cá! Que saudades de vos ver e ouvir, de vos ler... Estás bem?
Beijos com Carinho, do verdadeiro.
Abraço ao Rapaz, felicidades para todos.

bisturi disse...

HELLO!!!
Quem é vivo sempre aparece!!!
Abraço para os dois...
QUanto a ti espero não ter interrompido o teu momento Zen na catedral WC !!!! ehehehehehh

FM disse...

(risos)
Claro que não, é preciso mais do que um Bisturi, salvo seja! (gargalhadas)
Abraço.

Hélder Ferrão disse...

Acho que até era capaz de viver assim durante uns bons tempos! Aí uns.... dois diazitos, era tranquilo... Mais do que isso era um atentado á minha sanidade mental! Estou a brincar (risos). Por acaso até sou adepto do "isolamento", mas em doses "terapeuticas", entenda-se. (risos)
Parabéns pelo texto
Abraço, Francisco

Nuno Graça disse...

Olá Francisco...
Sinceramente, às vezes dou-me a sonhar com esse tipo de vida. Sem grandes compromissos, consumismos, idealismos, etc. Penso que seria mais feliz assim. No fundo, todos os anos em (infelizmente) Agosto, é o que procuro! Não ter compromissos com as horas, com o trabalho, com o programa de TV, com os emails e afins.
Penso que não iria sentir falta de coisas que não conheceria!
Enfim, vou voltar à realidade.
Abraço

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